UMA BREVE HISTÓRIA DA ROMI-ISETTA
Em
1915, em Milão, onde estudava eletrotécnica, acabou sendo convocado para lutar
na Primeira Guerra Mundial (1914/1918).
Em
11 de janeiro de 1924, já casado, voltou para sua terra natal (Brasil), e se
instalou na cidade de São Paulo. Em abril daquele ano abriu a primeira oficina
mecânica 24 horas da avenida Paulista. Em 5 de julho de 1924, a sua moderna
oficina foi tomada e devastada pelos revolucionários de Joaquim Távora e
Izidoro D. Lopes. Com o revés, voltou a trabalhar como mecânico em oficina
Alfa-Romeo.
Em
1925 se estabelecia novamente com oficina de reparação de automóveis, a
“Universal”, na antiga Rua do Ipiranga, na capital paulista.
Em
1926, voltou para o interior, dirigindo a agência Chevrolet, em Americana (SP).
Em
1929, depois de mais uma tentativa no bairro Ipiranga (quando foi roubado pelo
sócio), transferiu-se para a cidade de Santa Bárbara d’Oeste, onde instalou uma
pequena oficina de conserto de veículos e venda de peças em um galpão, antiga
cocheira.
Em 1930 montou a “Garage Santa Bárbara” (foto abaixo).
Emílio
Romi percebeu que havia demanda para implementos agrícolas e, em 1934, começou
a fabricar arados e outros produtos.
Em
1938 a razão social mudou para "Máquinas Agrícolas Romi Ltda".
A
empresa de Romi deu sua guinada definitiva nos anos 40, desta vez por causa da
Segunda Guerra Mundial. Faltava aço no mercado e o combustível passou a ser controlado
pelo governo, sendo que a quota mensal a que Emílio tinha direito só mantinha
seu forno de fundição funcionando por dois dias. Então, um de seus filhos
sugeriu que produzissem tornos. Para viabilizar a ideia, desmontaram um dos
tornos usados na fábrica, fizeram algumas melhorias e em 1941 criaram o
primeiro torno da Romi, batizado de Imor (Romi ao contrário), modelo TP-2.
Em
1944, o êxito comercial era evidente, pois já exportavam para a Argentina. Daí
em diante, o negócio deslanchou e a empresa se consolidou como grande
fabricante de máquinas-ferramenta.
Em
1948 começou a fabricar o “TORO”, primeiro trator brasileiro (que não chegou a
ser produzido em série).
A
década de 50 começava e na Itália um engenheiro italiano (Preti) havia
projetado um mini-carro urbano, com chassi tubular, em forma de “ovo”, e
capacidade para duas pessoas (ou uma terceira criança “espremida” entre os dois
adultos). Na Europa arrasada do pós-guerra, a escassez de tudo fez com que a
demanda por veículos automotores se concentrasse em carros pequenos, baratos e
econômicos. O projeto de Ermenegildo Preti e Pierluigi Raggi foi apresentado à
fábrica italiana “Iso Automotoveicoli - SpA” – que até então produzia
geladeiras, motocicletas e motonetas – que adquiriu a patente do minicarro.
Assim, em 1953 a ISETTA (“pequena Isso”) foi para as ruas e fez sucesso
imediato, sendo produzida, sob licença, em diversos países (Áustria, Bélgica,
Espanha, França, Inglaterra e Suécia) e em várias versões. A BMW (montadora de
carros alemã) também produzia motocicletas e estava com vendas descendentes
(seus automóveis, de luxo, eram caros). A solução evidente: produzir um carro
pequeno e barato... ou seja, a Isetta (mais de 160 mil unidades, algumas
exportadas para os Estados Unidos).
Até
meados da década de 1950, o Brasil não fabricava nenhum carro de passeio.
Devido aos elevados impostos e taxas de importação, era difícil para o
brasileiro comprar um carro, ainda mais “0 Km”.
A
fabricação do Isetta na Itália encerrou-se em 1956, e a Iso transferiu todo seu
maquinário para a empresa Romi, no Brasil.
Com base num acordo feito dois anos antes com a Iso, em 28 de agosto de 1955 Emílio Romi fez publicar no jornal Diário de São Paulo que sua empresa breve produziria um carro. Às 11h30 do dia 30 de junho de 1956 o primeiro Romi-Isetta começou a ser montado (ao que consta, só não foi antes porque em 29 de junho era feriado e, também, aniversário do comendador Emílio Romi).
Abaixo, o "CONVITE DE LANÇAMENTO DO CARRO".
Pesava
apenas 330 Kg.
A
frente era arredondada e a única porta ficava na dianteira.
Não
parece, mas tinha 4 rodas (as de trás eram mais próximas que o habitual).
Vista
de frente, a diferença de bitolas é gritante: 1,20m na dianteira e 0,52m na
traseira. Internamente, apenas um banco, inteiriço.
O
painel de instrumentos (minimalista) ficava grudado na porta, junto com a
coluna de direção, articulável.
Os
freios eram a tambor nas quatro rodas.
A
caixa de câmbio tinha 4 marchas (em ordem inversa à usual) e a alavanca ficava
à esquerda do volante. O tanque de combustível tinha capacidade para
aproximadamente 13 litros, incluindo cerca de 3 litros para reserva.
O
carrinho tinha o expressivo índice de nacionalização equivalente a 70% (em
comparação, os carros aqui vendidos continham até 40% de peças nacionais, mas
não eram produzidos no Brasil).
ACIMA, DETALHES DA ROMI-ISETTA
O marketing de vendas era agressivo para a década de 1950 e oferecia o modelo como “segundo carro para a família”, mas também "o carro ideal ao estudante" (que costuma andar só ou no máximo com um acompanhante).
O
“reclame” sugere uma mulher saindo de uma gaiola (!) e em seguida entrando em
um Romi-Isetta, dizendo a seguinte frase: - agora sou livre!
Para
promover o lançamento do veículo, foi realizada uma partida de futebol no
Pacaembu, em que os “craques” eram as Romi-Isettas. Veja abaixo:
O
segundo carro a ser produzido no Brasil foi a perua DKW, mas com índice de
nacionalização bem inferior.
Para finalizar, duas fotos onde eu e o meu amigo Carlos Crema aparecemos ao lado de dois belos exemplares:
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