segunda-feira, 2 de agosto de 2021

LORENA GT

León Larenas Izquierdo, chileno e ex-piloto de competição, comprou os direitos para fabricação, no Brasil,  do esportivo norte-americano Ferrer GT 40, este inspirado no Fiberfab Aztec.

O esportivo, aqui rebatizado como Lorena GT, foi inicialmente produzido pela empresa "Lorena Importação Indústria e Comércio Ltda." e o carro foi apresentado ao público em 23 novembro de 1968, durante o pleno “VI Salão do Automóvel”, em São Paulo. 

De frente o carro lembrava o Porsche Carrera, mas a parte traseira remetia ao Ford GT 40.

A motorização era a conhecida e robusta VW boxer refrigerada a ar, com 1.300, 1.500, ou 1.600cc – todos com dupla carburação. Graças ao baixo peso (600 Kg), o Lorena GT quando equipado com motor 1600cc e duplos carburadores Solex (70 HP), atingia velocidades em torno de 160 Km/h.

Assim como vários esportivos de sua época, o Lorena GT possuía carroceria em fibra de vidro. O comprimento do carro era de 4,20m. A distância entre-eixos era de 2,40m e as rodas de aro 13 eram calçadas com pneus 5,60 X 13 ou 5,90 X 13. Medindo apenas 1,05m de altura, para facilitar a entrada e saída do motorista e passageiros, o recorte das portas avançam sobre o teto. A coluna da direção era muito baixa e não oferecia regulagem de altura.

Com capacidade para apenas duas pessoas (“piloto” e “copiloto”), o primeiro modelo é facilmente reconhecível pelos faróis retangulares (os mesmos usados pelo VW 1600 4 portas – Zé do Caixão) protegidos por uma carenagem de acrílico.

A produção em série teve início no começo de 1969. Ainda nesse ano, por problemas administrativos, León retirou-se da empresa "Lorena Importação e Comércio Ltda" e criou outra, a "Lorena S/A Industrial de Veículos", no mesmo endereço. 

Depois, criou a "Protótipos Lorena Carrocerias Especiais Ltda". 

No fim de 1969 esta última começaria a produzir o Buggy "Lorena" paralelamente a produção do esportivo GT.

Em 1970 o Sr. León constituiu nova empresa, desta vez a "Amazonas Fiber Glass S/A”, e iniciou negociações para a montagem de uma linha de fabricação do Lorena GT (e de outros dois modelos), em 60 dias, na cidade de Manaus/AM, sem êxito.

O Lorena GT foi produzido de 1968 a 1971

Estima-se que foram produzidas cerca de 100 unidades, sendo 22 pela fábrica. Outras 5 carrocerias teriam sido exportadas para alguns países da América do Sul.

Até 1971 o Lorena sofreria significativas alterações na carroceria. Inicialmente tinha tomadas de ar nas colunas traseiras e a tampa do motor abria para cima, mas era recortada no painel traseiro do carro. Essa solução inicial dificultava bastante o acesso aos carburadores e quem fosse mexer no motor encontraria apenas 70 cm de distância da tampa aberta até o solo. Entretanto, como não oferecia amortecedores ou haste para mantê-la aberta, o mecânico teria que se abaixar para mexer no motor, e a tampa ficaria apoiada em suas costas. Para amenizar o problema, a tampa traseira passaria a ser removível. 

 
 
                                    CONFIRA AS DIVERSAS ALTERAÇÕES NA CARROCERIA

 
 

Numa segunda fase foram suprimidas as tomadas de ar na coluna traseira e a tampa do motor migrou para a parte de cima da curta traseira do carro, abrindo na direção do vidro traseiro. 

Na terceira fase, retornaram as tomadas de ar nas colunas traseiras, unindo o teto aos para-lamas traseiros.

A verdade é que as unidades mais “modernas” coexistiam com as mais "antigas". Por isso, como algumas foram usadas em competições, e os exemplares sobreviventes receberam “personalizações”, atualmente é praticamente impossível encontrar-se dois exemplares idênticos.

No início de 1971 o industrial Renato Melcher convidou Lorena para construir um veículo esportivo de 4 lugares (Lorena RM) na empresa "Plásticos Reforçados Renato Melcher" em Santo André/SP. 

Na edição 137, de dezembro/1971 da Revista 4 Rodas" consta que o Lorena RM seria produzido numa fábrica na Estrada da Barra, 160 – Barra da Tijuca/RJ. O motor boxer a ar podia ter até 2.000cc. No fim das contas, o modelo nunca entraria em produção seriada e desconhece-se o paradeiro do protótipo e, possivelmente, do outro exemplar construído em 1971.


Em 1976 Hélio Herbert, da empresa "Indústria Comercio Plásticos Reforçados Mirage" comprou os moldes e direitos de fabricação do Lorena GT, relançando on carro com o nome Mirage GT. Este apresenta algumas modificações em relação ao original, em face da utilização do chassi de Fusca com suspensão de pivô e eixos mais largos. Entre 1977 e 1981, cerca de cinco veículos seriam produzidos, sendo um conversível.

Para se ter uma ideia da força do “mito”, em 2008 Luís Fernando Lapagesse adquiriu uma carroceria (original e nunca montada do Mirage GT) e a partir dela produziu novos moldes. Assim, surgiu o Lorena GT-L, fabricado na cidade praiana de Saquarema/RJ pela empresa “Lapagesse’s Car Chassis e Carrocerias Especiais” e vendido sob a forma de kit ou pronta, sobre plataforma VW recondicionada. Até 2015 seriam produzidas 9 carrocerias e em 2020 os moldes seriam vendidos para Neder Santana, Guarapari/ES.

O Lorena GT deu origem ao Mirage GT (produzido pela “Industria de Plásticos Mirage” entre 1977 e 1981; ao Andorinha (dois carros foram produzidos pela Menom, a partir do Lorena GT); ao Lorena GT-L (nove exemplares produzidos em Saquarema/RJ; e finalmente ao Villa GT (inspirado no Lorena GT).

O “Primeiro Encontro Nacional do Lorena” ocorreu em 15/12/2012 na cidade praiana de Saquarema/RJ. Nesse primeiro evento compareceram 2 GT originais, sendo um Mirage GT, mais 6 Lorena GT-L.

Mais informações sobre o carro no site http://www.lorenagt.com

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