domingo, 21 de julho de 2024

SIMCA DO BRASIL - Parte 2

ESPLANADA/REGENTE


Mas duas outras novidades da Simca no Salão do Automóvel de 1966 agradaram em cheio ao público: o ESPLANADA e o REGENTE – ambos derivados do CHAMBORD, e que o sucederam.


O sedan ESPLANADA era a versão mais luxuosa: tinha cromados e acabamento mais apurado, meio teto de vinil (opcional), câmbio 6-M, vidros verdes, madeira no painel de instrumentos, volante revestido de couro etc.

O modelo REGENTE era, portanto, a versão básica (despojada).

A nova dupla ESPLANADA/REGENTE aproveitava do CHAMBORD as seguintes partes: cabine, portas, calotas, painel/volante e o conjunto mecânico, mas a dianteira e a traseira foram totalmente redesenhadas.

Os grandes faróis, de formato circular, eram envolvidos por uma grossa moldura cromada em forma de hexágono, com lente de vidro e o pisca horizontal na parte superior. 

A grade do motor, toda cromada, era composta por frisos finos que avançavam até a extremidade, por baixo dos faróis. 

As lanterna traseiras eram verticais e bem delgadas, também envolvidas por uma moldura (cromada no ESPLANADA, mas pintada no REGENTE).


A cirurgia foi tão profunda que à primeira vista pareciam dois carros totalmente novos, mas as linhas não eram harmoniosas

A frente e a traseira foram encurtadas em relação ao velho Chambord, o que provocou um desequilíbrio de proporções.

Os pára-lamas dianteiros, por exemplo, quando vistos de lado, davam a impressão de terem sido abalroados e de “engordarem” ...

Interessante era o meio-teto de vinil “Las Vegas“ (abaixo), mas que não emplacou. Mais tarde esse recurso estilístico foi empregado, com sucesso, no Ford Maverick, no Chevrolet Opala e, também, no Dodge Magnum.


Com o fim da produção da perua Jangada, cogitou-se construir uma ESPLANADA WAGON que aproveitaria o novo teto da Jangada e o terceiro banco traseiro escamoteável, mas o projeto nunca foi concretizado.

Confira, abaixo, como teria sido interessante a perua Esplanada:

 


Em novembro de 1966 a CHRYSKER CORPORATION assumiu o controle acionário  da SIMCA DO BRASIL, mas num primeiro momento hesitou em usar sua prestigiada logomarca em produtos tão defasados tecnologicamente.

Mas a dupla ESPLANADA/REGENTE tinha virtudes: boa estabilidade, suspensão eficiente (que proporcionava um rodar suave e estável) e bons freios, além de um estilo ainda palatável.

Por estes motivos, a Chrysler decidiu enviar uma unidade de cada modelo para a matriz, nos Estados Unidos, que determinou 53 modificações.

Infelizmente a Chrysler não conseguiu resolver todos os problemas (a embreagem teimava em patinar e o diferencial continuava roncando), mas o carro ganhou a credibilidade que a marca Simca carecia.

1967 – Em fevereiro desse ano a Chrysler paralisou a produção dos veteranos CHAMBORD e JANGADA.

Em março os primeiros funcionários da matriz chegaram ao Brasil e a Simca do Brasil passou a se chamar Chrysler do Brasil S/A Indústria e Comércio.

Em agosto o ESPLANADA e o REGENTE receberam a plaqueta “Fabricado pela Chrysler”.


Em setembro o norte-americano Victor G. Pike assumiu a presidência da montadora, no Brasil, e sua primeira medida teria sido mandar LAVAR o chão da fábrica, o que acarretou na paralisação de 3 dias de produção.

Dos 1.700 funcionários remanescentes, 500 foram despedidos. O único setor que ganhou mais funcionários foi o da... faxina! Mesmo com o corte de pessoal, três meses depois a produção aumentou de 18 para 20 unidades/dia.

A Chrysler investiu muito nos dois modelos, chegando até a fazer merchandising no filme “Roberto Carlos em ritmo de aventura” - Fotos abaixo:






Para surpresa do mercado, no VI Salão do Automóvel de 1967 a dupla Esplanada e Regente modelo 1968 foi reestilizada. Ganhou 4 faróis redondos e posicionados na vertical (a exemplo do Ford Gálaxie – novo concorrente). A grade do motor também foi modificada e ficou mais encorpada.

O volante (até então o mesmo do Simca 1959) foi trocado por outro menor e mais moderno, enquanto o painel recebeu cobertura estofada e novos instrumentos, redondos, herdados da descontinuada linha DKW.

A sobre-marcha 6-M deixou de ser oferecida e os motores foram padronizados e unificados no Emi-Sul básico, de 2.400 cc e 130 cavalos.

A garantia original - de 1 ano ou 20.000 Km - passou para 2 anos ou 36.000 Km.

Abaixo, as diversas dianteiras, traseiras e interiores do Esplanada, Regente e GTX:




ESPORTIVO GTX

Também foi exibido no Salão uma nova versão esportiva, denominada GTX, com câmbio de 4 marchas e alavanca no assoalho, console com relógio e cinzeiro, bancos dianteiros individuais, volante Walrod, rádio e conta-giros.



Externamente, o destaque eram as belas rodas cromadas calçadas com pneus radiais.

A grade do motor era parcialmente pintada de preto.

Havia faixas laterais na cor preta e outros truques que rebaixavam o carro, visualmente.

Opcionalmente eram oferecidos faróis auxiliares, teto de vinil, duas falsas entradas de ar no capô, espelhos retrovisores externos montados nos pára-lamas e cintos de segurança no banco traseiro. Era um esportivo bastante interessante; pena que chegou tão tarde...

1968 – No Salão do Automóvel de 1968 a Chevrolet apresentou ao mercado o OPALA, o que provocou um “terremoto” no segmento de sedan médios, deixando evidente a defasagem tecnológica dos demais concorrentes (FNM 2150, AERO WILLYS 2600/ITAMARATY e ESPLANADA/REGENTE), que por sua vez foram projetados na década de 50...

O ESPLANADA modelo 1969 ganhou pintura metálica e bancos dianteiros individuais e câmbio de 4 marchas no assoalho (opcionais), ficando as cores sólidas para o REGENTE.

1969 – O encerramento da produção do Esplanada, Regente e GTX não ocorreu de maneira abrupta; na verdade, seguiu um bem estruturado cronograma de encerramento da produção de um produto “velho” e do início de produção de um novo veículo, com novos maquinários em novo layout da fábrica.

O Dodge Dart foi lançado em novembro, encerrando a história dos modelos da Simca no Brasil.

Baseado no modelo americano do ano anterior, o Dodge Dart brasileiro foi lançado em outubro de 1969, em substituição aos Esplanada, Regente e GTX, inicialmente na versão quatro portas, com motor V8 de 5.212cm3 e 198 CV, criando uma nova faixa de mercado localizada entre o Gálaxie, o Itamaraty e o Opala 3800. 

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