sábado, 23 de janeiro de 2021

ALFA ROMEO 2300 - HISTÓRIA E CADASTRO NACIONAL

Desde 1968 a Fábrica Nacional de Motores – FNM estava sob o comando da própria Alfa Romeo, que somente 6 anos mais tarde lançaria um projeto inteiramente novo para substituir o envelhecido FNM 2150 – que era basicamente o mesmo carro desde 1960.

Em relação aos carrões de origem americana da época, o JK era um esportivo oferecido como carro de luxo, mas custava muito caro e a concorrência já era bem grande e diversificada (Dodge Dart, Galaxie, Opala 6 cilindros e em breve o Maverick). Assim, em 1972 o FNM 2150 teve sua produção paralisada e o substituto que viria da Itália (com linhas inspiradas no modelo Alfetta Berlina) era um projeto exclusivo para o Brasil.

Em março de 1974 – coincidindo com a crise internacional do petróleo – estreou o Alfa Romeo 2300

Era um sedan de 4 portas, com linhas sóbrias e elegantes e alma esportiva. A frente baixa tinha grade preta com o tradicional cuore ao centro e os 4 faróis circulares (marca registrada da Alfa, que estreou no modelo Sprint 2000) acendiam simultaneamente com o facho baixo. Os para-choques eram cromados e tinham um borrachão preto em sua extensão.

As laterais tinham desenho simples e traseira alta. Com 4,69m de comprimento, 1,69m de largura e 1,46m de altura (entre-eixos = 2,73m), esbanjava espaço interno e no porta-malas.

O motor de 2.310 cm3 e 4 cilindros (com cabeçote em alumínio) era uma "evolução" do motor do Alfa 2150 brasileiro e agora rendia 140 cv e deslocava com desenvoltura os 1.400 Kg do carro. 

Ia de 0 a 100 Km/h em 11,7s e alcançava a velocidade máxima de 170 Km/h. Em favor da segurança, o capô do motor abria no sentido do para-brisa para a frente. A mecânica foi incrementada com válvulas de escapamento refrigeradas à sódio, freios a disco nas 4 rodas, câmaras de combustão hemisféricas e eixo de manivelas apoiado em 5 mancais.


O painel de instrumentos era completo, com mostradores redondos, as tradicionais luzes-espia e um volante (de alumínio) com acabamento em madeira. Outra exclusividade do modelo eram os cintos de segurança de 3 pontos, inclusive para os passageiros do banco de trás. 
O 2300 vinha bem completo de fábrica e oferecia poucos opcionais, como ar condicionado, vidros verdes e console central (com rádio e relógio analógico). 
Diferente dos principais concorrentes, o Alfa tinha bancos individuais reclináveis com acabamento em courvin. Quando a cor da carroceria era num tom mais escuro, o estofamento era em tom creme; do contrário, o interior era na cor preta. 
Cinco pessoas desfrutavam de ótimo espaço e o porta-malas tinha capacidade para nada menos que 600 litros. A traseira alta foi alvo de críticas dos “especialistas” da época porque os carros tinham traseiras baixas... mas em alguns anos o design evoluiria para carros com traseiras altas – e foi o que ocorreu quando do lançamento do VW Santana e do Chevrolet Monza Sedan... 
Nos primeiros anos de produção o 2300 foi oferecido em versão única.

De 1974 a 1986, sutis alterações de estilo na dianteira  e na traseira.

Abaixo, os diferentes painéis de instrumentos utilizados:

A proibição total de importação de automóveis se deu em 1976 e no Salão do Automóvel daquele ano o modelo 1977 foi mostrado em 2 versões: a “B” (mais simples) e a topo de linha TI (turismo internacional) – esta com aprimoramentos mecânicos para mais performance.

A versão “B” tinha carburador único de corpo duplo e ganhou 1cv de potência (passou a 141 cv), enquanto a TI – graças aos 2 carburadores italianos Solex 40 ADDHE 12 – rendia nada menos que 149 cv. Seu desempenho permitia enfrentar pesos-pesados como o Dodge Charger RT e Maverick GT – ambos com motor V8, e também o Opala 6 cilindros, mas vencia os oponentes num item nada desprezível naqueles tempos, que era o consumo menor (seu motor era 4 cilindros). A velocidade máxima era de 175 Km/h e aceleração 0-100Km/h requeria apenas 10,8 segundos, com segurança. Um desempenho respeitável até para os padrões atuais, visto que se tratava de um carro pesado (1.400 Kg). Com um tanque com capacidade para 100 litros de gasolina e consumo médio de 9,8 Km/l à velocidade constante de 80 Km/h, a autonomia do “B” podia alcançar os 1.000 Km! O painel era novo e ainda mais completo, no formato retangular. Os acabamentos internos receberam tecidos nobres e os bancos ficaram ainda mais confortáveis. As duas versões ganharam novas maçanetas (embutidas e aerodinâmicas), novos para-choques (envolventes) e um exclusivo volante com regulagem de altura.

O "TI" tinha para-choques pintados em preto fosco, com lanternas dianteiras embutidas, e 2 frisos na grade dianteira. Nas colunas traseiras ostentava o trevo de 4 folhas (quadrifoglio), símbolo adotado apenas nos carros “top” da Alfa Romeo. Só ele oferecia exclusivas saídas de ar no console, voltada para os passageiros do banco de trás.

Em 1978 surgiu uma versão destinada à exportação, a “Alfa 2300 Rio” (FOTO ACIMA) cujo motor tinha maior taxa de compressão (a gasolina europeia tinha octanagem superior à da brasileira) e com isso a potência saltava para 160 cv. Esse carro seria vendido na Alemanha mas problemas na exportação paralisaram sua produção e poucos modelos foram vendidos no exterior. Nesse mesmo ano a Alfa Romeo cedeu o controle da fábrica para a Fiat, que prosseguiu montando o 2300. Aos poucos a linha de produção do carro saiu de Xerém/RJ para Betim/MG, onde com instalações mais modernas foi possível corrigir alguns defeitos do modelo, melhorando o isolamento acústico e a proteção contra corrosão.

Em 1980 o sedan passou a ser denominado Alfa TI-4 e a versão B passou a se chamar SL (Super Luxo). Os modelos ganharam direção hidráulica progressiva de série, o que proporcionava maior segurança e conforto.

Em 1981 os Alfa passam a utilizar o mesmo diferencial – e eixo traseiro – usados na linha Chevrolet Opala.

Em 1982 a versão SL deixou de ser produzida, e para o seu lugar foi desenvolvida a versão “Álcool TI”. Ambas as versões passaram a usar ignição transistorizada, e receberam um novo cabeçote, com maior taxa de compressão (de 7,6 para 7,9). 

O Dodge Dart/Charger e o Maverick não eram mais seus concorrentes, mas o Ford Del Rey (lançado em 1981, com 2 e 4 portas), se mostrou um rival perigoso.

Em 1983, quando o Landau saiu de linha, o 2300 virou referência em carro nacional de luxo, e mais abaixo seguia o Opala Diplomata. A Fiat sofisticou ainda mais o seu carrão e nele incorporou itens de prestígio pouco presentes em carros nacionais, como vidros com acionamento elétrico nas 4 portas, trava central elétrica comandada pelas portas dianteiras, retrovisores elétricos com comandos localizados na porta do motorista, porta-malas e bocal de abastecimento com comando elétrico de abertura, relógio digital de horas no teto e iluminação com temporizador. A versão Ti ganhou novas rodas de liga-leve. Com isso seu preço foi às nuvens e ele se tornou o carro de série mais caro do Brasil – para comparar, ele custava o equivalente a 5 Fuscas ou 2 Opalas Comodoro “0 Km”! A produção despencou para pouco mais de 700 unidades, em 1983.

Em 1984 começaram os boatos de que o modelo estava chegando ao fim da vida e o consumidor passou a migrar para o Opala e o Del Rey, mas a Fiat realizou um último face lift no modelo 1985, que chegou com novos pára-choques, mais envolventes e com polainas de plástico, nova grade dianteira com perfis horizontais que embutiam os faróis, novo cuore e emblema maior. As rodas foram novamente redesenhadas e ficaram mais bonitas. Atrás, novas lanternas traseiras (maiores, mas com desenho pouco inspirado) e 5 novas cores da carroceria: preto Etna (sólida) e  marrom veneto, azul itapoã, verde saquarema e cinza argento (metálicas). Novas forrações dos bancos e um novo volante completavam as mudanças, que dividiram as opiniões. Para complicar, o mercado havia recebido um novo carro de luxo, o VW Santana CD, que se revelou um sucesso.

Assim, no último ano de produção (1986) as mudanças se limitaram a novas padronagens e desenhos dos bancos e as vendas encolheram para míseras 260 unidades. Em novembro a produção foi paralisada, mas como de praxe algumas unidades remanescentes foram vendidas posteriormente, gerando o mito de que o modelo 1987 teria sido produzido. Ao todo foram produzidas 29.954 unidades.

A marca Alfa Romeo só reapareceria no mercado em 1990 (com o modelo 164), em decorrência da abertura das importações.

CADASTRO DE ALFA ROMEO 2300

Placas cinza, pretas ou mercosulABO3296 – ACV8872 – ADR1253 – AFV3315 - AGO0527 – AHG0220 – AHW6886 – AIB0066 – AID5475 – AIN7020 - AIV3033 – AJF9083 – ALC1077 - AOD1974 - ARA1974 - BFO4306 – BGD2343 - BGO2343 – BHA7583 - BIM0739 – BIX1313 – BJJ5703 – BMK5501 – BPZ9360 – BQQ4476 - BRD1984 – BRI7355 – BSG1177 – BTP5302 - BUZ2720 – BVC7694 - BWM0332/BWM0D32 - BZI7592 – BZN8338 – CAO4035 - CAR5538 - CCP5830 – CDR2265 - CEF1881 – CEI9746/CEI9H46 - CGA6994 – CGF4229 – CGI1E85 - CHR6081 – CHY3148 – CIL3569 - CIT0243 – CJE9C63 - CQF9016- CLF3909 – CLF9092 – CLR7436 – CLX2181 – CMA9635 - CNN0526 – CIQ4374 - CNP3769 - CNT9286 – COE1985 – COF1986 – COO2J79 - COR2265 – COZ1733 - CPB6480 -  CPH1915 – CQJ3725 – CQK2969 - CRM1345 - CRP7307- CRP7629 – CRR0380 – CRS7411 - CRV1982 - CRV2885 – CSC0670 – CSL1571 - CSM6431 – CSP2457 - CTD1853 - CTD7292 – CTR9500 – CTS0389 – CVD6961- CWH7035 - CWX8938 – CXI3886 – CXI3886 – CXT2481- CXT4291 - CXZ8777 – CYI0E42 - CYV2384 - CYY5597 - CYY8552 – CZP5299 - DAM1000 - DBH4819 – DFQ7896 – DFY8889 - DGI9282 - DHK4097 – DIZ1986 – DMA1000 - DME1981 – DPZ4786 - DRN0658 - EPV0003 – EXT2300 – FDM8179 - FET1980 – FNM0001 - GDE2300 – GGC1982 - GKL4579 - GKQ3266 - GKZ8673 – GLX6466 - GMI6363 - GND5693 – GNO3836- GNO5963 - GOX2767 – GPC9731 - GPJ3540 – GPM2072 – GSD8970- GSF4300 - GSY0020 – GTI2747 – GTT9865 – GUB7223 - GUP0928 - GVG6000 - GVP1983 – GVS1975 – GWJ4932 - GWL0247 – GWL3H54 - GWM9484 – GWO5069 - GWQ2099 - GXK0986 - GXK7979 – GXP5028 - GYG7072 - HDK1979 – IAZ8047 - IBL8216 – IBN8365 – IBS4704 – IBS4706 - IBZ8700/IBZ8G00 - ICG4816 – ICI1273 - ICW0175 - ICX6976 – IDJ4977 – IEN6033 - IEO5103 – IEV7966 – IFF5423 - IFP8517 – IFQ5434 – IFQ9296 – IFR1127 - IHE9074 – IHE9516 – IHF3551 - IHI5420 - IHI5512 – IHP0124 - IHX1318 – IIC3015 – IID4424 - IIJ2762 – IIJ5945 – IIL9780 - IIN9603 – IIQ2417 – IIQ2560 - IJA3617 - IJF0874 - IJG1988 – IJQ9320 - JET2300 - JEX7492 – JFF5304 – JFT5728 - JIT6767 - JJK1974 – JWR2933 – KBF4492 – KFH5700 - KHU2222 – KSD8323 – KSJ3409 - KTF 9408 - KTL1788 – KTN7555 – KTT2098 - KTV9347 – KUJ5235 - KUS2329 – LDE8468 - LFH4477 – LGA2470 - LGP4440 - LHA9368 – LHF1752 – LHG5935 – LHI1012 - LIZ3599 – LXO6154 – LZW5551 - MAE1965 – MAG8591 - MAO3457 – MBI1627 – MEL1986 - MUK1147 – NIV9428 - OPZ4786 – PBR1977 - PIW1981.

Total: 224 exemplares

Última atualização em 20 de agosto de 2023

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

SIMCAS PERSONALIZADOS - PARTE 3

 Até hoje, sessenta anos depois de seu lançamento no Brasil, o Simca Chambord é considerado um carro glamoroso (atraente, bonito), em que pese ter começado com o pé esquerdo. Quando o modelo veio para o Brasil, já era considerado obsoleto no seu país de origem (França). Os norte-americanos o rejeitaram por ser "pequeno demais", e o velho motor Aquilon não fornecia a potência mínima desejável. Em compensação, a suspensão era elogiada, mas não se destacava diante das respostas lentas do vetusto motor. A parte elétrica era um pesadelo e havia diversas falhas imperdoáveis para um carro tão luxuoso e caro. 

Com o tempo o sedan ganhou motores mais potentes (Tufão e Emisul) e o desempenho melhorou substancialmente. A linha 1967 mostrou os derradeiros CHAMBORD e JANGADA, e foram lançadas duas outras versões, derivadas do Chambord: o ESPLANADA e o REGENTE (versão simplificada do Esplanada). A linha 1968 ganharia uma terceira e interessante versão: o esportivo GTX, com câmbio de 4 marchas no assoalho, bancos dianteiros separados, rodas esportivas etc.

O Chambord (e também o Esplanada/Regente/GTX) só foram oferecidos, no Brasil, na comportada versão sedan 4 portas. Como seriam as versões picape, limousine ou hot?

As partes 1 e 2 da série "SIMCAS PERSONALIZADOS" você confere abaixo:

 https://carrosnacionaisantigos.blogspot.com/2017/08/simcas-personalizados.html

 https://carrosnacionaisantigos.blogspot.com/2018/10/simcas-personalizados-parte-2.html

Esta terceira coletânea começa pelas picapes:


Em seguida, uma elegante Limousine Chambord e outra Limousine, derivada do Esplanada:



Que tal, alguns Simca Chambord hot?





Para finalizar, dois Simca Chambord com lanternas traseiras transplantadas do modelo Aero Willys 1960/1962: