A
Fábrica Nacional de Motores – FNM surgiria em 1942 (no município de Xerém/RJ)
para produzir motores aeronáuticos... mas a II Guerra Mundial terminaria 3 anos
depois. Assim, em 1948 ela obteve licença da também italiana ISOTTA-FRASCHINI
para produzir caminhões D-7600.
Com
o encerramento das atividades dessa empresa, a FNM iniciaria em 1951 uma longa
parceria com a ALFA ROMEO, montadora também italiana, produzindo caminhões da série
D-9500 e, depois, D-11000.
Interessante
observar que em 1960 não tínhamos, ainda, um carro “nacional” de luxo com desempenho esportivo.
Vejamos o que produziam as montadoras aqui instaladas:
DKW – Belcar e Vemaguet;
VW – Kombi e Fusca 1200;
Willys – Jeep, Rural, Dauphine e
Aero;
Chevrolet – a caminhonete Brasil 3100; e
Simca – Chambord e Présidence.
Em
21 de abril de 1960, além de produzir os caminhões D-11000, a FNM passaria a
montar um elegante sedan baseado no Alfa Romeo 2000 (1957) que aqui receberia o nome
“FNM 2000 modelo JK” – em homenagem ao então presidente Juscelino Kubitscheck.
Abaixo,
desenhos do FNM 2000 feito por Dan Palatnik:
O
FNM 2000 media 4,71m de comprimento, 1,70m de largura e 1,45m de altura, com
2,72m de entreeixos.
O porta-malas tinha capacidade para 450 litros e no tanque
cabiam 60 litros de gasolina.
Ele conseguia transportar até 6 pessoas (o banco
dianteiro era inteiriço e o câmbio de 5 marchas ficava na coluna de direção).
O
moderno motor 4 cilindros, de 1.975cc, rendia 122 HP.
A primeira leva seria produzida com peças italianas.
O modelo era moderno e contrastava com as
“carroças” aqui montadas, mas infelizmente sua produção sofreria (poucos) altos e (muitos)
baixos. Importante lembrar que sua produção era uma decisão política e a FNM
concentrava seus esforços no aumento da nacionalização e da produção dos
caminhões da série D-11000.
Ser uma estatal era outro problema, pois seu
quadro de dirigentes servia de "cabide de emprego" para políticos que pouco ou
nada entendiam de produção de carros.
Interessante observar que a FNM também
estava sujeita às determinações do Grupo Executivo da Indústria Automobilística
– GEIA, mas jamais atingiu os índices exigidos em seu carro de passeio.
Apresentada
em 1962, a versão “JANGO“ (apelido do então presidente João Goulart)
destacava-se do “JK” por não ter o ressalto central do capô. Por conta disso, o
tradicional “cuore” ficava posicionado mais embaixo, avançando sobre o novo
para-choque, agora bipartido. Nesta versão seria suprimido o friso horizontal da
grade do motor e a base da placa dianteira receberia um suporte cromado. Os
para-choques eram desprovidos das tradicionais "garras" cromadas. Uma carburação WEBER,
com taxa de compressão aumentada, elevaria a potência para 160 HP (SAE). O
interior, por sua vez, ficaria mais requintado, com volante esportivo, bancos dianteiros
individuais e câmbio no assoalho.
Ao contrário do que possa parecer, a versão
“JANGO” não tinha sido lançada para substituir a “JK” na linha de produção, mas ela só
começaria a ser produzido em 1964, já sob o regime militar. Como era de se esperar,
a nomenclatura do “JK” seria imediantamente alterada para “FNM 2000″, enquanto a versão “JANGO”
passaria a se chamar “timb” – “turismo internacional modelo brasileiro”. A razão da
troca dos nomes: João Goulart tinha sido deposto pelo golpe militar e JK seria cassado mais adiante.
Bem
administrada, a FNM daria a volta por cima e aumentaria sua liderança do mercado
de caminhões pesados. O sedan receberia controle da qualidade e componentes
nacionalizados, com menores custos de produção.
Até
então o FNM 2000 estava restrito aos políticos, aos empresários com prestígio
e a alguns ricaços bem relacionados com o regime.
Em 1966 a fábrica projetaria um inédito esportivo
que seria batizado de “ONÇA” (foto abaixo) montado em chassi FNM encurtado e com a mesma mecânica
básica do FNM 2000:
Infelizmente
o projeto não vingaria. A Alfa Romeo - zelosa da qualidade dos produtos que
ostentavam a sua marca - tinha solicitado à FNM um exemplar para
avaliação, e aí o negócio "melou".
Em
1967, a FNM comemoraria o primeiro quarto de século, mas a verdade é que produzia caminhão e
carro de passeio com base em projetos superados.
A concorrência se mostrava bem
mais preparada:
- a Simca desenvolvera bastante o Chambord e lançara a linha
Emisul;
- a Willys tinha um renovado Aero 2600 e sua versão de luxo Itamaraty; e
- e a
Ford atacava com o luxuoso e sedutor Galaxie.
Em breve chegariam a dupla
Esplanada/Regente (Simca-Chrysler) e o novíssimo Chevrolet Opala.
A verdade é que o governo
federal não quis fortalecer a FNM no mercado automobilístico brasileiro e em
1968 acabou vendendo (“doando”) a fábrica à Alfa Romeo. Ainda assim, a FNM conseguiria preservar a sua personalidade, vez que a Alfa Romeo apresentava-a como “sua
representante no Brasil”.
Algumas mudanças estéticas ocorreriam no FNM 2000: os
frisos laterais seriam unidos, o “cuore” seria novamente reestilizado e novas cores oferecidas. A versão “timb” continuaria sendo vendida, mas apenas sob encomenda.
No Salão do Automóvel de 1968 a boa surpresa seria o modelo 1969, renomeado para
"FNM 2150".
O motor passaria de 1.975 para 2.132cc (razão do nome 2150). Com uma taxa de compressão maior, passava a render 125 HP (SAE).
A carroceria perderia
cromados e o friso lateral contínuo do modelo 1968, restando o pisca lateral. O
capô plano da versão “timb” seria adotado no modelo de série, em conjunto com
nova grade. O “cuore” seria redesenhado e as lanternas dianteiras ganhariam
formato oval. O pára-choque dianteiro voltaria a ser bipartido (talvez para desovar os estoques). O escape migraria
para baixo do para-choque traseiro e agora passava a ser oferecido servo-freio a vácuo.
Novos opcionais: bancos dianteiros individuais e alavanca do câmbio no assoalho, além
de cromadas, vidro traseiro “ray-ban” e rádio.
Agora o sedan era oferecido em duas versões: standard e
luxo (esta substituía a “timb”).
A 1ª série do FNM 2150 herdara o painel de
instrumentos com velocímetro horizontal, a direção e os freios a tambor nas 4
rodas, mas na linha 1970 o sedan finalmente receberia novo painel, com todos os mostradores
circulares. O charmoso espelho retrovisor interno sairia da parte de cima do
painel e seria fixado no teto, associado a um retrovisor externo (lado do
motorista). A visibilidade do motorista ficaria ainda melhor com o rebaixamento
dos encostos dos bancos dianteiros. De quebra, a caixa de direção ficaria menos “pesada”, para facilitar
as manobras.
Para
1971, as novidades consistiam em novos volante e alavanca de comando para pisca-pisca e farol alto,
além de um “cuore” redesenhado e novos frisos na grade do motor. O para-choque
deixaria de ser bi-partido e receberia duas "garras", agora emborrachadas.
O
modelo 1972 receberia um novo emblema, posicionado na tampa do porta-malas, representando as três principais características do carro: freio a disco, câmara
de combustão hemisférica e câmbio de cinco marchas.
Era a despedida do modelo, pois estava claro que ele não era páreo para os antigos e,
principalmente, para os novos concorrentes - como o Dodge Dart (lançado em 1969) e o
Maverick, da Ford.
Ao que parece, 60 unidades foram produzidas em 1973 (para
“limpar” o estoque de componentes).
A partir de 1974, já sob o controle da
italiana Alfa Romeo, passariam a ser produzidos novos caminhões das séries 180 e
210, enquanto um novo sedan seria produzido: o moderno Alfa Romeo
2300, com freios a disco na 4 rodas (inédito por aqui).
Em 1978 a linha de
produção seria transferida para as instalações da FIAT em Betim/MG, permanecendo
em produção até 1986.
Acima
e abaixo, as diversas dianteiras e traseiras do FNM - 1960 a 1972
Abaixo,
os diversos interiores e painéis do FNM:
Abaixo, detalhes do amplo porta-malas:
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
1 - os modelos FNM 2000 e FNM 2150 iam de 0 a 100 km/h em 18 e 15
segundos, respectivamente;
2 - as velocidades máximas eram de 162 e 165 km/h;
3 - os
consumos médios eram de 6 e 5,5 Km/l (cidade) e 9 e 8,5 Km/l na estrada,
respectivamente; e
4 - produção
total: 7.426 unidades (sendo 4.356 da versão FNM 2000).
O
texto acima se baseou em diversos outros divulgados na internet, dentre eles:
http://alfafnm.com/historia-da-fnm/serie-jk-20002150/
CADASTRO NACIONAL DE FNM 2000 JK – 2150 – TIMB
Placas cinza, pretas ou
Mercosul: AFE1969 – AHF1965 - AIU3082
– AJA9089 - ARO1968 – AVL1967 - BAH0972 - BGA5113 – BIU5356 - BLP0332 – CFE1972
- CHX1972 – CIS1964 - CLB0067 – CLG1829 – CMB1968 – CMH1961 – CNA1632 - COL1967
– COQ6379 - COT2150 – CPD1972 - CRI3930 - CRV6207 – CTC7834 – CZI0412 - DFI2400
- DJK1968 – DRB1965 – EJK1968 – EJK2150 – 1964 - FEH2972 – FGT2150 - FJK1969 –
FJK2150 – FNM0068 - FNM1960 – FNM1961 – FNM1965 – FNM1967 – FNM1968 – FNM2D72 -
GNO4048 – GPV1970 – GQF5886 – GQY2918 – GSB1034 - GSY0020 – GSZ6817 – GTR9097 –
GUC9773 – IBN1971 – IBT0582/IBT0F82 – ICU1970 - ICV2896 - IEJ3541 – IGC1974 –
IHN0867 – III7313 – IIN2941 - IJL1427 -
IKD9128 – IKG9128 – IKV2112 - IPR1845 – IYO0015 - JAK1968 – JFU2125 – JJK2001 -
KEI0430 – KSY6908 – KVG1018 – LEI7170 - LEV 1766 - LHE4130 - LEI8234 – LHK6734
– LIL1972 – LJN3027 - MAH7525 – PZK1960
Total: 83 exemplares
Última
atualização em 29 de outubro de 2024