Em 1992 o carro grande da General Motors do Brasil era o veterano Chevrolet Opala. Fabricado desde 1968, com base no Opel Rekord C alemão, o sedan e, a partir de 1975, a perua Caravan, utilizariam mecânica de origem norte-americana. Como seus rivais eram bem defasados e vigorava a proibição de se importar automóveis, a linha Opala-Caravan venderia bem por muitos anos, mas deixaria de ser produzido em 1992.
O Omega estrearia no
Brasil em agosto de 1992, já como modelo 1993. Nessa época o mercado nacional já
estava aberto aos estrangeiros. Além de concorrer com alguns modelos importados
(Toyota Camry, Honda Accord e outros), o modelo tinha a dura missão de conquistar
os fãs do Opala e da Caravan.
O Omega era fabricado pela General Motors do Brasil com a “gravatinha” da Chevrolet. Na Europa o modelo era produzido desde 1986 com o logo da Opel (na Austrália ostentava o logo da Holden).
Imponente, o Omega media 4,74 m de comprimento, tinha 1,76m de largura, 1,41m de altura e generosa distância entre eixos de 2,73m, que proporcionava amplo espaço na cabine. A carroceria era sempre oferecida com 4 portas.
O motor menor, 2.000cc, 4 cilindros e 8 válvulas, a gasolina, era o veterano "Família 2" utilizado pelo Monza e Kadett, com bloco de alumínio. Tinha injeção eletrônica mais moderna que a Bosch LE-Jetronic do Monza e Kadett, do tipo multiponto Bosch Motronic 1.5, de processamento digital e sensor de detonação (na versão a álcool), e sensor de oxigênio no escapamento. Instalado na posição longitudinal, rendia 116 cv de potência, acelerava de 0 a 100 Km/h em 12,6s (versão a gasolina) e alcançava a boa velocidade máxima de 190 km/h. O consumo era de 6,5 km/l na cidade e 9,8 km/l na estrada. Marcas incrivelmente similares à do motor 3.0 6 cilindros.
Ainda em 1993 surgiria a versão 2.0 a álcool, mais potente (130 cv) e veloz. A aceleração de 0 a 100 km/h exigia 11s e o ponteiro do velocímetro roçava os 200 Km/h. Na época, era o motor 4 cilindros 8V (fabricado em série) mais potente do mundo! O consumo não era nada empolgante: 5,7 km/l na cidade e 9,0 km/l na estrada. Para complicar, nessa época o consumidor não estava disposto a comprar carros a álcool e as conversões eram constantes nas retíficas de motores. Por isso esse motor teria vida curta.
Já o motor maior, de 6 cilindros e 3.000cc, era importado da Opel
alemã. Possuía comando de válvulas no cabeçote, fluxo de admissão e escape do
tipo reverso. O bloco e o cabeçote eram de ferro fundido e rendia 165 cv, com
aceleração de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos. Vinha de série com câmbio manual de
5 velocidades (o primeiro com marcha a ré sincronizada, no Brasil). Opcionalmente,
a GM oferecia uma transmissão automática de 4 velocidades, com inéditas 3
opções de condução: “normal” (voltada para a economia), “sport” (foco no
desempenho) e anti-patinação (inverno). Com câmbio manual, alcançava a velocidade máxima
de 222 km/h (212 km/h com câmbio automático ZF). Eram marcas invejáveis. Com câmbio
automático o consumo de gasolina era de 6,9 km/l na cidade e 9,7 km/l na
estrada. Com câmbio manual, as marcas eram parecidas: 6,7 Km/l na cidade e 9,9
km/l na estrada.
O Omega introduziu no mercado nacional tecnologias até então inexistentes
por aqui. Destacava-se da concorrência pelo bom coeficiente aerodinâmico, elevado
nível de segurança (foi um dos primeiros carros nacionais a oferecer freios ABS)
e acabamento caprichado.
O ótimo coeficiente de aerodinâmica (0,30) era perceptível a partir da inclinada frente em formato de cunha. As palhetas do limpador dos vidros ficavam escondidas sob o capô. As janelas laterais eram rentes à carroceria, e os vidros se movimentavam pelo lado de fora das canaletas. As maçanetas eram totalmente embutidas e a coluna traseira tinha caimento suave.
Na versão CD a instrumentação era digital, bem típica da época. Confira abaixo.
Em abril de 1993 foi lançada a espaçosa versão station wagon, também com 4 portas, denominada Suprema. A exemplo do sedan, o recorte da tampa traseira terminava rente ao para-choque, facilitando a movimentação das bagagens.
A Suprema compartilhava os mesmos motores e opções de acabamento do sedan. Graças ao formato bem vertical da tampa traseira (similar ao da perua Kadett Ipanema), o porta-malas tinha ótima capacidade: 540 litros até a altura dos bancos e 960 até o teto. Rebatendo-se o banco traseiro cabiam 1.850 litros!
No segundo semestre de 1994 a GMB lançou a série limitada Diamond, na cor vinho, com o mesmo acabamento da versão GLS e equipada com o motor 3.0 de 6 cilindros.
Nesse mesmo
ano surgiu a terceira versão da linha Omega, denominada GL, com acabamento mais simples e sempre com motor a álcool,
voltada para os frotistas e taxistas. Na Europa o Omega sofreria uma
reestilização completa.
Em 1995, com a descontinuação do Omega A na Alemanha, o antigo motor 6 cilindros 3.0 deixaria de ser produzido para dar a vez ao moderno ECOTEC MV6, 3.0 e 24 válvulas, com 210 cv de potência. Como ficaria caro demais importar esse propulsor, a GMB apostaria as fichas no velho propulsor 250 4.1/S 6 cilindros, usado no Opala Diplomata SE 4.1 até 1992. Devidamente atualizado pela Lotus Engineering (que na época pertencia à GM), as peças móveis ficariam mais leves, o novo cabeçote teria dutos de admissão e escape individuais, e seria adotada a moderna injeção eletrônica sequencial Bosch Motronic 2.8.1.
O motor nacional 2.0 4 cilindros carecia de força em baixas rotações. Por isso, em 1995 a
cilindrada cresceria para 2.200cc, em função do aumento do curso dos
pistões de 86 para 94,6mm. O torque passaria de 17,3 para 20,1 kgfm a 2.800 RPM, mas a potência continuaria inalterada. Como as bielas aumentaram pouco (de 143
para 148), o motor ficou um tanto áspero. A ignição passou a ser direta, sem
distribuidor. Esse motor equiparia somente a versão de entrada (GL).
Ainda nesse ano o acabamento da versão CD receberia apliques imitando
madeira nas portas e no console do câmbio, além de couro nos bancos (opcional),
retrovisor interno fotocrômico, novas rodas com design atualizado, lanternas
traseiras fumê e um discreto aerofólio na tampa do porta-malas.
Em 1998, último ano de fabricação do Omega no Brasil, a GMB ofereceu uma série especial de despedida, com itens exclusivos: rodas esportivas (não
muito condizentes com a proposta do veículo); painel com tipografia
diferenciada e iluminação em tom verde; tecla para travamento central das
portas; novos logotipos e emblemas; sistema de proteção de sobrecarga elétrica
e ajustes no motor para reduzir o consumo. Mas faltavam air bags e barras de
proteção laterais, presentes em modelos de nível inferior.
Em seis anos de fabricação (1992 a 1998), foram vendidos 93.282 Omegas
– marca expressiva devido ao preço e porte, incluindo 12.221 peruas Suprema,
produzida de março de 1993 a julho de 1996.
NOTAS:
A segunda geração, Omega B, surgiria na Alemanha em 1994, mas não
chegaria a ser vendida oficialmente no Brasil (algumas unidades seriam trazidas
por importadores independentes). Em 1999 o Omega sofreria um face-lift no
mercado Europeu e estenderia suas vendas até 2003.
Em 1999, o Chevrolet Omega mudaria completamente no Brasil. Sairia de cena o
alemão nacionalizado e entraria um australiano, que em realidade nem era chamado
assim em seu país de origem. Em sua décima geração, o Holden Commodore (VT) seria utilizado pela GMB para tentar tapar o buraco deixado pelo Opel - em vão.
Em 2007, ocorreria uma reestruturação geral do modelo, utilizando a
plataforma GM Zeta, um chassi inteiramente novo. Este modelo seria produzido na
Austrália até 2013, como Holden Commodore VE, mas seria vendido por aqui como "Chevrolet" até 2012.
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