Acima, o Munga que deu origem ao Candango.
Em
1958 a Vemag lançou o Jipe DKW-Vemag, logo rebatizado para CANDANGO (a Willys
já usava o nome Jeep no seu utilitário).
O
nome "Candango" foi uma homenagem aos operários que participaram da
construção de Brasília.
Abaixo,
o Candango com os ex-Presidentes JK (esquerda) e João Goulart (direita):
O
CANDANGO era cópia sob licença do modelo alemão Munga 4 (1956-1968), que foi
vendido para a polícia alemã e para as forças armadas de vários países
integrantes da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) além de ter
feito sucesso em aplicações ligadas à agricultura e a todo tipo de atividade
que exigisse movimentação em estradas de baixa qualidade.
Já
o nome MUNGA vem da expressão em alemão "Mehrzweck Universal Geländewagen
mit Allradantrieb", que significa "veículo de uso universal para todo
tipo de terreno com tração nas quatro rodas".
As
linhas do DKW Candango eram simples e transmitiam a impressão de robustez, mas
muitos olhavam torto para os para-lamas dianteiros, que eram retos e inclinados
até a linha dos delgados para-choques. Os faróis (grandes e redondos – um de
cada lado) eram aparafusados nos para-lamas, assim como os piscas dianteiros. O
motor ficava encapsulado por um cofre em forma de baú. O para-brisa era
rebatível e o sistema de ignição era feito por meio de chave e interruptor no
painel – como os demais veículos da marca. O pneu estepe era fixado no centro
da parte traseira do veículo, enquanto no original Munga-4 ele ficava mais à direita,
deixando espaço para a colocação de um camburão de gasolina. Havia duas
minúsculas lanternas arredondadas – uma em cada lado, com as funções de luz de
posição e de freio. O bocal de abastecimento ficava no painel traseiro, do lado
do carona.
Abaixo,
o DKW Candango em detalhes:
A
Vemag entregava o Candango com capota de lona. Nesse caso, as portas dianteiras eram do tipo "suicida" (abriam da frente para trás - vide modelo branco, abaixo).
A capota de aço (vide modelo na cor
vermelha, abaixo) era produzida em diferentes modelos por empresas
independentes, e suas portas dianteiras abriam do modo convencional.
Inicialmente
o motor de 3 cilindros e 896cc rendia apenas 38 cv de potência. Ao contrário do
sedan e da perua, no Candango o radiador ficava na posição “normal”, rente à
grade do motor.
A
partir de 1959 a Vemag adotou para toda a linha um motor mais potente, com
981cc e 44 cv de potência (ou 50 HP). Esse motor com apenas 7 peças móveis
oferecia desempenho adequado no circuito fora de estrada. A média de consumo
era de 8 km/l de gasolina cidade e de 10 Km/l na estrada, marca muito boa e
superior à do rival Jeep. A velocidade máxima era de 95 Km/ reais (o
velocímetro marcava até 100 Km/h) e a estabilidade era boa (melhor no modelo
com tração integral). Ele tinha aptidão para vencer rampas com inclinação de
até 50% e poderia rebocar carretas com 610 Kg de peso (sem freios) ou 750 Kg
(com freios). O tanque de combustível tinha capacidade para 45 litros.
Segundo
a DKW, correntes de água, inundações ou charcos a uma profundidade de até meio
metro eram obstáculos facilmente superáveis. Havia uma carenagem que protegia a
parte inferior de pedras e até mesmo da água. A tração dos primeiros modelos
(Candango 4) era integral, com transmissão de 4 marchas (1ª não sincronizada) e
alavanca no assoalho (nos veículos de passeio, a alavanca fica na coluna de
direção).
O
"Candango 4" tinha tração permanente nas 4 rodas e apresentava um
desempenho inferior ao dos seus concorrentes no asfalto, além de consumir mais.
Por isso, em 1961 surgiu o "Candango 2" – versão com tração apenas
nas rodas dianteiras – que era mais econômico e seu desempenho era bastante
satisfatório no asfalto, semelhante ao de um carro de passeio. Muitos
proprietários utilizavam o veículo predominantemente no asfalto e, por isso,
retiravam o eixo cardã para deixa-lo "mais solto".
Nesse mesmo ano o
quebra-mato foi suprimido da grade
dianteira, numa tentativa de amenizar o estilo fora-de-estrada do Candango.
Abaixo, alguns
dos "reclames" do Candango:
No
Salão do Automóvel de 1962 a Vemag apresentou o modelo Candango-2D, com
alavanca de cambio na coluna de direção, rodas menores, suspensão especial,
cambio totalmente sincronizado, eixo traseiro rígido, revestimento e capota
especiais, nas cores branco ou perola.
Tal como o Arpoador, o Candango-2D nunca
chegou a ser comercializado.
Abaixo,
detalhes da alavanca de câmbio na coluna, do modelo 2D:
Em
1963 a Vemag planejou vender carros na Europa, mas não deu certo.
A recusa da
AUTO UNION em prestar auxílio financeiro fez com que a Vemag decidisse retirar
os “4 círculos” do logo frontal, sobre o capô do motor.
Nesse mesmo ano o
Candango saiu de linha, em face do desinteresse do exército brasileiro, o que
inviabilizou sua produção em larga escala.
Basta lembrar que a caixa de câmbio
era importada e as exigências quanto ao índice de nacionalização de peças
inviabilizariam o modelo produzido em baixa escala.
Foram produzidas, ao todo,
7.848 unidades do Candango.