domingo, 21 de julho de 2024

SIMCA DO BRASIL - Parte 2

ESPLANADA/REGENTE


Mas duas outras novidades da Simca no Salão do Automóvel de 1966 agradaram em cheio ao público: o ESPLANADA e o REGENTE – ambos derivados do CHAMBORD, e que o sucederam.


O sedan ESPLANADA era a versão mais luxuosa: tinha cromados e acabamento mais apurado, meio teto de vinil (opcional), câmbio 6-M, vidros verdes, madeira no painel de instrumentos, volante revestido de couro etc.

O modelo REGENTE era, portanto, a versão básica (despojada).

A nova dupla ESPLANADA/REGENTE aproveitava do CHAMBORD as seguintes partes: cabine, portas, calotas, painel/volante e o conjunto mecânico, mas a dianteira e a traseira foram totalmente redesenhadas.

Os grandes faróis, de formato circular, eram envolvidos por uma grossa moldura cromada em forma de hexágono, com lente de vidro e o pisca horizontal na parte superior. 

A grade do motor, toda cromada, era composta por frisos finos que avançavam até a extremidade, por baixo dos faróis. 

As lanterna traseiras eram verticais e bem delgadas, também envolvidas por uma moldura (cromada no ESPLANADA, mas pintada no REGENTE).


A cirurgia foi tão profunda que à primeira vista pareciam dois carros totalmente novos, mas as linhas não eram harmoniosas

A frente e a traseira foram encurtadas em relação ao velho Chambord, o que provocou um desequilíbrio de proporções.

Os pára-lamas dianteiros, por exemplo, quando vistos de lado, davam a impressão de terem sido abalroados e de “engordarem” ...

Interessante era o meio-teto de vinil “Las Vegas“ (abaixo), mas que não emplacou. Mais tarde esse recurso estilístico foi empregado, com sucesso, no Ford Maverick, no Chevrolet Opala e, também, no Dodge Magnum.


Com o fim da produção da perua Jangada, cogitou-se construir uma ESPLANADA WAGON que aproveitaria o novo teto da Jangada e o terceiro banco traseiro escamoteável, mas o projeto nunca foi concretizado.

Confira, abaixo, como teria sido interessante a perua Esplanada:

 


Em novembro de 1966 a CHRYSKER CORPORATION assumiu o controle acionário  da SIMCA DO BRASIL, mas num primeiro momento hesitou em usar sua prestigiada logomarca em produtos tão defasados tecnologicamente.

Mas a dupla ESPLANADA/REGENTE tinha virtudes: boa estabilidade, suspensão eficiente (que proporcionava um rodar suave e estável) e bons freios, além de um estilo ainda palatável.

Por estes motivos, a Chrysler decidiu enviar uma unidade de cada modelo para a matriz, nos Estados Unidos, que determinou 53 modificações.

Infelizmente a Chrysler não conseguiu resolver todos os problemas (a embreagem teimava em patinar e o diferencial continuava roncando), mas o carro ganhou a credibilidade que a marca Simca carecia.

1967 – Em fevereiro desse ano a Chrysler paralisou a produção dos veteranos CHAMBORD e JANGADA.

Em março os primeiros funcionários da matriz chegaram ao Brasil e a Simca do Brasil passou a se chamar Chrysler do Brasil S/A Indústria e Comércio.

Em agosto o ESPLANADA e o REGENTE receberam a plaqueta “Fabricado pela Chrysler”.


Em setembro o norte-americano Victor G. Pike assumiu a presidência da montadora, no Brasil, e sua primeira medida teria sido mandar LAVAR o chão da fábrica, o que acarretou na paralisação de 3 dias de produção.

Dos 1.700 funcionários remanescentes, 500 foram despedidos. O único setor que ganhou mais funcionários foi o da... faxina! Mesmo com o corte de pessoal, três meses depois a produção aumentou de 18 para 20 unidades/dia.

A Chrysler investiu muito nos dois modelos, chegando até a fazer merchandising no filme “Roberto Carlos em ritmo de aventura” - Fotos abaixo:






Para surpresa do mercado, no VI Salão do Automóvel de 1967 a dupla Esplanada e Regente modelo 1968 foi reestilizada. Ganhou 4 faróis redondos e posicionados na vertical (a exemplo do Ford Gálaxie – novo concorrente). A grade do motor também foi modificada e ficou mais encorpada.

O volante (até então o mesmo do Simca 1959) foi trocado por outro menor e mais moderno, enquanto o painel recebeu cobertura estofada e novos instrumentos, redondos, herdados da descontinuada linha DKW.

A sobre-marcha 6-M deixou de ser oferecida e os motores foram padronizados e unificados no Emi-Sul básico, de 2.400 cc e 130 cavalos.

A garantia original - de 1 ano ou 20.000 Km - passou para 2 anos ou 36.000 Km.

Abaixo, as diversas dianteiras, traseiras e interiores do Esplanada, Regente e GTX:




ESPORTIVO GTX

Também foi exibido no Salão uma nova versão esportiva, denominada GTX, com câmbio de 4 marchas e alavanca no assoalho, console com relógio e cinzeiro, bancos dianteiros individuais, volante Walrod, rádio e conta-giros.



Externamente, o destaque eram as belas rodas cromadas calçadas com pneus radiais.

A grade do motor era parcialmente pintada de preto.

Havia faixas laterais na cor preta e outros truques que rebaixavam o carro, visualmente.

Opcionalmente eram oferecidos faróis auxiliares, teto de vinil, duas falsas entradas de ar no capô, espelhos retrovisores externos montados nos pára-lamas e cintos de segurança no banco traseiro. Era um esportivo bastante interessante; pena que chegou tão tarde...

1968 – No Salão do Automóvel de 1968 a Chevrolet apresentou ao mercado o OPALA, o que provocou um “terremoto” no segmento de sedan médios, deixando evidente a defasagem tecnológica dos demais concorrentes (FNM 2150, AERO WILLYS 2600/ITAMARATY e ESPLANADA/REGENTE), que por sua vez foram projetados na década de 50...

O ESPLANADA modelo 1969 ganhou pintura metálica e bancos dianteiros individuais e câmbio de 4 marchas no assoalho (opcionais), ficando as cores sólidas para o REGENTE.

1969 – O encerramento da produção do Esplanada, Regente e GTX não ocorreu de maneira abrupta; na verdade, seguiu um bem estruturado cronograma de encerramento da produção de um produto “velho” e do início de produção de um novo veículo, com novos maquinários em novo layout da fábrica.

O Dodge Dart foi lançado em novembro, encerrando a história dos modelos da Simca no Brasil.

Baseado no modelo americano do ano anterior, o Dodge Dart brasileiro foi lançado em outubro de 1969, em substituição aos Esplanada, Regente e GTX, inicialmente na versão quatro portas, com motor V8 de 5.212cm3 e 198 CV, criando uma nova faixa de mercado localizada entre o Gálaxie, o Itamaraty e o Opala 3800. 

CADASTRO DOS MODELOS SIMCA FABRICADOS NO BRASIL (CHAMBORD, PRÉSIDENCE, RALLY E RALLY ESPECIAL, ALVORADA E PROFISSIONAL, JANGADA, ESPLANADA, REGENTE E GTX)


CHAMBORD
Placas cinzas, pretas ou MercosulAAC4563 - AAD9735 - AAJ0064 – AAL9448 - AAR2629/AAR2G29 – AAU5864 - AAU7390 – AAV9310 – AAX0065 - ABG7997 - ABH1161 - ABO1042 – ABT4248 - ACD1966 - ACD5811 – ACK7619 - ACL2261 - ACS1966 – ACT6908 – ACY2683 - ADA8258 – ADB6855 - ADL9878 - ADO2802/ADO2I02 - ADQ4326 – ADU0329 – ADU5497 - ADW1422 – ADY0747 - ADZ6356 – AEO0806 - AER0013 – AES1960 – AEX4855 - AFC1962 - AFI8480 - AFN1964 – AFO6065 - AFT2263 - AFU2154 - AGA1965 - AGH3075/AGH3A75 - AGP6576 - AHN8413 – AIL3522 – AIM3738 – AIP9409- AIR7B81 - AIS3792 - AIU6885 – AIZ0927 - ALL1967 – AMN1001 - AMO1964 – ANE1952 - ANL1960 - ANO1964 - APE1963 – APS1963 - ARH1161 - ARH1964/ARH1J64 – ASD1964 – ASO1965 - ASR1964 – ATC1966 - ATL1963 – ATO1963 - AVK1966 - AVV1965 – AWF0061 – AWF1962 - AWR1966/AWR1J66 - AXN1966 – AXX0065 - AZY1964 – BAR1552 - BAT0066 – BBB1808 – BCJ1964 - BDD1966 - BEN1964 – BEO1962 – BFP1964 – BGG1966 – BGG3368 - BHF1959 – BHM1964 – BGE8846 - BGG1966 - BGG3368 – BHI2842 - BIN0615 – BIS1962 - BJB4176 – BJD2365 – BJE1965 - BJE1967 – BKO1966 – BKW1965 – BLB2353 – BMS1959 – BNM0798/BNM0H98 - BOP2630 – BPC6667 - BQD1966 - BQH7821 - BQX1965 - BTD1967 - BTE3380 – BTI1966 – BUL6034 - BUN5762 – BVO1966 - BXO9192 - BXS2820 - CCB5086 - CCM5827 - CFB1962 – CFK6543 - CFL1966 - CHC1964 – CHM1966 – CHO1962 - CIC1966 – CKB4066 - CMA1966 - CMB1962 - CMJ1966 – COE1964 – CPX1965 – CQI8172 - CQK7498 – CQX1964 - CQY0803 – CRC9066 – CRR1961 - CRU7866 – CSL3034 - CSR4201 - CVB1965 - CVR0063 - CWG3661 – CWJ0729 – CWP2660 - CXC7036 – CXL1965 – CYT6664/CYT6G64 - CYU1300 – CZD1344 – DAA1964 - DAA1965 -  DAW1263 – DBG8751 - DCH7720 – DCQ4363 – DDX9965 – DEH8567 - DGO5691/DGO5G91 – DGQ9G63 - DKF1967 – DHT6518 - DKN1965 - DKP2964 - DPA1962 - DSD0064 – DSQ8564 - DTT1965 - DUM1962 - DUX1962 – DVM1965 – EBT1966 – EDU1104 - EEP6147 - EFL1965 – EFV5555 – EJV1962 - EKM3213 - ELZ6767 – EMA0218 – EMB 9878 - EMI1966 - EMI1967 – EQX1965 – ERJ1965 – EVR3444 -  EWS0207 – EWS0208 - EXF1962 - EZN1961 - FAO1966 – FDR1967 - FDT1158 – FDT1963 - FEI1963 - FFF1965 – FGZ1964 – FHY1165 – FII1966 - FLS1964 – FMF4062 – FNG1959/FNG1J59 – FRH1960 – FTZ1959 - FYM1960 - GDP1966 - GHD1964 - GJN1965 - GJR1965 - GKQ1963/GKQ1J63 - GKV1962 - GKY7236 - GLP1966/GLP1J66 – GLV4223 – GLZ8173 - GMN9808 - GMR1966 – GMV0959 – GNB0066 - GNE5934 - GOB2713 – GOU1964 - GOW8853 - GPR1965 – GQT1962 - GQT2519 - GRO0411 – GSD1961 – GSX1960 - GTK1963 – GTU1964 - GUV4240 – GUV7234 - GVU1961 - GVX1965 – GWJ6978/GWJ6J78 - GWJ9340 - GWL1963 – GXW1962 - GYG3028 - GYR2464 – GYS1960 - GYS1961 - GYW5088 - HBH9564 - HCT1960 - HJK1962 – HKJ1964 - HQJ9347 – HUL1966 - IAS7268 – IAY5612 - IAZ1965 - IBC1963 – IBE1397 - IBG4314 – IBH2496 - IBL7549 - IBT0001 - IBU1963 – IBY2415 - IBZ1961 – ICD1967 – ICH1966 – ICI3774 - ICJ8353 - ICR9476 – IDU2796 – IDV2820 – IEI6577 – IEJ1960 – IEN5103 – IEO9109 - IEP2078 - IEQ1293 – IES0636 - IEV4509 – IEX6999 – IEY0405 – IFG9723 – IFJ6793 - IFK6620/IFK6G20 - IFN4789 – IFV0951 - IFX4591 – IGD0868 – IGI1964 - IGT5807 – IGU5176 - IGX1964 - IHD4531 – IHD7728 – IHE1904 - IHE4377 – IHI6352 – IHJ3293 - IHQ8348 - IHR8076 – IHT7730 – IHT9683 - IHW5978 - IHW8505 - IHX0287 – IHX4117 – IIA2251 - IIE6717 - IIF1727 - IIF6761 – IIH3796 - IIO2429 – IIQ1593 - IIQ7581 – IIM0145 - IIR6505 – IIT0401 – IIU3177 - IIV1961 – IIZ6566 - IJA5475 – IJA8918 - IJD7283 – IJE9232 - IJG3702 - IJH8205 – IJH8822 - IKO1966 - IKO8215 - ILH8647 – ILO2863/ILO2I63 - ILZ4415 – IMC1963 - IM0145 – INA8389 - INB7321 - INE1964 - INL8123 – IOC3251 – IPL1959 - IRN1962 - ISB1959 – ISC1961 - ITL1965 – ITT1963 – IUA1961 - IUH5329 – IYC3457 - IYT1963 – IZQ1961 - JAD1961 – JAJ1963 - JAK1965 – JBO4D32 – JBV6D17 - JBY6G79 – JCS0C64 - JDJ1961 - JDJ1962 - JDJ1964 – JDY3207 – JFE0530/JFE0F30 - JFG6277 - JFN3059/JFN3A59 – JII6969 - JYR1966 - JZQ1848 - KDC2689 – KDY3290/KDY3C90 - KGR6621 - KHB4205 – KMV6856 - KQR8367 - KRK0073 – KSD1962 - KSF6464 - KSJ3709 - KSR0114/KSR0B14 – KSZ3065 – KUI0110 - LAH1933 - LDM7232 - LDR9137 – LJE7644 – LKE1987 - LXW6761 – LXZ8103 - LYD9865 - LYH9348 - LYN8801 - LYR9970 - LZJ3659 – LZL1967/LZL1J67 - LZM6760 - LZR1962 – LZR7607 - MAC5427 - MAD1964 - MAH3033 - MAI6854 - MAK4445 - MAZ2954 - MAX1961 - MBJ0504 – MBK1562 - MBU2885 – MBZ9I59 - MCI3090/MCI3A90 - MDK3545 – MEA3080 - MEH1964 – MEL1965 - MEL1966 – MEX1961 - MHX1960 – MII2075 - MIM1963 – MKU1966 – MLR1959 - MMI1966 – OWE1888 - PVZ9079 – PWH1964 – PXY1965 - QIR1621/QIR1G21

Total: 423 exemplares


PRESIDÉNCE
Placas cinzas, pretas ou MercosulACM0287 - ASI1965 - ATL1963 – AYH1962 - BQG1960 - CJJ1965 - CPH1965 – CSR4201 - DDV1965 - DNI1965 - ERF1966 – FTZ1966 - GXP1964 – IAU1961 – IEW8293 - IIT5785 - LZR7607 – NYA1959

Total: 18 exemplares


RALLYE / RALLYE ESPECIAL
Placas cinzas, pretas ou Mercosul: AACQ7286 – AGX8027 - AJS4943 - ASI1964 – ASR1965 - BEK1964 – BEZ6000 - BLL1756 – BUI3966 - CSN1966 - CYQ1964 – DIJ8669 - DIY1962 – DXC8824 – ESR1964 – FJR1965 – FKL1963 - FWW1964 – GLV4223 - GUC7701 – HCD2108 – HWP1J60 - IBY1966 – ICS3508 - IDA0346 – IDI9952 - IFE1962 – IGL7532 – IHQ8348 - IIA2251 – IIH3796 - IIQ4236 – IIR7301- IIZ6566 – IRC1966 - IYI1964 – IZX1965 - KEB3165 – LWT7330 – LXI8593 - LYP5842 - MIM1963 – SAD5061

Total: 43 exemplares


ALVORADA E PROFISSIONAL
Placas cinzas, pretas ou Mercosul: AIU7920 - ALH1963

Total: 02 exemplares


JANGADA
Placas cinzas, pretas ou Mercosul: ADH1965 - ASI1963 - AYA0066 - BFH1964 - CFF1965 - CHN9573 - DAA1965 - EHM1962 - DFH4369 - DIF1J62 - ECL1964 – EYY1963 - FRN1966 – GWL1966 – HMD1963 - IIY9894 - IOI1963 - ISJ1966 – IYY1962 – LDF6443 - LYL6772 - MAJ1964

Total: 22 exemplares

ESPLANADA E REGENTE
Placas cinzas, pretas ou MercosulABQ4173 – ABT2014 - ACB8411 – ACP1968 - AFP4676 - AGT1969 - AHO5710 – AOC1969 – BCC1969 - BIS1969 – BJJ4B99 - BMR5708 - BVU8868 - CAE1969 – CEG9468 - CFW7169 - CNM1969 – CPY1968 - CQA6767 - CQD1968 - CRD1969 – CRV8158 – CVR1969 - CYZ3726 - CZE4811 – DAW4397 - DCB1969 – DCZ4661 – DEN0068 - DMI8138 - DRL1969 - DWT1967 - DZX8443 – EAK0068 - EHZ1968 – ESP0069 - EZC1968 - FLC1968/FLC1J68 - FXL1969 - GMI3988 - GNM4449 - GPJ1531 – GQO5632/GQO5G32 - GTZ1969 - GWQ5935 - HMS3513 - HNM0095 – HYY1968 – IAU7425 - IAZ5373 - IBA1969 - IBQ5460 - ICF1968 - IEH0151 - IEJ1967 - IEJ5384 - IHC8084 - IHR1897 – IHX4F26 - IJA5457 - IKS2091 - IMK3705 - INF8545 - IOV2924 - ITU1968 - JER2362 - JFF0429 - JNS3188 – KCC7987 - KLZ1968 - LFD4297/LFD4C97 – LHG8311 - LZM1967 - MAQ5244 – MEC1969 – MEP1969 - MIH1968 - MIO1967- PXK1969 – RKL9G88

Total: 80 exemplares

GTX
Placas cinzas, pretas ou Mercosul: AIV9706 – AVV1969 – BGG1969 – BON1980 - CCR1970 - COK9693 - CXK5688 - DFG1969 - EGX1969 – EZZ1969 – FJH1969 - ICM1969 - IGQ9049 – IJG1289 – JQT8739 - MEC1969

Total: 16 exemplares

Última atualização em 19 de julho de 2025

quinta-feira, 18 de abril de 2024

MOLDEX MB - ESPORTIVO COM MECÂNICA DKW

O texto abaixo é baseado em matéria publicada na Revista Mecânica Popular (Edição de Fev/1963), com alguns enxertos a partir do livro DKW – A GRANDE HISTÓRIA DA PEQUENA MARAVILHA, págs. 248 a 251.

Abaixo, o Moldex MB no III Salão do Automóvel, em 1962.


O Moldex, que se transformou em um dos maiores sucessos do III Salão, teve sua construção iniciada em março de 1961, sendo apresentado ao público, pela primeira vez, em novembro do mesmo ano, por ocasião do II Salão do Automóvel.

Trata-se de um carro esportivo, desenhado e projetado especialmente para o chassi do Belcar, da Vemag.

Seu desenhista se chama Roberto Eugenio Stieler e o grande animador da construção é Rodolfo Rivolta que é, também, o seu maior admirador.


Ao ser encerrado o II Salão, em 1961, Stieler e Rivolta voltaram a trabalhar no Moldex, procurando introduzir novos melhoramentos, não só na aparência como também no tipo de pára-brisa, tudo de acordo com as diversas opiniões emitidas pelos visitantes que se interessaram pelo carro.

Foi mais um ano de trabalho árduo, amplamente recompensado pelo grande sucesso obtido agora no III Salão, onde o Moldex se transformou, juntamente com o DKW Fissore, o Aero Willys 2600 e a SIMCA Jangada, numa das maiores atrações para o público.

O QUE É MOLDEX

Utilizando os componentes mecânicos do Vemag 1000, o Moldex é um carro esportivo, construído de Fiberglas (fibra de vidro).

Pesando cerca de 150 quilos a menos do que o Belcar e com centro de gravidade mais baixo, logicamente oferece um melhor desempenho e mais estabilidade.


Com exceção do radiador e da alavanca de câmbio, toda a parte mecânica é original Vemag. O radiador, devido ao desenho da carroceria, tem sua altura diminuída, sendo compensado na espessura, para melhor refrigeração – mas ele continuava insuficiente. A alavanca de mudanças que está colocada no piso foi adaptada para melhor, ficando idêntica à do VW em todas as marchas, inclusive no modo de engatar a ré.

PARTE ESTÉTICA


Muitas vezes o que é bonito para alguns, não agrada a outros. Acreditamos, no entanto, que o Moldex agradou à grande maioria que o examinou.

Nós, pessoalmente, gostamos do estilo e das linhas do carro.  


Jim Whipple – convidado especial de Mecânica Popular para visitar o Salão e conhecido cronista automobilístico de Popular Mechanics nos Estados Unidos – gostou muito do Moldex e emitiu o seguinte comentário sobre o carro: “É o Thundebird brasileiro”. Maior elogio não poderia ser conferido ao Moldex. Suas linhas são agradáveis, harmonizando-se em qualquer ângulo. Quando for lançado à venda, irá alcançar extraordinário sucesso.

INTERIOR


Os dois modelos apresentados oferecem 4 lugares individuais. Seus bancos foram bem estudados e são perfeitamente anatômicos. Proporcionam, não só ao motorista como ao acompanhante, notável conforto e segurança. Os assentos traseiros, naturalmente, não oferecem o mesmo conforto. O estofamento é feito em espuma de nylon e a forração poderá ser de plástico ou de couro, a opção do comprador. Os assentos dianteiros são separados por uma coluna, onde se situam a alavanca de mudanças, a ignição e partida na própria chave, local para rádio, 1 relógio e 4 interruptores, sendo 1 para os faróis (controle de alto e baixo no pé, junto ao pedal de embreagem), outro para lanternas e iluminação das placas; o 3º para luzes no painel e o último para o limpador de para-brisa elétrico de 2 velocidades, idêntico ao usado no JK e no Aero 2600.


O painel de instrumentos, situado à frente do volante, é o mesmo usado no Belcar.

O volante é de aço inoxidável e madeira, idêntico aos usados nos carros de corrida. O sistema de direção era da Volkswagen. 

À esquerda do painel, uma pequena alavanca controla o pisca-pisca. À direita, em frente ao banco do acompanhante, está situado o porta-luvas (com chave), dentro do qual fica a tranca do cofre do motor, proporcionando assim maior segurança contra roubos.

O espelho retrovisor é do tipo de duas posições, uma para noite e outra para o dia. Na coluna da porta do lado da direção, que é a porta que tem chave (achamos que deveria ter chave nas duas portas), está colocada uma alavanca que abre a tampa do porta-malas. Entre os bancos traseiros existe, também, uma divisão contendo um cinzeiro e uma caixa para guardar pequenos objetos.


O porta-malas, todo atapetado e de tamanho razoável para um carro esporte, estão colocados a roda sobressalente, repousando num encaixe que evita barulho, a bateria, o tanque normal de gasolina (igual ao da Vemaguet) e local para ferramentas, forrado de espuma de borracha e com iluminação interna.

 O Moldex possui, ainda, um tanque-extra, colocado entre o porta-malas e os assentos traseiros, por baixo da caixa onde fica oculta a capota de nylon. Este tanque-extra proporciona um maior raio de ação ao carro, que pode fazer a viagem Rio-São Paulo sem reabastecer (capacidade de cada tanque: 40 litros – total: 80 litros).

O Moldex será entregue aos seus compradores com uma capota de nylon perfeitamente escamoteável, e uma de plástico rígido, comumente chamada de "hardtop", que pode ser colocada e retirada com facilidade.

CARACTERÍSTICAS


Possui o Moldex todas as características técnicas do Belcar 1000 da Vemag, oferecendo, porém, vantagens que abaixo relacionamos. A estabilidade do Moldex é ainda maior que a do Belcar, pois, além dos benefícios da tração dianteira, seu centro de gravidade é mais baixo. Devido a seu menor peso (cerca de 150 quilos a menos) e ao desenho da carroceria que apresenta menor área frontal de resistência ao avanço, o Moldex acelera rapidamente e é mais econômico. 


Sua instalação elétrica é, praticamente, à prova de curto-circuito por ser ela embutida na fibra de vidro da carroceria, ótimo material isolante. Assim, não há perigo de passagem de corrente nem de incêndio, havendo somente o perigo normal oferecido pela parte de fiação exposta no compartimento do motor.

PRODUÇÃO E PREÇOS

Espera a Moldex poder iniciar a produção de seus carros e sua venda ao público, no próximo mês de abril (1963). O preço do encarroçamento dos carros é calculado em aproximadamente Cr$1.700.000,00, ao qual deverá ser acrescentado o preço do chassi e motor Vemag. O preço total do carro será de Cr$2.600.000,00, quando produzido normalmente. Os protótipos apresentados ao público no III Salão estão passando, ainda, pelos últimos retoques. Quando estiver pronto, publicaremos um teste completo do carro, com o seu desempenho e focalizando suas principais características".

Notas do editor:

1 - O Moldex MB foi o 1º automóvel brasileiro fabricado com carroceria em fibra de vidro (o 2º foi Willys Interlagos e o 3º foi o GT Malzoni).

2 - O MB não “vingou” por diversas razões: era caro (custava o dobro de um sedan Belcar); a capota dura "não encaixava bem" (deficiência do ferramental para fazer os moldes); e estilo conflitante (dianteira à la Pininfarina e traseira com para-lamas e teto lembrando os Beutler suíços); apresentava falhas de acabamento (rugosidades e ondulações na carroceria de fibra, cuja técnica de construção ainda não era totalmente dominada).

3 - foram expostos no III Salão do Automóvel 2 modelos: 1 conversível branco com estofamento preto; e outro, também conversível mas na cor preta, acompanhado de uma capota rígida removível, fixada por presilhas, com estofamento vermelho.

4 - Estima-se que 3 unidades foram construídas.

5 - A sigla MB significa “Mecânica Brasileira” – Moldex era o nome da empresa que o produzia. 

terça-feira, 26 de março de 2024

FUSCA ITAMAR - 1993 A 1996 (Parte 1/2)


No início da década de 1990 o então Presidente Fernando Collor – ciente da profunda defasagem tecnológica dos carros nacionais – usou a força do início do mandato para escancarar as importações, pondo fim à reserva de mercado. Foi graças à essa maldita “reserva” que durante décadas tivemos que nos contentar com carros caros, defasados e exaustivamente reestilizados – verdadeiras “carroças”.

A Volkswagen fazia parte da Autolatina (joint-venture com a Ford) e o Gol já tinha atributos de sobra para suceder o Fusca.

Entretanto, em 1993, após o impedimento do Collor e a ascensão do Vice-Presidente Itamar Franco, foi sugerido às acomodadas montadora aqui instaladas (Volkswagen, Chevrolet, Ford e Fiat) que produzissem carros populares – para incrementar a produção e venda de veículos, gerar mais empregos, mais impostos etc. Não era uma ideia original, pois em meados da década de 60 o mesmo ocorreu.

Em fevereiro de 1993 foi assinado o protocolo do carro popular, com IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) simbólico de 0,1%. 

A categoria de “carro popular” foi inicialmente concebida para veículos com motor de, no máximo, 1.000 cc – e que custassem US$ 6,8 mil

Quem "lambeu os beiços" foi a Fiat (a Gurgel já estava fora do páreo), pois desde 1976 dispunha de um motor com 1.050cc (usado no modelo 147 e, depois, no Uno) que, com pequenos ajustes, deu origem a um motor com 999cc. 

Mas como no Brasil a exceção à regra é algo levado muito a sério, a legislação foi alterada (adivinhem a pedido de quem?) de forma a permitir que carros com motor 1.600 refrigerados a ar pudessem ser enquadrados como populares. 

Até então a Volkswagen não dispunha de nenhum motor 1.0 em seu portfólio e, para ganhar tempo junto ao consumidor, chegou a afirmar que “não produziria carros com motor 1.000cc porque seriam inseguros”. Pura bravata: até o fim da década de 1960 a VW do Brasil também dizia que "carros com 4 portas eram menos seguros que os seus, que só tinham 2 portas".

Quando a Ford lançou o Escort 1.0 e as vendas do modelo reagiram, a VW tratou de usar o mesmo motor no Gol para usufruir do imposto mais baixo.

O plano de estabilização financeira bancado pelo então Presidente Itamar Franco deu origem à nossa atual moeda - o Real - e a economia brasileira finalmente começou a se estabilizar. A entrada maciça de carros importados foi acompanhada de importantes lançamentos no mercado nacional.

Reza a lenda que o relançamento do Fusca, ainda em 1993, teria sido a "resposta da Volkswagen aos apelos do então presidente Itamar Franco para que a indústria começasse a produzir carros para o povo".

Reunindo qualidades como durabilidade, robustez e manutenção barata, o Fusca havia dominado o mercado duas décadas antes. Ele originou o Brasília (1973) que era mais moderno e espaçoso, mas que deixou de ser produzido em 1981 para não concorrer com o Gol – lançado em 1980. Este nasceu com o velho motor 1.300 refrigerado a ar, do Fusca, mas era tão fraco que logo ganhou uma versão 1.600, também refrigerada a ar (o mesmo da finada Brasília) e, em 1984, a opção do motor 1.6 refrigerado a água – que o salvou do fracasso.

O Fusca sobreviveu até 1986 (desde 1984 somente com motor 1.6 a ar) e se despediu do mercado com uma versão de despedida entitulada “Última Série”.

Dizem alguns entendidos que a VW errou ao optar pelo fim do Brasília, em vez do Fusca. Mas em 1986 o fusca finalmente foi sacrificado para impulsionar as vendas da linha Gol-Voyage-Parati. De fato, as vendas do Gol deslancharam a partir de 1987.

Mas é interessante anotar o que a Volkswagen disse na despedida do Fusca, em 1986: “Às vezes o avanço tecnológico de uma empresa não está no que ela faz, mas no que deixa de fazer”. No relançamento do carro, a revista 4 Rodas disse: “Se o contrário também vale, então viva o retrocesso!” – e citava “10 razões para não se comprar o Fusca relançado em 1993”.

ABAIXO, O CRASH TEST DO FUSCA ITAMAR E O PROTÓTIPO

 



A Autolatina gastou US$ 30 milhões para poder produzir o Fusca novamente, que ressuscitou em 23 de agosto de 1993 inicialmente apenas movido a álcool (58,7 cv) e custando US$ 7.200 (preço dos carros populares na ocasião).

CONFIRA ALGUMAS PROPAGANDAS DO RELANÇAMENTO

 






Os maquinários usados para produzir novamente o Fusca tinham sido vendidos aos fabricantes de peças de reposição do modelo. A VW, então, passou a comprar partes produzidas por esses fabricantes.







 As imagens aqui publicadas foram coletadas em diversos sites.

Continua...

FUSCA ITAMAR - 1993 A 1996 (Parte 2/2)

PRESIDENTE ITAMAR FRANCO E O "FUSCA ITAMAR"

 








CLIQUE NAS IMAGENS PARA AMPLIÁ-LAS

O então Presidente Itamar Franco reinaugurou a linha de montagem do Fusca na fábrica de Anchieta, e desfilou num Fusca conversível confeccionado especialmente para a ocasião (um déja vu do que Juscelino fizera a bordo de um Fusca conversível, 4 décadas antes...).



O Fusca renascido tinha como público alvo: homem, casado, com idade em torno de 40 anos. 

Pelas projeções da VW, agora o Fusca seria o segundo ou terceiro carro da família. Ele renascia mais “moderno”, com saída de escape única (com catalisador), dupla carburação e ignição eletrônica (0 a 100 km/ em 14 segundos e velocidade máxima de 140 Km/h, com álcool - marcas respeitáveis). 

Agora havia para-brisa laminado, para-choques na cor do veículo, carpete no assoalho, novos revestimentos internos, os mesmos bancos do Gol 1000, volante redesenhado, pneus radiais sem câmara aro 15, cintos de segurança dianteiros retráteis de três pontos e bancos com apoio de cabeça de série. 

As borrachas de vedação dos capôs dianteiro e traseiro agora estavam fixadas nas próprias tampas em vez de na carroceria. Mas os limpadores do para-brisa continuavam ineficazes, a folga na caixa de direção persistia e a suspensão traseira – com semi-eixos oscilantes – continuava fazendo as rodas traseiras se inclinarem para dentro nas curvas. 

Diante dos concorrentes (Chevrolet Corsa, Fiat Uno, Ford Escort Hobby e até mesmo o Chevette Júnior) o Fusca parecia, mesmo, uma carroça! 

Seu maior rival, porém, estava dentro de casa: o Gol 1.000, que custava quase o mesmo e era mais espaçoso, econômico, moderno e igualmente robusto e confiável.

ABAIXO, TESTE DO FUSCA 1993 A ÁLCOOL - REVISTA AUTO ESPORTE


 

 ABAIXO, O TESTE DA REVISTA OFICINA MECÂNICA

 



Em 1994 o motor 1.6 a gasolina (53 cv) voltou a equipar o Fusca, e alguns opcionais tornavam a vida a bordo melhor, como desembaçador do vidro traseiro, porta-objetos nas portas, relógio de horas no painel etc. 

Embora o motor com dupla carburação e câmbio alongado deixassem o carrinho bem esperto e ágil nas arrancadas de farol (0 a 100 km/h em 17 segundos e velocidade máxima de 136 km/hora, com gasolina) ele continuava instável (um pouco menos, pelo uso dos pneus radiais), consumia mais que os rivais e oferecia escasso espaço para passageiros e suas bagagens, visibilidade restrita e outras características inerentes ao projeto. 

Poderia ter ficado mais atraente se ganhasse as características do modelo 1303 europeu (para-brisa curvo, suspensão dianteira McPherson, estepe alojado no fundo do cofre dianteiro e maior porta-malas etc), mas aí ficaria caro demais...

ABAIXO, EXEMPLAR DE 1994 (FOI MEU)

 

Logo o carismático sedan ganhou o apelido de “Fusca Itamar” mas, com vendas descendentes, foi produzido somente até julho de 1996, com mais de 47.000 unidades produzidas.

Ele se despediu definitivamente do mercado brasileiro com a Série Ouro (apenas 1.500 exemplares com direito a anotação do nome dos proprietários num “Livro de Ouro” da VW). Essa série diferenciava-se pelo uso do mesmo volante do Gol, dos bancos do Pointer GTI e das forrações internas, além de desembaçador do vidro traseiro, faróis de neblina, painel de instrumentos com fundo branco e vidros verdes, lanternas traseiras fumê...


Hoje o “Fusca Itamar” tem boa presença e valor no mercado de usados, e já é disputado por colecionadores. A Série Ouro, evidentemente, custa ainda mais...