Em 1983, a linha Fiat 147 era composta pelo hatch 147, sua versão perua (Panorama), mais a picape (City, compacta, e Fiorino, mais comprida) e o furgão (Fiorino).
Nesse ano a Fiat rebaixou a frente dos modelos dando origem à linha Spazio.
No mesmo ano surgiu o último membro da família: um sedan, batizado de Oggi (“hoje”, em italiano).
Abaixo, algumas propagandas de 1983 - ano do lançamento do Oggi
ABAIXO, TESTE DA REVISTA 4 RODAS
Seus rivais diretos eram o recém-lançado VW Voyage (surgiu em 1982, derivado do Gol) e o veterano Chevrolet Chevette – líder em vendas (lançado em 1973, mas reestilizado em 1983 para ficar semelhante a Monza).
A metade dianteira do Oggi era igual à da perua Panorama (de quem aproveitava a plataforma), mas a coluna “C” era estreita e bem vertical.
A traseira, saliente, tinha uma tampa do porta-malas bem quadrada e um friso de borracha (na cor preta) na base que dava um aspecto meio pesado ao painel traseiro.
As lanternas traseiras, por sua vez, eram bonitas, retangulares e avançavam nas laterais.
Na lateral, destoava a emenda na chapa do para-lama traseiro (que era o mesmo da perua Panorama, com "enxerto").
Infelizmente o sedanzinho nunca ofereceu o conforto e a praticidade das 4 portas – mas na época o brasileiro preferia carros com 2 portas, mesmo sendo um sedan.
Em nome da segurança havia repetidor de pisca no para-lama dianteiro.
A mecânica desta versão de lançamento, denominada CS, era a mesma do hatch Spazio (1.3 a gasolina, com 61 cv brutos, ou 1.3 a álcool, com 62 cv brutos) e inovava por oferecer o sistema “cut-off”, que cortava o fornecimento de combustível quando o acelerador não era pressionado, o que ajudava a conter o consumo. O carro ia de 0 a 100 Km/h em 18 segundos e a velocidade máxima era de 147 Km/h. O consumo médio era de 8,4 Km/l na cidade e de 12,5 Km/l na estrada – com álcool.
Outra novidade era a válvula “Thermac” nas versões a álcool (posteriormente estendida para a gasolina), encarregada de levar ar aquecido pelo coletor de escapamento para o motor durante a fase de aquecimento. A ignição eletrônica era oferecida como opcional.
A direção mecânica era relativamente leve, a embreagem macia e o câmbio manual (4 marchas ou 5 opcional) não tinha engates rápidos, nem era tão preciso, mas tinha aperfeiçoamentos em relação ao que estreou em 1976.
Para a época, a estabilidade era muito boa, sendo confortável e firme na rodovia. A suspensão dianteira recebeu as molas da picape Fiorino, que deixava o carro mais macio em relação ao hatch. Já a suspensão traseira ficava fora da cabine, na área do porta-malas, deixando o carro mais silencioso que o hatch 147.
A distância do solo era outro ponto a favor porque o carro não raspava facilmente em lombadas e valetas.
Pesando apenas 830 quilos, o Oggi podia transportar até 330 quilos de carga útil.
Apesar de pequeno por fora (apenas 3,96m de comprimento, 1,54m de largura e 1,33m de altura, com míseros 2,22m de entre-eixos), a cabine oferecia bom espaço para 4 pessoas, ou 5 desde que não muito “grandes”. Os bancos reclináveis eram confortáveis (o traseiro era diferente do usado pelo 147, com assento mais anatômico e encosto mais alto.
A visibilidade era muito boa para todos os lados mas os vidros laterais traseiros eram fixos (opcionalmente podiam ser basculantes).
O painel tinha desenho moderno e agradável, mas carecia de conta-giros e de hodômetro parcial. O porta luvas não era fechado e não havia cintos dianteiros de 3 pontos (já comuns, na época), nem retráteis.
Opcionalmente eram oferecidos relógio, câmbio de 5 marchas, vidro traseiro com desembaçador.
Itens como ar condicionado, cintos retráteis, ar quente, vidros elétricos ou rádio não eram oferecidos nem como opcionais.
Havia apenas 4 cores na estreia: grafite, prata e verde (metálicas) e preta (sólida).
O espaçoso porta-malas era o grande diferencial para cativar as famílias: 440 litros. Maior que o dos rivais Voyage e Chevette, e de modelos maiores como o Opala. O segredo de tanto espaço era simples: o estepe e o macaco viajavam no cofre dianteiro, junto ao motor, e a traseira era alta e com linhas quadradas.
Abaixo, a nova linha 147, ano 1984
(Oggi 1984, com pequenas alterações mecânicas e estéticas)
Em setembro de 1983 a Fiat apresentou a linha 1984 (acima), com algumas alterações mecânicas e estéticas. Externamente, foram aplicadas largas faixas de polipropileno cinza nas laterais de todos os modelos (exceto dos comerciais) e as caixas das rodas receberam arcos salientes, do mesmo material plástico, dando continuidade ao desenho das faixas laterais.
Em 1984 o Oggi deu origem a uma cobiçada versão esportiva denominada CSS (Comfort Super Sport), oferecida exclusivamente na cor preta. Veja fotos abaixo:
O esportivo CSS (acima) se diferenciava do CS por ter faróis de milha, spoilers na dianteira e na traseira, saias laterais e aerofólio fixado no teto e na extremidade da tampa do porta-malas. Na lateral, a esportividade era realçada pelas rodas de liga leve e por um friso vermelho na linha de cintura. Os logotipos do carro e da versão eram aplicados na coluna “C “e na porta, na cor vermelha.
O motor 1.3 foi trocado por uma versão com 1.415cm³ de cilindrada, que chegava a 1.490cm³ nos carros destinados a competições. A potência era maior, 78 cavalos, e o câmbio de 5 marchas tinha escalonamento mais curto. O carro ia de 0 a 100 Km/h em 15 segundos e a velocidade máxima era de 155 Km/h. O consumo médio era de 8,2 Km/l na cidade e de 12,3 Km/l na estrada – com álcool.
Internamente, chamava a atenção o volante de quatro raios, com o mesmo desenho do fora-de-série Dardo, mas com aro de borracha espumada. Os bancos dianteiros, altos e mais envolventes, tinham costuras na cor vermelha – a mesma cor estava presente nos cintos de segurança. Em relação à versão CS, o painel de instrumentos da CSS tinha a mais um manômetro de óleo e um voltímetro.
A cambagem das rodas traseiras, bastante negativa em comparação à usada pelos carros normais de rua, ajudava o carro a vencer as curvas mais fortes em velocidades elevadas, e deixavam o motorista mais confiante. Os carros de corrida, por sua vez, tinham cambagem ainda mais negativa e contavam com amortecedores reguláveis.
Destinado à homologação no campeonato “Marcas e Pilotos”, foram produzidas apenas 300 unidades do CSS. Esta era a quantidade mínima exigida pelo regulamento esportivo nacional, de modo a viabilizar sua inscrição em competições oficiais de automobilismo.
Abaixo, a série especial "Pierre Balmain":
De janeiro a março de 1984 foi produzida (foto acima) a exclusivíssima série especial “Pierre Balmain” (em homenagem a um designer de roupas francês), voltada para o público feminino. Apenas 50 unidades seriam produzidas, sob encomenda, na cor bege áureo com para-choques, grade, frisos e acabamentos plásticos externos na cor marrom. Havia também o símbolo “PB” no painel e nas laterais.
Se tivesse sido lançado no fim dos anos 70, o Oggi poderia ter alcançado o sucesso almejado pela Fiat, mas em 1983 o substituto da "família 147" já estava a caminho. O lançamento do Uno, em agosto de 1984, deixaria evidente a defasagem da linha.
Em 1985 as duas versões do Oggi deixaram de ser produzidas, acumulando apenas 20.419 unidades. O sucessor – Prêmio – faria sucesso e teria até uma versão com 4 portas. Mas eram outros tempos...
Uma coisa que nunca entendi foi esse atraso da chegada do Oggi ao mercado. Se ao menos tivesse sido lançado em 1980, com a frente Europa, talvez poderia ter vendido bem mais. O visual dele ficaria até mais leve se usasse os para-choques de aço da Panorama 1980. Seria interessante encontrar algum antigo engenheiro da Fiat para esclarecer os mistérios do Oggi.
ResponderExcluir