Quando
se ouve a palavra Concorde, a maioria das pessoas imediatamente associa
ao belíssimo avião supersônico produzido por um consórcio
franco-britânico (foto acima).
A aeronave decolou, pela primeira vez,
em 1969, mas os primeiros voos comerciais só tiveram início em 1976.
A empresa
AIR FRANCE fazia voos de Paris ao Rio de Janeiro, com uma escala em
Dakar. O último voo comercial foi em 2003. Foram produzidas apenas 20 aeronaves ao longo de um período de 13 anos...
O CONCORDE "Made in Brazil" era um belíssimo automóvel conversível criado por João Storani.
Filho
de italianos, comendador e empresário de Jundiaí (SP), Storani colecionava
conversíveis antigos, e essa paixão originou o Concorde em 1974.
Além de João, participaram do projeto os filhos João Antônio e Cesar Augusto.
O conversível tinha linhas clássicas dos
americanos dos anos 30, mas não era réplica exata de nenhum carro
especificamente. Mas a traseira buscou inspiração no Duesenberg SJ. A década de 1930 foi uma época de inovação no desenho
dos carros e inspirou a construção de muitas réplicas nacionais – como o
pioneiro MP Lafer. Embora baseado no MG TD de 1950, este era uma evolução do TA
de 1935. O estilo do período ainda estaria no Avallone TF e no Alfa Romeo 2300
1931, da L’Automobile, todos inspirados em clássicos europeus.
Nessa época a maioria
dos pequenos fabricantes de automóveis recorria à plataforma com o motor VW boxer
refrigerado a ar, mas o Concorde inovou ao adotar a mecânica do Ford Galaxie.
No começo Storani não pensava em comercializar o carro, mas Roberto
Lee, então Presidente do Veteran Car Clube e amigo de João Storani, ao ver o
carro pronto convenceu-o a expor o belíssimo conversível no Salão do Automóvel de 1976, onde foi bem recebido pelo público.
O sucesso da empreitada levou Storani a
criar a “Concorde Indústria de Automóveis Especiais”.
O carrão tinha 5,20 m de comprimento e 1,92m
de largura, mas apenas 1,40m de altura até o teto.
O chassi era próprio e o
entre-eixos foi aumentado para 3,48m (46 cm a mais que o do Galaxie).
O peso
era de 1200 kg (500 a menos que o Galaxie, por utilizar plástico reforçado com
fibra-de-vidro em vez de chapas de aço).
Apesar das dimensões avantajadas, o
estilo comprometia a ergonomia e o espaço interno. Com
a capota fechada a cabine fica apertada, principalmente se o motorista tiver
mais de 1,70m de altura. O ideal é dirigir o carro com a capota arriada,
pois assim fica mais fácil ouvir o agradável ronco do motor V8 do Ford Gálaxie.
O interior era revestido em
couro, e o painel e volante eram de madeira. O motorista tinha ao seu dispor
velocímetro, conta-giros e marcadores de pressão do óleo, temperatura da água e
nível de combustível.
As suspensões eram do tipo independente na dianteira e
com eixo rígido na traseira, proporcionando um rodar macio e prazeroso.
A frente, robusta, possuía uma imponente grade
cromada em V.
Há um belo jogo de faróis redondos e uma mulher alada sobre a
tampa do radiador.
Os pára-lamas largos e ondulares formavam um interessante
conjunto com o estribo.
As aletas da grade eram em aço inoxidável, e havia componentes
cromados fundidos em bronze. Destaque para os falsos tubos de exaustão nas
laterais do capô.
De cada lado há um pneu-reserva, sobre os quais estão fixados
os espelhos retrovisores.
As rodas raiadas são calçadas com pneus de faixa
branca.
Na traseira, em forma de cunha, existe um pequeno porta-malas e um
bagageiro externo, que pode ser recolhido.
As pequenas lanternas traseiras projetam-se
para fora em graciosos suportes.
Todas as versões eram conversíveis: ROADSTER
(sem teto ou janelas laterais), CABRIOLET – ambas com 2 lugares – e a PHAETON (sem
vidros laterais, mas com teto e 5 lugares).
O endinheirado cliente podia escolher o
acabamento e por isso cada Concorde era um carro único.
Era possível optar pelo antigo motor V8 292
(4,8 litros) ou pelo moderno 302 (4,9 litros).
A transmissão poderia ser manual (de
3 ou 4 marchas, com alavanca na coluna de direção) ou automática (3 marchas).
A
velocidade máxima ultrapassava dos 190 km/h e a aceleração de 0 a 100 exigia parcos 9
segundos.
Uma versão para quatro passageiros chegou a ser
apresentada no XII Salão, em 1981. Era objetivo de Storani exportar kits do
carro para os EUA, mas o projeto não teve sucesso.
Foram finalizados 15 carros, e 2 exemplares
foram exportados. Sobraram 3 carrocerias, que acabaram sendo utilizadas em outro
projeto, o Harpia.
Ao todo foram produzidos 20 Concordes (curiosamente a mesma quantidade do avião supersônico), sendo 18
unidades fabricadas na década de 80 por João Storani (na fábrica de Vinhedo-SP)
e mais 2 unidades fabricadas no Bairro da Moóca após a venda da fábrica.
Storani morreu em 1996, com 72 anos.
Placas de algumas unidades sobreviventes: BRJ2398 - CJM7319 - CMC6939 - CZF9662 - CZF9777 - DCK5671 - LIJ5862
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