O
modelo Panorama nada mais era que a versão "perua" do Fiat 147. Sua vendas
tiveram início em março de 1980, na versão única C, e se estendeu até 1986,
sendo muito bem sucedida pela Elba, derivada do Uno.
Quando
a Panorama surgiu, a linha 147 estava recebendo um providencial “face lift” e a
denominação “Europa”. O capô dianteiro ficaria mais inclinado, melhorando a
aerodinâmica e assemelhando-se a outros modelos produzidos na Europa.
Além
do hatch havia uma picape (primeira derivada de automóvel do Brasil), mais o
Furgão Fiorino.
A
perua herdava do 147 toda a porção dianteira, até a coluna “B”, mas tudo era novo
até a parte traseira, concebido pela filial brasileira (apenas o nome seria
emprestado de um modelo produzido na Itália, derivado do 128). As lanternas
traseiras eram retangulares e posicionadas na vertical, mas sem avançar na
tampa traseira. Os para-lamas traseiros tinham um indisfarçável sulco vertical logo
após a roda traseira (assim como o sedan Oggi), denunciando o aproveitamento de
parte do para-lama do 147. O teto tinha um “degrau” que denunciava o
aproveitamento do teto do hatch, mas para que o espaço dos passageiros e das
malas não ficasse comprimido pelas linhas descendentes, a Fiat providenciou o
enxerto. Se na época fosse oferecido rack, o remendo passaria despercebido.

A
porta traseira abria rente ao assoalho, facilitando bastante a movimentação das
bagagens. O amplo porta-malas era totalmente aproveitável porque o pneu-reserva
viajava no cofre dianteiro. Por isso acomodava 669 litros até o limite do
encosto do banco traseiro ou 730 litros até o teto (rebatendo-se o encosto do
banco traseiro, a capacidade atingia inacreditáveis 1.440 litros (até o teto).
O
vidro lateral traseiro era divido em duas partes (inteiriço na rival VW
Saveiro) e basculava, para mais conforto dos ocupantes do banco de trás.
Pesando
835 Kg (apenas 45 Kg a mais que o 147), o comprimento da Panorama era de meros 3,91m.
Tinha 1,54m de largura e 1,42m de altura, com entre-eixos de apenas 2,22m. Apesar
disso, oferecia um espaço interno inigualável, graças a pelo menos três
fatores: carroceria com formato de “caixa de sapato”, tração dianteira e estepe
localizado no cofre dianteiro.
A
primeira versão, de 1980, era equipada somente com motor Fiasa 1.3, a gasolina,
com 61 cavalos de potência. Segundo teste da Revista Quatro Rodas, (edição de
abril/1980), o carro acelerava da imobilidade até os 100 km/h em apenas 17,6 s,
alcançando a velocidade máxima de cerca de 140 Km/h. O consumo médio era de 8,2
km/l na cidade e 15,02 km/l na estrada. Como o tanque de combustível tinha a
ótima capacidade de 52 litros, a autonomia podia superar os 600 km.
Com
suspensão independente nas quatro rodas, a estabilidade era muito boa, graças
ao ajuste firme, mas sem prejudicar o conforto. Mas nem tudo eram flores: o
câmbio de quatro marchas era o mesmo do 147 (duro e impreciso, exigia força e muita
paciência em manhãs muito frias). A troca da correia dentada exigia uma
habilidade que nossos mecânicos ainda não dispunham.
A
principal rival da Panorama era o Chevrolet Marajó, perua derivada do Chevette e lançada
no fim de 1980 (a VW Variant II não era mais produzida e as outras opções do
mercado eram o Ford Belina II e o Chevrolet Caravan, de segmento superior). A Marajó
tinha 4,20m de comprimento, 1,57 m de largura e 2,39 m de entre-eixos, é nos
porta-malas cabiam apenas 469 litros com o encosto do banco traseiro em posição
normal, ou 1.282 com ele rebatido. Por conta das linhas descendentes do teto, o
porta-malas era mais “raso” (e menor). Em troca, as linhas do Chevrolet eram
mais harmônicas que as do Fiat, e seu teto era liso, sem o estranho “degrau”
presente no rival. Comparado à Marajó, o modelo da Fiat mostrava mais
vantagens, principalmente no amplo porta-malas (graças ao teto mais elevado e
ao fato de não transportar o pneu-reserva). A Marajó tinha motor longitudinal e
gastava mais combustível. A tração traseira oferecia melhor desempenho em
estradas de terra e em subidas íngremes, mas tornava a cabine apertada para os
ocupantes do banco traseiro.
Em 1981 surgiria a segunda e última versão, denominada CL, bem mais luxuosa.
Mas
o grande rival da Panorama seria lançado em 1982: a perua Volkswagen Saveiro,
derivada do Gol. Ela faria tanto sucesso que até seria “carro da moda”!
A
segunda e última reestilização da Panorama ocorreria em 1983, quando repetiria
as linhas dianteiras do Spazio, última geração do 147. As laterais ganhariam
protetores plásticos de poliuretano, para-choques envolventes (de plástico), novo
volante e painel, câmbio de 5 marchas e melhor isolamento acústico. Apesar da notável evolução, o estilo
ficaria carregado demais, sem a harmonia de 1980. Até que seria bem resolvida se fosse uma versão aventureira, mas não era o caso.
Apesar
de ser uma perua com vocação familiar, infelizmente a Panorama só foi produzida com 2 portas.
Na época o brasileiro rejeitava os carros de 4 portas (carros de praça) e ainda
se difundia, erroneamente, que “carros 2 portas eram mais seguros para quem
transportava crianças no banco de trás”. Na verdade, carros com 4 portas tendem
a custar mais que versões com duas portas, e as montadoras queriam faturar o
máximo oferecendo o mínimo. Não mudou muito nesses anos todos...
A
versão “C” foi produzida de 1980 até 1985, e podia receber os motores 1.050cm³
(gasolina), de 55 CV; 1.300cm³ (gasolina), de 61 CV e o 1.300 cm³ (etanol), de
62 CV.
Já
a versão “CL” foi produzida de 1980 até 1986, sempre com motor 1.300 cm³, que
podia ser a gasolina ou a etanol.
A
versão exportada para Europa e países latinos, abaixo, era equipada com um inédito motor
1.300 cm³ a diesel (45 CV), derivado do motor 1.3 a gasolina.
Ao
todo, foram produzidas 115.986 unidades. Destas, quase a metade (58.413
unidades) foi comercializada no Brasil, e o restante exportado para alguns países
da América Latina (Argentina, Chile e Venezuela) e Europa.