O
MAIOR CARRO PRODUZIDO EM SÉRIE NO BRASIL
No
V Salão do Automóvel, de 1966, a Willys Overland apresentou o EXECUTIVO – o
maior automóvel do Brasil, e também seria a primeira e única limousine
brasileira construída por um grande fabricante.
O modelo fora concebido a partir
do sedan Itamaraty, com 75 cm a mais na cabine, gerando um enorme entreeixos
com 3,45 m. O comprimento total da limousine era de impressionantes 5,52m.
Mas
o Executivo seria um veículo muito exclusivo, com produção limitadíssima (apenas 22 unidades) e não
um carro “de série”... e duraria apenas 1 ano no mercado, principalmente em função do lançamento do Galaxie
Abaixo,
outra foto da limousine Executivo, da Wilys Overland do Brasil
Por
conta disso podemos dizer que o título de “MAIOR CARRO DO BRASIL” (produzido em série) pertence ao
Ford Galaxie 500, que também foi apresentado no Salão de 1966, com medidas generosas no
comprimento (5,33 m), na largura (1,99 m) e no entreeixos (3,02 m).
O
Galaxie foi concebido nos Estados Unidos em 1958, e produzido em várias
gerações até 1974. A versão que viria para cá seria baseada no modelo 1966 e aqui lançada como linha 1967, com linhas bem atuais.
O nome fazia alusão à era
da corrida espacial (o nome "Galaxie" viria da palavra inglesa
Galaxy, que em português seria Galáxia) e o número 500 foi buscado na vitória
das 500 milhas de Daytona (1958).
O
Galaxie 500 seria o primeiro carro de passeio da marca, no Brasil, e estrearia
"humilhando" os modelos arcaicos ainda produzidos e que poderiam lhe
fazer alguma concorrência, como os vetustos Simca Chambord e seu derivado
Esplanada, o Willys Itamaraty e o quase virtual FNM 2150.
Seus rivais “de
verdade” não eram produzidos aqui, sendo o maior deles o importado Chevrolet
Impala.
Na verdade, a Ford quis se antecipar aos planos da Chrysler, que não
escondia a ambição de vir para o Brasil – o que de fato ocorreria em 1967, quando
adquiriria o controle acionário da Simca do Brasil e, dois anos mais tarde,
lançaria o Dodge Dart.
A Ford não lançaria um modelo menor porque já havia outras
opções no mercado e a matriz não estava disposta a gastar além do que o projeto
do Galaxie exigiria, naquela época.
O
Galaxie 500 seria exibido ao público brasileiro no Salão do Automóvel de 1966 e
se destacaria graças aos maciços investimentos em propaganda (importante lembrar
que no mesmo salão seria exibida a limousine Willys Executivo, os Simca
Esplanada/Regente, o esportivo GT Malzoni, o FNM Onça, a reestilizada linha DKW
etc.).
Sob o enorme capô dianteiro do nosso primeiro Galaxie 500 estava o
pesado motor Power King 272, V8, de 4.458 cc (usado nos caminhões da marca).
Ele rendia 164 HP de potência – pouco para o porte do carro, mas era maior que
a de todos os carros de passeio nacionais.
O consumo médio seria de na faixa de 6,5 Km/l de
gasolina e o tanque oferecia a capacidade para 76 litros.
A velocidade máxima
alcançaria modestos 165 Km/h e os freios seriam a tambor nas quatro rodas – mas
ainda assim suficientes para o carrão, que não tinha nenhuma vocação esportiva.
O alto
consumo de combustível não era empecilho para o sucesso do carro, mesmo porque
naquela época a gasolina era farta e barata e os mais abastados não costumam
ligar para o consumo de seus carros.
Em
16 de fevereiro de 1967 o primeiro Galaxie produzido em série sairia da linha de
montagem e em meados de abril as primeiras unidades chegariam aos revendedores
da marca.
Nesse mesmo ano o modelo conquistaria o cobiçado título de “CARRO DO
ANO” – promovido pela revista Mecânica Popular.
Além de impressionar pelo
tamanho avantajado e pela carroceria elegante e repleta de cromados, o Galaxie
oferecia mimos até então não oferecidos no mercado, como direção hidráulica,
espaço de sobra para 6 pessoas (segundo a Ford, até 8 poderiam ser
transportadas), rodar macio e silêncio sepulcral a bordo.
Havia outros
diferenciais, como quebra-ventos acionados por manivelas, luzes no porta-luvas
e para o assoalho, alto-falantes no painel, entre outros.
Mas o Galaxie pecava
por não oferecer ar condicionado de série, por exemplo. Inexplicavelmente, os vidros com acionamento
elétrico (disponíveis na Europa e Estados Unidos desde a década de 50) nunca
seriam oferecidos à linha nacional, nem como opcional (assim como bancos
dianteiros individuais).
Havia 8 diferentes opções de cores, todas sólidas e
fazendo referências ao espaço sideral: branco glacial, azul agena (escuro),
azul infinito (claro), bege terra, cinza cósmico, preto sideral, verde netuno e
vermelho marte. Também era oferecida a clássica combinação “saia-e-blusa”, com
o teto sempre pintado de branco. As forrações das portas, dos puxadores, do
painel e da tapeçaria poderiam ser nas cores azul, vermelho, preto ou bege. Os
bancos poderiam ser revestidos em tecido e vinil, ou só vinil.
Nada menos que
9.237 unidades seriam vendias em 1967 – um feito e tanto em se tratando de um
país pobre e com pequeno mercado à época.
Diante
do enorme sucesso do carro, a partir de 1968 começariam a ser projetadas outras
versões, começando pela fast back, baseada na versão norteamericana de 1967.
Teria a parte traseira mais estreita, bancos dianteiros individuais, apenas 2
portas, alavanca no assoalho com câmbio de 4 velocidades e novo motor de
4.800cc.
O Galaxie receberia retrovisores externos, opcionais, pois não era um
item obrigatório (!).
Abaixo,o
Galaxie 2 portas, que nunca teríamos:
Uma
perua Galaxie também esteve nos planos da montadora e teria reais chances no mercado, pois em 1967
não tínhamos mais peruas derivadas de carros de passeio para atender às
necessidades das grandes famílias (em 1966 a Simca Jangada havia saído de linha
e, em 1967, seria a vez da perua média DKW Vemaguet).
A Chevrolet Veraneio, a VW Kombi
e a Willys Rural eram utilitários, porém mais voltadas para o comércio do que
para o lazer.
No fim, teria sido construídas algumas unidades para uso interno, mais
uma interessante versão ambulância, que não teria passado de um protótipo, abaixo:
Continua...
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