Em 1962 a Vemag exibiu no Salão do Automóvel
daquele ano o belo e luxuoso sedan batizado de FISSORE, o qual fora projetado no estúdio italiano
Fratelli Fissore.
O protótipo deixava evidente que se tratava de um carro
moderno e bonito, mas a sua construção era complexa e a nossa novata indústria
automobilística (ainda engatinhando) teve dificuldade em (re)produzi-lo.
Por
esse e outros motivos (crises política e econômica) sua produção só começou, efetivamente, 2 anos mais tarde, em 1964.
Abaixo, protótipo do Fissore, chassi e rodando na Europa:
Em 1963 a Vemag planejou vender carros na
Europa, mas não deu certo. A recusa da AUTO UNION em prestar auxílio financeiro
fez com que a Vemag decidisse retirar os “4 círculos” do logo frontal, sobre o
capô do motor.
Em 1964 o Fissore finalmente foi colocado à
venda. Era belo, mas bem caro para o seu porte e refinamento técnico.
FISSORE EXIBIDO NO SALÃO DO AUTOMÓVEL DE 1962:
Abaixo, Fissore na linha de produção da Vemag:
Apesar de ter sido concebido como um sedan, o Fissore tinha apenas 2 portas,
mas oferecia amplo espaço interno e muita visibilidade graças às colunas bem
estreitas. Mas por conta da ventilação deficiente
(ainda não havia saídas de ar no painel) os vidros embaçavam com facilidade .
A tampa do porta-malas abria desde a linha do para-choque e
acomodava um bom volume de bagagem.
A
carroceria pesava muito (1.010 Kg) e tinha excesso de soldas de estanho para
corrigir defeitos.
O FISSORE foi pioneiro na linha Vemag a oferecer o Lubrimat (mecanismo
que misturava automaticamente o óleo à gasolina – com 1 litro de óleo podia-se
rodar até 1.000 Km).
O motor tinha uma taxa de compressão mais elevada e (dizia
a Vemag) rendia 60 HP de potência. Mas o desempenho era inferior ao esperado
(ele pesava 70 Kg a mais que o Belcar) e os freios a tambor sofriam para
imobilizar o carro.
Ainda em 1964, na Europa, a Volkswagen adquiriu a AUTO
UNION. Em consequência, a DKW e os motores de 2 tempos foram engavetados, dando
lugar ao ressurgimento da marca AUDI. No Brasil, a VEMAG até então só fabricava
produtos da Auto Union, sob licença, e estava com dificuldades financeiras. O
que muitos não sabem é que desde 1963 a Vemag já estudava a associação com
outras montadoras europeias, como a Citroën e Fiat...
Em 1965 a Auto Union já tinha sido absorvida
pela matriz da Volkswagen, e as negociações da Vemag com a italiana Fiat foram
retomadas. Dois anos mais tarde o acordo estava praticamente fechado, mas dizem
que a Volkswagen teria decidido bloquear o ingresso da Fiat, no Brasil,
comprando a Vemag em setembro de 1966. Na verdade, o que a Volkswagen queria
eram suas modernas prensas (parte do ferramental importado pela VW e que seria
usado na produção do “Zé-do-Caixão” afundou no mar).
Em 1966 o Fissore ganhou uma nova tampa do
porta-malas, mais curta, que permitia o uso de menor quantidade de solda no
painel traseiro. Isso ajudava a diminuir o peso do carro (os vidros também
ficaram mais leves). Com isso, o bocal de abastecimento migrou do para-lama
traseiro para trás da placa de licenciamento. Os piscas dianteiros foram
redesenhados e saíram da parte inferior da grade para as laterais. O painel de
instrumentos recebeu saídas de ventilação nas extremidades para reduzir o
tradicional embaçamento dos vidros. Os bancos (até então forrados em veludo)
passaram a ser de couro, combinando com a cor da carroceria.
Em 1967 a Vemag foi absorvida pela Volkswagen.
O último Fissore recebeu lanternas traseiras maiores e envolventes (as mesmas
da perua Vemaguet) e em dezembro desse ano a Volkswagen encerrou a produção dos
valentes DKW (ao todo, a Vemag produziu 115.009 veículos – de 1956 a 1967).
Mas
em 1968 ainda foram comercializados 3.514 carros que existiam no estoque...
ABAIXO, AS DISCRETAS ATUALIZAÇÕES DO FISSORE:
CADASTRO NACIONAL DE FISSORES
Placas cinzas, pretas ou Mercosul: AAG 4165 –
ADK 1965 – ADY 3736 - AEC 6838 – AFG 5966 – AGG 2915 – AGT 4829 - AHF 9428 –
AHP 7565 – AIG 4165 – AIN 4941 – AIS 5659 – AIT 9638 – AJB 3406 – AJK 5006 – BAG
1967 - BDK 1965 – BDW 1965 – BFD 5358 - BHC 7793 – BIY 8468 – BIZ 1964 – BMH 4740
– BMQ 6887 – BSQ 1967 – BTI 9667 - BVB 5001 – CDB 9465 – CHQ 1967 – CJP 1964 – CJS
1967 - CKA 1965 – CKB 8465 – CKG 7407 – CNM 1965 – CNZ 8433 - COP 1467/COP1E67
– CQC 4882/CQC4I82 – DBI 1966 - DBO 8918 – DHG 4664 - DHQ 1967 – DKW 1965 - DMI
1967 – DYI 1965 – EGY 1967 – ELJ 0067 – EWS 1967 – GGN 1967 – GMJ 2985 – GMO 4253
– GMS3B55 - GOP 1967 – GRG 5372 – GSF 3374 - CSJ 1967 – GTP0748 - GVF 1966 - GWF
1967 – GWJ 2339 – GWM 2489 – GXJ 6476 – GZE 1967 – HZH 1967 – IAV 7657 – IAW 5338
– ICL 3717 – ICN 2270 – ICY 6997 – IDK 5495 – IDN 1966 – IEF 7033 - IFB 6733 –
IFH 5696/IFH5G96 - IFM 6151 – IFP 6154 -
IGM 1964 – IHH 1414 – IHX 6316 - IIN 6926 – IJA 2711 – IJF 3541 – IJT 7571 – IJV
7935 - IKC 8720 - IKP 2837 – IMK 9457 – IWW 1965 – JBK1J65 - JEV 7803 – JFS 7989
– KCB 8720 - KCR 4767 – KJP 5358 - KSC 2646 - KSE 9890 – KUC 2831 – LCB 3672 –
LZO 1917 – MAF 1967 – MAO 1965/MAO1J65 – MAO 6293 – MIL 0965 – NFO 1967 Total: 104 exemplares
Última atualização em 24 de maio de 2024
PROTÓTIPO DA PERUA FISSORE
O contrato firmado entre os Fratelli Fissore e
a Vemag tinha a duração de 10 anos (iria até o final de 1971).
Além da criação
de um novo produto (o sedan 2 portas Fissore, apresentado no Salão do Automóvel
de 1962 e efetivamente comercializado a partir de 1964), havia a previsão de
lançamento de um sedan com 4 portas.
Em seguida seria lançada uma station wagon (perua) e, finalmente, um conversível (desenvolvido para a Argentina) do
qual foram produzidas em torno de 50 unidades.
Verdade seja dita: a VEMAG sempre se virou sozinha, sem apoio ou
injeção de recursos da Auto Union, de quem fabricava produtos sob licença.
A aquisição da Auto Union pela Volkswagen e a
dificuldade em firmar parcerias com outras montadoras (Citroën, Fiat etc)
selaram o destino dos DKW no Brasil. Assim, o contrato foi rescindido, e as
ligações de Fratelli Fissore com o mercado nacional se encerraram aí.
O processo abortou o surgimento da versão
“perua”, programada para o Salão do Automóvel em 1967.
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Importante destacar que,
com todas as dificuldades que sempre enfrentou, a VEMAG "investiu até o
fim da vida” na contínua melhoria do parque fabril e no lançamento de novos
produtos.
Palavras do saudoso jornalista Roberto Nasser (curador do
Museu do Automóvel de Brasília):
“Salvo
engano a casa dei fratelli fissore aprontou dois protótipos e os enviou ao
Brasil para acertos e adequações, um deles, o automóvel entre o bege e o
bois-de-rose (será que alguém hoje sabe que cor é esta ?), exposto no salão de
1962.
A station ficou guardada, pois a Vemag não queria dividir atenções para o
que seria o lançamento.
O sedan Fissore exigiu tantas providências de produto e
manufatura, que elevou monumentalmente o seu preço – creio, smj, o 3o. maior do
país, atrás de JK e Simca Présidence.
Avocou o projeto para posterior deliberação,
e o que decidiram foi não fazer.
Deve ter sido esmagada, fim dos protótipos”.
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