terça-feira, 16 de novembro de 2021

CONCORDE V8

 

Quando se ouve a palavra Concorde, a maioria das pessoas imediatamente associa ao belíssimo avião supersônico produzido por um consórcio franco-britânico (foto acima). 
A aeronave decolou, pela primeira vez, em 1969, mas os primeiros voos comerciais só tiveram início em 1976. 
A empresa AIR FRANCE fazia voos de Paris ao Rio de Janeiro, com uma escala em Dakar. O último voo comercial foi em 2003. Foram produzidas apenas 20 aeronaves ao longo de um período de 13 anos...

O CONCORDE "Made in Brazil" era um belíssimo automóvel conversível criado por João Storani. 
Filho de italianos, comendador e empresário de Jundiaí (SP), Storani colecionava conversíveis antigos, e essa paixão originou o Concorde em 1974. Além de João, participaram do projeto os filhos João Antônio e Cesar Augusto. 
 
O conversível tinha linhas clássicas dos americanos dos anos 30, mas não era réplica exata de nenhum carro especificamente. Mas a traseira buscou inspiração no Duesenberg SJ. A década de 1930 foi uma época de inovação no desenho dos carros e inspirou a construção de muitas réplicas nacionais – como o pioneiro MP Lafer. Embora baseado no MG TD de 1950, este era uma evolução do TA de 1935. O estilo do período ainda estaria no Avallone TF e no Alfa Romeo 2300 1931, da L’Automobile, todos inspirados em clássicos europeus. 
Nessa época a maioria dos pequenos fabricantes de automóveis recorria à plataforma com o motor VW boxer refrigerado a ar, mas o Concorde inovou ao adotar a mecânica do Ford Galaxie.
 
No começo Storani não pensava em comercializar o carro, mas Roberto Lee, então Presidente do Veteran Car Clube e amigo de João Storani, ao ver o carro pronto convenceu-o a expor o belíssimo conversível no Salão do Automóvel de 1976, onde foi bem recebido pelo público. 
 
O sucesso da empreitada levou Storani a criar a “Concorde Indústria de Automóveis Especiais”. 
 
 
O carrão tinha 5,20 m de comprimento e 1,92m de largura, mas apenas 1,40m de altura até o teto. 
O chassi era próprio e o entre-eixos foi aumentado para 3,48m (46 cm a mais que o do Galaxie). 
O peso era de 1200 kg (500 a menos que o Galaxie, por utilizar plástico reforçado com fibra-de-vidro em vez de chapas de aço). 
Apesar das dimensões avantajadas, o estilo comprometia a ergonomia e o espaço interno. Com a capota fechada a cabine fica apertada, principalmente se o motorista tiver mais de 1,70m de altura. O ideal é dirigir o carro com a capota arriada, pois assim fica mais fácil ouvir o agradável ronco do motor V8 do Ford Gálaxie.
 
O interior era revestido em couro, e o painel e volante eram de madeira. O motorista tinha ao seu dispor velocímetro, conta-giros e marcadores de pressão do óleo, temperatura da água e nível de combustível. 
As suspensões eram do tipo independente na dianteira e com eixo rígido na traseira, proporcionando um rodar macio e prazeroso.
A frente, robusta, possuía uma imponente grade cromada em V. 
Há um belo jogo de faróis redondos e uma mulher alada sobre a tampa do radiador. 
Os pára-lamas largos e ondulares formavam um interessante conjunto com o estribo. 
As aletas da grade eram em aço inoxidável, e havia componentes cromados fundidos em bronze. Destaque para os falsos tubos de exaustão nas laterais do capô. 
De cada lado há um pneu-reserva, sobre os quais estão fixados os espelhos retrovisores. 
As rodas raiadas são calçadas com pneus de faixa branca. 
Na traseira, em forma de cunha, existe um pequeno porta-malas e um bagageiro externo, que pode ser recolhido. 
As pequenas lanternas traseiras projetam-se para fora em graciosos suportes.
 
 
Todas as versões eram conversíveis: ROADSTER (sem teto ou janelas laterais), CABRIOLET – ambas com 2 lugares – e a PHAETON (sem vidros laterais, mas com teto e 5 lugares).
O endinheirado cliente podia escolher o acabamento e por isso cada Concorde era um carro único.
 
Era possível optar pelo antigo motor V8 292 (4,8 litros) ou pelo moderno 302 (4,9 litros). 
 
 
A transmissão poderia ser manual (de 3 ou 4 marchas, com alavanca na coluna de direção) ou automática (3 marchas). 
 
A velocidade máxima ultrapassava dos 190 km/h e a aceleração de 0 a 100 exigia parcos 9 segundos.
 
Uma versão para quatro passageiros chegou a ser apresentada no XII Salão, em 1981. Era objetivo de Storani exportar kits do carro para os EUA, mas o projeto não teve sucesso. 
 
Foram finalizados 15 carros, e 2 exemplares foram exportados. Sobraram 3 carrocerias, que acabaram sendo utilizadas em outro projeto, o Harpia. 
 
Ao todo foram produzidos 20 Concordes (curiosamente a mesma quantidade do avião supersônico), sendo 18 unidades fabricadas na década de 80 por João Storani (na fábrica de Vinhedo-SP) e mais 2 unidades fabricadas no Bairro da Moóca após a venda da fábrica. 
 
Storani morreu em 1996, com 72 anos. 
 
Placas de algumas unidades sobreviventes: BRJ2398 - CJM7319 - CMC6939 - CZF9662 - CZF9777 - DCK5671 - LIJ5862

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