sábado, 27 de maio de 2023

RENAULT WILLYS INTERLAGOS - E CADASTRO NACIONAL

Em fins de 1961 a Willys Overland do Brasil lançou o esportivo INTERLAGOS, cópia do Renault Alpine A108 com linhas semelhantes ao modelo A110 francês.


A produção nacional começou em 1962, numa pequena fábrica em Santo Amaro/SP, mas a montadora logo transferiu a linha de produção para a filial em São Bernardo do Campo/SP.

O compacto "encapetado" media apenas 3,78 metros de comprimento, 1,45m de altura e apenas 2,10m de entre-eixos.

O motor – instalado na traseira – era o do Dauphine/Gordini (mas com capacidade volumétrica que podia ser de 845cm3, 904cm3 ou 998cm3), e potências de 40, 50, 56 ou 70 cavalos, respectivamente.

A carroceria era produzida em 3 versões: Berlineta, Conversível e Coupé.

Abaixo, a traseira do Berlineta, com vidro envolvente.


Abaixo, o raro e divertido Conversível.


E o terceiro e último modelo (mais raro): o Coupé.


Por ter uma suspensão mais baixa e uma carroceria com desenho diferente, a Berlineta era mais baixa que o Coupé e o Conversível. Além disso, tinha um pára-brisa maior e mais inclinado, e quebra-ventos diferentes. A Berlineta foi a única versão a usar o motor mais potente (70 cv).

As potências dos motores variavam, por conta da carburação (simples ou dupla) e também de acordo com as relações de compressão, entre 8:1 a 9,8:1 (esta, apenas com gasolina azul).

Graças à boa aerodinâmica e ao peso reduzido (535 Kg na Berlineta e 570 Kg no Coupé/Conversível, todos com pioneira carroceria em fibra-de-vidro), o modelo de competição podia atingir 160km/h, acelerando de 0 a 100  km/h em 14,1 segundos (consumo médio de 9 km/l).

Entrar e sair do carro com capota rígida era, na opinião de muitos, uma verdadeira "ginástica" e pessoas com mais de 1,80m não desfrutariam o melhor dos mundos na compacta cabine (por sorte, o brasileiro da década de 60 tinha um porte físico menos avantajado).


O cofre dianteiro do esportivo abrigava o estepe, ferramentas e bateria, sobrando pouco espaço para uma pequena mala (o tanque de combustível ficava localizado antes do eixo traseiro).


Em 1964 a carroceria foi reforçada e o sistema elétrico passou de 6 para 12 volts. Todos os modelos voltaram a usar o motor de 845cm3 e 53cv, o mesmo do Gordini 1093, mas com novo cabeçote, pistões, comando de válvula, tubagem e carburação dupla. Também foram adotadas novas calotas, volante menor e um corte no túnel de transmissão antes de a pedaleira permitia o “punta-tacco” (uso simultâneo do pé direto para acelerar e frear).

O Interlagos deixou de ser produzido em 1966, acumulando 822 unidades construídas.

PRODUÇÃO: 1962 = 218 unidades; 1963 = 138; 1964 = 209; 1965 = 149; 1966 = 108. 

NOTA:

A Willys se destacou em competições esportivas com o Gordini 1093 e o Interlagos. Durante a década de 60, a equipe oficial da fábrica (Equipe Willys de Competição) formou inúmeros pilotos de alta qualidade, como Bird Clemente, Luís Greco (depois chefe da equipe), Wilson Fittipaldi Jr., Emerson Fittipaldi, Luiz Pereira Bueno e outros. Esses pilotos conseguiram inúmeras vitórias em todos os circuitos do Brasil, mesmo diante da pouca potência dos carrinhos.

Um novo Interlagos, com motor 1300 Renault chegou a ser preparado, mas a Ford abortou o projeto.

CADASTRO DE INTERLAGOS

Placas (cinzas, pretas ou Mercosul):  AAA 0091 – ACC 9021 - ACC 9274 - ADB 0595 – AKO 7760 - ANO 1963 - ANS 0066 - ANY 5633 - AWI 0064 – AWI 1964 - AWY 1964 – BBB 0091 – BEW 1964 - BFI 1966 - BGC 4427 – BGK2394 - BGR 1965 - BHH 8264/BHH8C64 - BIE 9422 – BMC 7917 - BPC 1966 - BPM 1966 - BPN 7387 - BQJ 1964 – BQS1964 – BRK 0752 - BSS 4343 – CAM 1966 - CHN 1962 – CJS1964 - CLX 5355 - CMC 1964 – CNA1290 - CNN 0190 – COT 4208 - CPR 1962 – CQI 4464 - CQK 1963  - CRC1966 - CRR 1966 – CSM 1964 - CVZ 1965 - CXI 1680 – CYG 4605 - CYQ0024 - DDG 7160 - DDJ 1965 - DDQ 0792 - DEE 1966 – DEJ 7266 - DFO 1965 – DHF 0063 – DIX 1291 - DLL 1965 - DQN 1965 – DRA5A94 - DRD 1965 – DUB 1963 – DXV 1963 - DXV 1966 - DWI 1962 – DWI 1964 - DWI 1965 - DXV 1966 - DYY 1965 – EEG 3518 - EGO 1966 – EJI 4719 – EJU 1964 - EMK 1966 – ENT 1964 - ETW 1962 – EVE 1964 - EWI 1965 – EWY1966 – FAJ1J64 - FDS 0110 – FGG1962 - FJZ 1977 - FNX 1966 – FRE 1964/FRE1J64 – FXQ 1963 – GBG 1964 - GGC 1964 - GKR 1965 – GLT 0734/GLT0H34 - GPG 7640 - GQS 2335 - GSK 0642 – GSP 1964 -  GUL 0797 – HAG 1964 - HAL 1964 – HCC 0282 -  IDL 0681 -  IJF 2287 – ILA 6576 - ILJ 1962 - ILJ 2044 – INF 7750 - INT 1965 - INW 1962 – INY 5633 – ISA 1963 - ISS 1965 - JEC 8463 - JFE 9506 - JFG 5501 – JFG 6607 - JFN 5183 - JFP 8158 - JGC 1964 – JGC 1966 - JGP 8334 – JHC 0064 - JIB 1964 - JJB 1963 – JJP 1963 – JNE 8226 - KEI 5958 – KFL 8432 - KOE 5597/KOE5F97 - KPR 1247 - KSC 6811 - KSH 9069 – KSY3563 - KTL 1963 – KTW 3194 - KUU 6998 - LDE 2601 - LDN 8195 – LDT 3580 - LDU 1580 – LDU 8190 – LDX 0273 - LFW 7755 - LFY 4444 – LEE 4614 – LFR 4848 - LGR 7373 - LGT 4749 – LHO 3751 - LIH 8756 – LIZ 5306/LIZ5D06 - LJS 2079 - MRD 0028 – MVD 6530 – PAW 1965 - PAR 1966/PAR1J66 – PBF 1964 - PXO 1963 – PXS 4146

Total: 152

Última atualização em 2 de fevereiro de 2024

sexta-feira, 5 de maio de 2023

AERO WILLYS - (1960 A 1962) - E CADASTRO NACIONAL

Aero Willys brasileiro - 1ª geração com linhas arredondadas

Em 1960 – um ano após o lançamento do sedan compacto Dauphine (produzido sob licença da Renault) – a Willys Overlando do Brasil lançou por aqui o AERO, um elegante sedan de 4 portas e tamanho médio-grande (nos EUA era considerado compacto).

Aqui ele quase recebeu o nome “BRASÍLIA”, mas quem acabou adotando esse nome foi a Volkswagen, no modelo hatch de 1973 - e que foi um sucesso de vendas.

Os modelos 1960 e 1961 tinham discretas pestanas nas molduras cromadas dos faróis (esse detalhe ficou mais acentuado no modelo 1963).


Também havia um grosso friso cromado no centro da tampa do motor, com um ornamento em acrílico na extremidade (confira acima)- detalhe já fora de moda, mas ainda assim interessante no início de década de 60. Não custa lembrar aos leitores que a "nossa" indústria automobilística mal engatinhava...

Abaixo, detalhe da nada discreta fechadura da tampa do porta-malas, com grossa moldura cromada. O o friso cromado que percorria a lateral do carro tinha formato de "Z", dividindo a pintura da carroceria em duas cores no velho estilo "saia-e-blusa".


As rodas não tinham janelas de ventilação e as calotas eram enormes, mas com desenho simples.

O Aero foi apresentado ao público brasileiro em 25 de março de 1960, com 60% das peças produzidas pela matriz norte-americana.

Curiosamente, suas linhas arredondadas o assemelhavam ao Dauphine (projeto da Renault), mas ele derivava do modelo norteamericano Wing, com detalhes do modelo Custom - como a imensa grade cromada do motor, além de lanternas e frisos. Por isso ficou conhecido como “Aero-bolha”.

A frente se destacava pela grossa grade cromada e a traseira tinha para-lamas com discreto rabo de peixe.

As lanternas tinham grossa moldura cromada e na parte inferior havia uma lente incolor sugerindo a luz de ré, mas ele não oferecia esse recurso.

O porta-malas era amplo (460 litros), mas o estepe posicionado na vertical, no canto direito, roubava precioso espaço das bagagens.


O espaço interno era generoso, podendo acomodar até 6 pessoas com conforto.

Os bancos, com assentos altos, eram autênticos sofás, e ofereciam boa visibilidade para o motorista, que tinha à frente um volante cujas generosas dimensões “amenizavam” o peso da direção.


Um detalhe interessante: os quebra-ventos das porta traseiras se abriam, para melhorar a ventilação interna. Confira abaixo:


O painel, todo metálico, era pintado e tinha apenas um instrumento (redondo) à frente do motorista. Ele agrupava velocímetro, termômetro do painel e marcador do nível de combustível, além do hodômetro e das luzes indicadoras do óleo e bateria.


O câmbio tinha a alavanca fixada na coluna e engatava apenas 3 marchas para a frente (1ª marcha não sincronizada) mais a ré.

O sedan pesava 1.440kg e usava o mesmo conjunto mecânico do Jipe Universal (motor de 6 cilindros em linha, de 2.638cm3, que desenvolvia 90 cavalos).

A velocidade máxima alcançava modestos 120 km/h, indo de 0 a 100km/h em 17,8 segundos. O consumo médio de 7 km/l - marca até boa para a época. Afinal, o Aero nada mais era que um “jipe de gravata”...

Mas nem tudo eram flores: a embreagem trepidava e os freios eram duros, sujeitos a falhas e com trajetória errática.

As suspensões eram firmes, mas o carro era instável.

Comparado ao Simca Chambord, a primeira fornada do Aero era muito simplória, mas a fábrica trabalhou ligeiro para torná-lo um sedan cada vez melhor, além de confiável.

Consta que em 1960 os engenheiros da Willys começaram a esboçar uma versão perua (que nunca existiu nos Estados Unidos), e que aqui se chamaria “CACIQUE”. O plano foi abandonado.

Em 1961 apenas novas cores foram acrescentadas ao catálogo.


No fim daquele ano foi lançada a linha 1962 que recebeu importantes mudanças que modernizaram bastante o conjunto, sem no entanto descaracterizá-lo. Deixou de ser oferecida a opção da pintura em dois tons (saia-e-blusa) e novas cores foram introduzidas. Além disso, o sedã ganhou novas rodas com janelas para ventilação, novo friso de proteção lateral (agora reto), nova fechadura na tampa do porta-malas (mais discreta), novas calotas (menores e mais elegantes), outra lente na luz de ré e novos detalhes interiores e exteriores.


O capô do motor ficou mais "limpo" sem o friso cromado e o ornamento acrílico.

As discretas pestanas das molduras cromadas dos faróis também sumiram.

O banco traseiro teve o assento rebaixado, de forma a aumentar o espaço livre para a cabeça dos ocupantes (esse problema seria resolvido de forma mais satisfatória no modelo 1963, que tinha teto "retangular" e nova carroceria).

O painel de instrumentos ganhou forro almofadado e um cinzeiro no alto.

Mecanicamente, a linha 62 incorporou novos freios “duo-servo” nas 4 rodas. Também foram efetuadas alterações no sistema de escapamento e no freio-de-mão.

Para fechar o ano com chave-de-ouro o índice de nacionalização atingiu 100%  - um recorde para aqueles tempos e a prova de que a Willys Overland do Brasil não estava para brincadeira. A renovada linha 1963 estreou em Paris. 

CADASTRO NACIONAL

Placas cinzas, pretas ou MercosulAAP 9010 – ABV 0754 - ACF 3961 - ACO 1965 – ADN 1589 – AEB 0282 - AEG 1961 – AEH3401/AEH3E01 - AER0062 - AER 1611 – AES 0661 - AEW 1961- AGW 1961 - AHH 3217 - AIS 1961 - AIT 5683 - AMY 0472 - ANO 1961 – BAH 1960 - BCF 1961 – BJQ 8660 - BKN 6501 - BPG 4251 - BSU 9340 – BTD 3549 - BUK 3326 – BUZ1J62 - BVX 7462 – CAX 7230 – CHJ6575 – CNB 4741 - CNG 1962 – COC 1962 - CQA 2913 – CRD 1961 - CRR 6662 – CRU 1962 – CSS 3259 - CTI 1962/CTI1J62 – CVZ 1961 - CWE 4804 - CXE 1660 - CXN 1962 - CYZ 1961 – CZV 3945 - DAL 1961 - DAZ 1960 - DAZ 8562 – DBE 0090 – DDF1903 - DEE 1962 – DEH 7990 – DHH 1841 - DMP 5708 – DPG1962 – DUF 1961 - DUZ 1962 – EEN 1962 – ERD 1961 - FHT 1962 - FZD 1961 – GCF 1961 - GNV 3155 - GKY 3188 – GLA 5104 - GLH 1962 - GLX 1962 – GNI 8900 - GNT 1962 – GPG 4444 - GPJ 1055 - GRG 6982 - GTA 5031 – GTR 2237 - GUV 9495 – GWM 5293 - GWO 7748 – GXC 1579 - GXG 2285 – GXJ 8650 – HDX 1960 - HDY 1960 - HIG 6937 - HOT 0296 - HSP 1962 - ICM 4838 – ICO 1960 – IDX 6126 – IDY 9016 - IEJ8993 - IEK4102 – IFC 0575 - IFT 1849 – IGR 2924 - IHL 5319 - IHL 5388 - IHS 1970 – III 8736 - IIW 8141 - IIY 9692 - IJA 2940 - IJC 0988 - IJM 2657 – IJR 1385 - IKN2453 - ILO 1115 – INI 7517 - IOT 1961 – IUJ 7423 – IUU 4067 - IWO 1962 - JAL 1961 – JCO1960 - JEI 0003 – JTP 5388 - KGH 7328 – KLV 1960 - KLV 1963 - KSK 0151 - KSQ 0105 – KSS 2911 - KSW 8891 – KTB 9572 - KTG 0669 – LDC 3043 - LDJ 8572 – LDK9419 - LDL 5255 – LDO 5802 – LDW 5580 - LHY 9516 - LIC 9524 - LJE 7554 - LJO 9839 – LQL 5060 - LVK 5687 - LXK 9593 - LXS 7017 – LYL 1950 – LZE 7235 - LZI 2699 - LZP 5588 - LZQ 8486 - LZS 1960 - MAR 1962 - MAW 1962 - MAZ 4624 - MCV 1560 – MUT 7358 - MZA 1962 - NFQ 6637 - NID 1962 – PUJ 0498.

Total = 153 exemplares

Última atualização em 18 de abril de 2024. 

Álbum de fotos aqui: http://www.pinterest.com/aeferreira/aero-willys-1960-1962/