sábado, 22 de agosto de 2020

FIAT OGGI CS 1.3 E CSS 1.4 - 1983 A 1985

Em 1983, a linha Fiat 147 era composta pelo hatch 147, sua versão perua (Panorama), mais a picape (City, compacta, e Fiorino, mais comprida) e o furgão (Fiorino). 

Nesse ano a Fiat rebaixou a frente dos modelos dando origem à linha Spazio. 

No mesmo ano surgiu o último membro da família: um sedan, batizado de Oggi (“hoje”, em italiano).

Abaixo, algumas propagandas de 1983 - ano do lançamento do Oggi



 (inicialmente, o friso protetor lateral era estreito)

ABAIXO, TESTE DA REVISTA 4 RODAS


 

Seus rivais diretos eram o recém-lançado VW Voyage (surgiu em 1982, derivado do Gol) e o veterano Chevrolet Chevette – líder em vendas (lançado em 1973, mas reestilizado em 1983 para ficar semelhante a Monza).

A metade dianteira do Oggi era igual à da perua Panorama (de quem aproveitava a plataforma), mas a coluna “C” era estreita e bem vertical. 

A traseira, saliente, tinha uma tampa do porta-malas bem quadrada e um friso de borracha (na cor preta) na base que dava um aspecto meio pesado ao painel traseiro. 

As lanternas traseiras, por sua vez, eram bonitas, retangulares e avançavam nas laterais.

Na lateral, destoava a emenda na chapa do para-lama traseiro (que era o mesmo da perua Panorama, com "enxerto").

Infelizmente o sedanzinho nunca ofereceu o conforto e a praticidade das 4 portas – mas na época o brasileiro preferia carros com 2 portas, mesmo sendo um sedan. 

Em nome da segurança havia repetidor de pisca no para-lama dianteiro.

A mecânica desta versão de lançamento, denominada CS, era a mesma do hatch Spazio (1.3 a gasolina, com 61 cv brutos, ou 1.3 a álcool, com 62 cv brutos) e inovava por oferecer o sistema “cut-off”, que cortava o fornecimento de combustível quando o acelerador não era pressionado, o que ajudava a conter o consumo. O carro ia de 0 a 100 Km/h em 18 segundos e a velocidade máxima era de 147 Km/h. O consumo médio era de 8,4 Km/l na cidade e de 12,5 Km/l na estrada – com álcool.

Outra novidade era a válvula “Thermac” nas versões a álcool (posteriormente estendida para a gasolina), encarregada de levar ar aquecido pelo coletor de escapamento para o motor durante a fase de aquecimento. A ignição eletrônica era oferecida como opcional.

A direção mecânica era relativamente leve, a embreagem macia e o câmbio manual (4 marchas ou 5 opcional) não tinha engates rápidos, nem era tão preciso, mas tinha aperfeiçoamentos em relação ao que estreou em 1976.

Para a época, a estabilidade era muito boa, sendo confortável e firme na rodovia. A suspensão dianteira recebeu as molas da picape Fiorino, que deixava o carro mais macio em relação ao hatch. Já a suspensão traseira ficava fora da cabine, na área do porta-malas, deixando o carro mais silencioso que o hatch 147.

A distância do solo era outro ponto a favor porque o carro não raspava facilmente em lombadas e valetas.

Pesando apenas 830 quilos, o Oggi podia transportar até 330 quilos de carga útil.

Apesar de pequeno por fora (apenas 3,96m de comprimento, 1,54m de largura e 1,33m de altura, com míseros 2,22m de entre-eixos), a cabine oferecia bom espaço para 4 pessoas, ou 5 desde que não muito “grandes”. Os bancos reclináveis eram confortáveis (o traseiro era diferente do usado pelo 147, com assento mais anatômico e encosto mais alto.

A visibilidade era muito boa para todos os lados mas os vidros laterais traseiros eram fixos (opcionalmente podiam ser basculantes).

O painel tinha desenho moderno e agradável, mas carecia de conta-giros e de hodômetro parcial. O porta luvas não era fechado e não havia cintos dianteiros de 3 pontos (já comuns, na época), nem retráteis. 

Opcionalmente eram oferecidos relógio, câmbio de 5 marchas, vidro traseiro com desembaçador.  

Itens como ar condicionado, cintos retráteis, ar quente, vidros elétricos ou rádio não eram oferecidos nem como opcionais. 

Havia apenas 4 cores na estreia: grafite, prata e verde (metálicas) e preta (sólida).

O espaçoso porta-malas era o grande diferencial para cativar as famílias: 440 litros. Maior que o dos rivais Voyage e Chevette, e de modelos maiores como o Opala. O segredo de tanto espaço era simples: o estepe e o macaco viajavam no cofre dianteiro, junto ao motor, e a traseira era alta e com linhas quadradas.

Abaixo, a nova linha 147, ano 1984

 (Oggi 1984, com pequenas alterações mecânicas e estéticas)

Em setembro de 1983 a Fiat apresentou a linha 1984 (acima), com algumas alterações mecânicas e estéticas. Externamente, foram aplicadas largas faixas de polipropileno cinza nas laterais de todos os modelos (exceto dos comerciais) e as caixas das rodas receberam arcos salientes, do mesmo material plástico, dando continuidade ao desenho das faixas laterais.

Em 1984 o Oggi deu origem a uma cobiçada versão esportiva denominada CSS (Comfort Super Sport), oferecida exclusivamente na cor preta. Veja fotos abaixo:

 
 

O esportivo CSS (acima) se diferenciava do CS por ter faróis de milha, spoilers na dianteira e na traseira, saias laterais e  aerofólio fixado no teto e na extremidade da tampa do porta-malas. Na lateral, a esportividade era realçada pelas rodas de liga leve e por um friso vermelho na linha de cintura. Os logotipos do carro e da versão eram aplicados na coluna “C “e na porta, na cor vermelha.

O motor 1.3 foi trocado por uma versão com 1.415cm³ de cilindrada, que chegava a 1.490cm³ nos carros destinados a competições. A potência era maior, 78 cavalos, e o câmbio de 5 marchas tinha escalonamento mais curto. O carro ia de 0 a 100 Km/h em 15 segundos e a velocidade máxima era de 155 Km/h. O consumo médio era de 8,2 Km/l na cidade e de 12,3 Km/l na estrada – com álcool.

Internamente, chamava a atenção o volante de quatro raios, com o mesmo desenho do fora-de-série Dardo, mas com aro de borracha espumada. Os bancos dianteiros, altos e mais envolventes, tinham costuras na cor vermelha – a mesma cor estava presente nos cintos de segurança. Em relação à versão CS, o painel de instrumentos da CSS tinha a mais um manômetro de óleo e um voltímetro.

A cambagem das rodas traseiras, bastante negativa em comparação à usada pelos carros normais de rua, ajudava o carro a vencer as curvas mais fortes em velocidades elevadas, e deixavam o motorista mais confiante. Os carros de corrida, por sua vez, tinham cambagem ainda mais negativa e contavam com amortecedores reguláveis.

Destinado à homologação no campeonato “Marcas e Pilotos”, foram produzidas apenas 300 unidades do CSS. Esta era a quantidade mínima exigida pelo regulamento esportivo nacional, de modo a viabilizar sua inscrição em competições oficiais de automobilismo.

Abaixo, a série especial "Pierre Balmain":

De janeiro a março de 1984 foi produzida (foto acima) a exclusivíssima série especial “Pierre Balmain” (em homenagem a um designer de roupas francês), voltada para o público feminino. Apenas 50 unidades seriam produzidas, sob encomenda, na cor bege áureo com para-choques, grade, frisos e acabamentos plásticos externos na cor marrom. Havia também o símbolo “PB” no painel e nas laterais.

Se tivesse sido lançado no fim dos anos 70, o Oggi poderia ter alcançado o sucesso almejado pela Fiat, mas em 1983 o substituto da "família 147" já estava a caminho. O lançamento do Uno, em agosto de 1984, deixaria evidente a defasagem da linha.

Em 1985 as duas versões do Oggi deixaram de ser produzidas, acumulando apenas 20.419 unidades. O sucessor – Prêmio – faria sucesso e teria até uma versão com 4 portas. Mas eram outros tempos...

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

A HISTÓRIA DO DODGE 1800/POLARA - 1973 A 1983 (Parte 1)

No rastro de duas outras grandes montadoras norte-americanas (Ford e General Motors), a Chrysler chegou ao Brasil mediante o controle acionário da Simca do Brasil, em 1967. Antes de lançar seus próprios produtos – e de certa forma ganhando tempo até conhecer melhor as peculiaridades de nosso mercado “nacional” (à época, com tenros 11 anos) – a Chrysler manteve em linha apenas os recém-lançados Regente e Esplanada, ambos derivados do Chambord. Entretanto, só colocou sua logomarca neles depois de exaustivos testes efetuados na matriz e com a adoção de inúmeros melhoramentos de ordem mecânica e, também, estética.

Somente no fim de 1969 foi lançado um “legítimo Chrysler”: o Dodge Dart Sedan com motor 318 V8 de 198 cavalos de potência (fabricado aqui, era o mesmo já usado nos caminhões da marca). O câmbio mecânico tinha 3 marchas, e a alavanca ficava na coluna, razão pela qual podia transportar 6 pessoas com folga. O carrão era moderno e menos “pesadão” que o Galaxie, da rival Ford.

Consolidado o sucesso do Dart, a marca preparou o lançamento de um carro pequeno-médio, para disputar mercado com o Ford Corcel, o VW TL e de olho nos novos lançamentos como o Chevrolet Chevette e o VW Brasília.

Como um projeto exclusivamente brasileiro custaria caro demais – e não havia tempo a perder – a escolha recaiu sobre o inglês Hillman Avenger, do grupo Rootes na Inglaterra. O carrinho era moderno, com dimensões entre o Corcel e o Opala. A mecânica tinha a clássica disposição “motor dianteiro e tração traseira”, o que facilitava sua reprodução por aqui. Não custa lembrar que desde 1971 esse mesmo carro era produzido na vizinha Argentina, com o nome Dodge 1500 e 4 portas, sendo praticamente um clone do modelo inglês. A Chrysler do Brasil usou alguns modelos argentinos para testes de consumo e de desempenho, e nele efetuou diversas adaptações para suportar melhor as difíceis condições brasileiras. Como a nossa péssima gasolina tinha baixa octanagem, para melhor rendimento a cilindrada aumentou de 1500 para 1800cc.

Assim, em tempo recorde, o Dodginho nacional (Dodge 1800) deu as caras no VIII Salão do Automóvel em dezembro de 1972 - foto abaixo. O modelo foi lançado oficialmente em 2 de abril de 1973.

A exemplo do que a Fiat iria apregoar ao seu pequeno 147 (em 1976), a Chrysler dizia que “o 1800 era maior por fora do que por dentro”. Inicialmente foi oferecido nas versões L e GL e com motor 4 cilindros de 1800cc, com bloco e cabeçote de ferro fundido, relativamente moderno (“superquadrado” com 5 mancais, válvulas na cabeça com comando por corrente). O câmbio mecânico tinha 4 marchas e a alavanca era no assoalho. A dianteira se destacava pelos 4 faróis redondos e a grade horizontal quadriculada que os envolvia. Na traseira lanternas simples que chegavam até as extremidades e com friso horizontal no meio. A elegante carroceria fastback tinha apenas 2 portas, 4,09m de comprimento e porta-malas espaçoso (298 litros). A cabine era bem mais acolhedora que a do Chevette, mas o acabamento não era dos melhores. Seu ponto forte estava na segurança: tinha carroceria com área de deformação frontal, coluna de direção retrátil, retrovisor interno colado no pára-brisa, painel construído com materiais macios e sem elementos protuberantes e trincos de porta e maçanetas embutidos. A ventilação interna era deficiente porque as grelhas localizadas nas janelas traseiras eram meramente decorativas, não se comunicando com o interior do carro (economia de projeto). O carburador Solex 32, de corpo simples, vertical e de fluxo descendente extraía do motor apenas 78 hp de potência. A velocidade máxima era de modestos 140 km/h, indo de 0 a 100 km/h em eternos 20 segundos. O único opcional da versão “GL” era o teto de vinil. Ao contrário da versão básica, a GL oferecia bancos forrados em Jérsey, bolsa nas portas e porta-luvas embutido. Eram constantes as queixas de proprietários com relação a panes elétricas e ao câmbio.


A Revista 4 Rodas, em seu teste de 30.000 km (acima) constatou que o Dodge 1800 tinha um dos piores desempenhos dentre os carros já avaliados por ela. Foram mais de 70 defeitos em dez meses de uso, sendo 14 antes dos 1.500 km e alguns graves, como a quebra da alavanca do câmbio (4 vezes) e a abertura do capô em alta velocidade (também 4 vezes).  

Além de problemas de vibração, vedação e sistema elétrico, a suspensão e a direção foram criticadas. O péssimo serviço prestado pela incompetente rede de oficinas autorizadas e a costumeira falta de peças foi acompanhado, posteriormente, de outro grave problema: a ferrugem. Ainda assim, foram vendidas 15.399 unidades, pois o carrinho oferecia bom espaço interno, amplo porta-malas, boa estabilidade e visual agradável, e era uma irresistível novidade trazida por uma grande montadora norteamericana.

A EVOLUÇÃO DAS LINHAS ATÉ 1981

Abaixo, as diversas grades, faróis e para-choques

Abaixo, as diversas lanternas traseiras, frisos e para-choques

Abaixo, detalhes que faziam a diferença

Abaixo, os diversos volantes, painéis e instrumentos

Abaixo, os diversos bancos e coloridos interiores

Continua...