A Volkswagen fazia parte da Autolatina (joint-venture com a
Ford) e o Gol já tinha atributos de sobra para suceder o Fusca.
Entretanto, em 1993, após o impedimento do Collor e a ascensão do Vice-Presidente Itamar Franco, foi sugerido às acomodadas montadora
aqui instaladas (Volkswagen, Chevrolet, Ford e Fiat) que produzissem carros
populares – para incrementar a produção e venda de veículos, gerar mais
empregos, mais impostos etc. Não era uma ideia original, pois em meados da década de 60 o mesmo ocorreu.
Em fevereiro de 1993 foi assinado o protocolo do carro popular, com IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) simbólico de 0,1%.
A categoria de “carro popular” foi inicialmente concebida para veículos com motor de, no máximo, 1.000 cc – e que custassem US$ 6,8 mil.
Quem "lambeu os beiços" foi a Fiat (a Gurgel já estava fora do páreo), pois desde 1976 dispunha de um motor com 1.050cc (usado no modelo 147 e, depois, no Uno) que, com pequenos ajustes, deu origem a um motor com 999cc.
Mas como no Brasil a exceção à regra é algo levado muito a sério, a legislação foi alterada (adivinhem a pedido de quem?) de forma a permitir que carros com motor 1.600 refrigerados a ar pudessem ser enquadrados como populares.
Até então a
Volkswagen não dispunha de nenhum motor 1.0 em seu portfólio e, para ganhar
tempo junto ao consumidor, chegou a afirmar que “não produziria carros com
motor 1.000cc porque seriam inseguros”. Pura bravata: até o fim da década de
1960 a VW do Brasil também dizia que "carros com 4 portas eram menos
seguros que os seus, que só tinham 2 portas".
Quando a Ford lançou o Escort 1.0 e as vendas do modelo
reagiram, a VW tratou de usar o mesmo motor no Gol para usufruir do imposto
mais baixo.
O plano de estabilização financeira bancado pelo então
Presidente Itamar Franco deu origem à nossa atual moeda - o Real - e a economia
brasileira finalmente começou a se estabilizar. A entrada maciça de carros
importados foi acompanhada de importantes lançamentos no mercado nacional.
Reza a lenda que o relançamento do Fusca, ainda em 1993,
teria sido a "resposta da Volkswagen aos apelos do então presidente Itamar
Franco para que a indústria começasse a produzir carros para o povo".
Reunindo qualidades como durabilidade, robustez e
manutenção barata, o Fusca havia dominado o mercado duas décadas antes. Ele
originou o Brasília (1973) que era mais moderno e espaçoso, mas que deixou de
ser produzido em 1981 para não concorrer com o Gol – lançado em 1980. Este
nasceu com o velho motor 1.300 refrigerado a ar, do Fusca, mas era tão fraco
que logo ganhou uma versão 1.600, também refrigerada a ar (o mesmo da finada
Brasília) e, em 1984, a opção do motor 1.6 refrigerado a água – que o salvou do
fracasso.
O Fusca sobreviveu até 1986 (desde 1984 somente com motor
1.6 a ar) e se despediu do mercado com uma versão de despedida entitulada
“Última Série”.
Dizem alguns entendidos que a VW errou ao optar pelo fim do
Brasília, em vez do Fusca. Mas em 1986 o fusca finalmente foi sacrificado para
impulsionar as vendas da linha Gol-Voyage-Parati. De fato, as vendas do Gol
deslancharam a partir de 1987.
Mas é interessante anotar o que a Volkswagen disse na despedida do Fusca, em 1986: “Às vezes o avanço tecnológico de uma empresa não está no que ela faz, mas no que deixa de fazer”. No relançamento do carro, a revista 4 Rodas disse: “Se o contrário também vale, então viva o retrocesso!” – e citava “10 razões para não se comprar o Fusca relançado em 1993”.
ABAIXO, O CRASH TEST
DO FUSCA ITAMAR E O PROTÓTIPO
CONFIRA ALGUMAS PROPAGANDAS DO RELANÇAMENTO
Os maquinários usados para produzir novamente o Fusca tinham sido vendidos aos fabricantes de peças de reposição do modelo. A VW, então, passou a comprar partes produzidas por esses fabricantes.
Continua...
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