Com o suicídio de Vargas, em
1954, a Fiat desistiu do projeto.
Como o Plano de Metas de JK
previa a instalação de uma indústria automobilística nacional, a Simca retomou
o projeto.
1958 - A filial brasileira foi
fundada em 5 de maio de 1958 e, aqui, a sigla SIMCA passou a significar
Sociedade Industrial de Motores, Caminhões e Automóveis.
Ela ocupou as antigas
instalações da Brasmotor (que montava carros americanos da marca Chrysler),
situada no Km 23 da Via Anchieta, defronte à fábrica da Volkswagen.
O modelo escolhido para ser produzido aqui (CHAMBORD) era muito semelhante ao Simca francês VEDETTE.
Vide abaixo um dos primeiros
modelos aqui vendido.
1959 - Após vários testes com 47 "Vedettes" franceses, é iniciada em 7 de março a produção do CHAMBORD no Brasil, com baixíssimo nível de nacionalização.
Na verdade os carros não foram
produzidos aqui; vieram da França, completamente desmontados, sendo suas peças
reunidas a algumas poucas aqui produzidas, como bateria, molas, tapeçaria,
sistema de escapamento, mangueiras e outros pequenos itens.
Para se ter uma ideia, na soleira das portas vinha inscrita a palavra VEDETTE e não CHAMBORD... De qualquer forma, ele impactou o mercado de forma muito positiva.
Medindo 4,75m
de comprimento, era um elegante sedan com linhas tipicamente norte-americanas
(rabo-de-peixe), 4 portas e capacidade para até 6 pessoas, com porta-malas
igualmente amplo.
O motor Aquilon, apesar de V8,
fora concebido na década de 30 e rendia apenas 88 cavalos. O câmbio tinha 3
marchas (a 1ª não era sincronizada), com alavanca na coluna de direção. Até que
não era um carro tão “gastão” (fazia média de 8 Km/l), mas a velocidade máxima
era bem modesta: 135 km/h, embora compatível com o calçamento precários das
ruas e estradas da época.
A suspensão dianteira (McPherson) deixava o carro bem estável e absorvia bem as irregularidades do piso.
Na época de seu lançamento não encontrou concorrentes, pois somente outros 6 veículos nacionais eram produzidos: a Romi-Isetta, a perua DKW, os VW Fusca e Kombi, além dos utilitários Jeep e Rural, da Willys – todos de segmentos inferiores.
Mas o lançamento “precipitado” acarretou uma série de
problemas, como a facilidade de superaquecimento do motor, a embreagem fraca
(patinava constantemente) e a falta de torque, especialmente em baixas rotações.
1960 – Em 16 de abril foi
produzido o 2.000º exemplar e, em homenagem à futura nova capital do país, foi
pintado em duas cores: verde folha e marfim.
A fundição dos motores
nacionais teve início em 30 de agosto. Nesse ano a WILLYS OVERLANDO DO BRASIL lançou o AERO e a FNM
começou a produzir o JK, o que obrigou a SIMCA a agilizar a solução dos problemas
de seu belo automóvel.
Surpreendentemente, em setembro foi lançada
uma nova versão, topo de linha, denominada PRÉSIDENCE. Ela era facilmente reconhecida pelo estepe pendurada na tampa traseira.
Internamente, destacavam-se os
bancos de couro, ar condicionado, luzes de leitura para os passageiros, rádio
de longo alcance e até bar com copos de cristal no compartimento dos
passageiros. O motor, com dois carburadores de corpo duplo e uma taxa de
compressão maior, rendia 94 cavalos.
1961 – Em abril foi lançada a
“Segunda Série” do CHAMBORD, com índice de nacionalização próximo de 90%.
1962 – Em abril foi lançada a
série “Três Andorinhas”. Os motores sofreram aumento de potência (95 cavalos,
no CHAMBORD e 105 no PRESIDENCE).
Em meados desse ano surgiu uma versão esportiva, denominada RALLYE ESPECIAL, que mesclava esportividade e luxo.
Duas tomadas de ar, redondas e semelhantes às do norte-americano Chevrolet 1957, foram acrescentadas no capô do motor.
Confira abaixo o RALLYE e suas discretas evoluções de estilo, até 1966.
Na tentativa de oferecer à classe média brasileira um carro de preço mais acessível, a Simca lançou o modelo “popular” ALVORADA, desprovido de qualquer luxo e da maioria dos cromados presentes nos demais modelos.
1964 – A “Primeira Série” era idêntica à linha 1963, mas a “Segunda Série” trouxe a linha TUFÃO, com mudanças de ordem mecânica e estética. O pára-brisa ficou mais amplo, melhorando a visibilidade dianteira. O teto do sedan e as colunas ganharam linhas retas e a parte traseira foi elevada, oferecendo maior área envidraçada e mais espaço para os passageiros. Internamente, mais conforto e luxo, além de novos bancos. As lanternas traseiras foram redesenhadas (nova disposição de luzes, com o mesmo formato) e o modelo recebeu novos frisos.
Os motores V8 Tufão tinham
2.414 cc (100 cavalos) e o Tufão Super, de 2.550 cc (112 cavalos e dupla
carburação, onde um carburador abria
depois do outro, conforme a necessidade, durante a marcha). A linha Tufão
ganhou avanço manual da ignição, localizado no painel (além do automático), que
permitia melhor regulagem do motor para diferentes altitudes ou diferentes
tipos de gasolina.
Nesse mesmo ano surgiu o
RALLYE (mais simples que o RALLYE ESPECIAL, embora mais sofisticado que o
CHAMBORD).
A perua JANGADA perdeu a
versão utilitário, permanecendo apenas a Luxo.
1965 – Nesse ano a versão
ALVORADA deu lugar à PROFISSIONAL, numa tentativa de seduzir frotistas e
taxistas - fotos abaixo.
Introduziu-se em todos os
modelos a ignição transistorizada e o sistema 6-M (sobre-marcha
eletro-mecânica) que multiplicava as três marchas originais por dois (opcional
do RALLYE ESPECIAL e do PRESIDENCE – este também recebeu um vidro separando os
passageiros do motorista).
Posteriormente o CHAMBORD também recebeu dupla carburação.
1966 - a Simca enfrentava a
concorrência implacável do bonito e confiável AERO WILLYS 2600 (redesenhado em
1965), do elegante e exclusivo FNM 2000 (JK) e sabia que a Ford preparava o
lançamento do . A Willys, por sua vez, lançaria nesse ano uma versão mais
luxuosa do Aero, com o nome ITAMARATY.
Assim, em abril de 1966 a
Simca deu um expressivo salto de qualidade ao adotar um novo motor em toda a
linha: o EMI-SUL – um 8 cilindros em “V” com cabeçote de alumínio (que alojavam
as válvulas), câmaras de combustão hemisféricas, novos coletores de admissão e
escapamento e 2.410 cc e potência bem mais elevada (130 cavalos).
Esse novo motor permitia
acelerar de 0 a 100 Km/h em apenas 14,3 segundos e a velocidade máxima atingia
expressivos 160 Km/h.
No V Salão do Automóvel de 1966 foi apresentada a linha 1967, constituída apenas pelo CHAMBORD e pela perua JANGADA.
Em consequência, os modelos PRESIDENCE, RALLYE, RALLYE ESPECIAL e PROFISSIONAL deixaram de ser produzidos.
A perua JANGADA modelo 1967
(abaixo) - última a ser produzida - ganhou uma nova coluna traseira, mais
larga, que lhe deu maior rigidez estrutural e um aspecto mais robusto.
Os banquinhos-extras, que
antes ficavam presos nas laterais, passaram a ser embutidos na tampa do
assoalho (a exemplo de alguns modelos norte-americanos da época).
Já o derradeiro CHAMBORD modelo 1967 ganhou frisos retos nos para-lamas traseiros e, exemplo da Jangada, perdeu o tradicional estampo em baixo relevo nas portas traseiras, que se estendiam até o para-lamas.
Foi o "canto do
cisne" para o elegante sedan que aqui estreou em 1959.
Continua...
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