quinta-feira, 16 de março de 2023

PROTÓTIPOS DOS NOVOS AERO WILLYS E ITAMARATY 1970 e 1972

Em abril de 1967, o mercado nacional foi sacudido com a notícia de que a Willys-Overland do Brasil seria absorvida pela Ford.

A Kaiser americana aproveitou uma conjuntura favorável e se desfez de suas fábricas de automóveis.

A IKA (Indústrias Kaiser Argentina) foi para as mãos da Renault.

A Kaiser-Jeep norte-americana foi vendida à American Motors.

A Willys-Overland do Brasil foi vendida para a Ford em 1967, e esta continuou a produzir a linha Aero/Itamaraty (a limousine Executivo não, pois competia com o Galaxie), o Gordini, o Jeep, a Rural e a picape F-75.

Em 1969 Henry Ford esteve no Brasil e conheceu os PROTÓTIPOS de “novos Aero/Itamaraty para 1970".

As alterações se concentravam na dianteira, com novos capôs, pára-lamas, pára-choques, faróis (retangulares), piscas dianteiros nas extremidades dos pára-lamas e novas grades.

Para o Aero, uma ampla grade cromada uniria os faróis.

Para o Itamaraty, uma grade tipo radiador, semelhante à do Lincoln Continental Mark III.


 



Como se pode perceber nas fotos acima, os protótipos eram feios e desengonçados, razão pela qual a Ford (felizmente) vetou sua produção.

Com isso, o Aero e o Itamaraty foram produzidos com as mesmas linhas básicas até 1971, quando cederam espaço para o Maverick, lançado em 1973.

Uma reestilização "meia-sola" para um Itamaraty 1972 chegou a ser preparada (vide fotos abaixo). O resultado até ficou interessante...


 

O "Itamaraty 1972" teria sido o "canto do Cisne" para o elegante e luxuoso sedan, e agradaria em cheio aos que achavam o Galaxie "grande demais".

Mas a Ford optou por não investir mais nos defasados modelos herdados da Willys e concentrou os recursos no "novo" Maverick - que dele herdou o motor 6 cilindros.

domingo, 5 de março de 2023

WILLYS EXECUTIVO (LIMOUSINE) E CADASTRO NACIONAL

Willys Itamaraty Executivo

O projeto da primeira e única limousine produzida por uma grande montadora aqui instalada foi do então presidente da Willys Overland do Brasil, Willian Max Pearce. Ele e Mauro Salles lançaram o Interlagos e, mais tarde, o novo Aero 1963 no Salão do Automóvel de Paris. 

O projetista espanhol José Ramis Melschiso deu forma ao design do modelo, a partir do Itamaraty convencional, inserindo 75 centímetros entre as portas dianteiras e as portas traseiras. 

As carrocerias eram adaptadas pela Karmann-Ghia e o vidro traseiro era bem pequeno, para dar mais privacidade aos seus “exclusivos” ocupantes. 

Por conta da maior distância do entreeixos (3,45m, contra 2,73m do Itamaraty "normal") a limousine EXECUTIVO media longos 5,52m de comprimento, com o habitáculo dividido em dois compartimentos: o do motorista e o dos passageiros, separados por um vidro. 

Essa limousine foi construída em número muito limitado, para dar ainda mais prestígio à marca, cabendo o primeiro exemplar ao presidente da República. 

lançamento oficial se deu no V Salão do Automóvel, que se realizou no pavilhão do Ibirapuera/SP de 25 de novembro a 12 de dezembro de 1966, com a entrega do modelo Especial (E-340 chassi 05) ao então Presidente da República, o Marechal Castello Branco.

Para o lançamento do Galaxie, o Marechal Castelo Branco teria se deslocado até a fábrica da Ford no Ipiranga a bordo de um Executivo Especial (E-340 chassis 5), o que deve ter irritado bastante os convidados americanos da Ford...

Esse automóvel verdadeiramente “presidencial” tinha rádio-transmissor colocado no porta-malas, mastro para bandeiras nos pára-lamas dianteiros e brasões da República nas colunas, além de um televisor e de um velocímetro no console central traseiro.

O habitáculo para passageiros exibia interior em couro, nas cores havana, cinza, preta ou branca na parte dos passageiros e preta no assento do motorista (só um exemplar tem a cor havana nas duas cabines). 

Os automóveis saíam da fábrica geralmente na cor preta e apenas dois veículos foram pintadas com outra cor: um azul marinho (de uso da própria Willys, posteriormente pintado de preto pela própria fábrica) e outro na cor verde. 

Sabe-se que dos veículos existentes atualmente, apenas um não é preto e sim azul. 

Acima, detalhes do Executivo

A versão STANDARD, tecnicamente conhecida como série 6-1152 S-340, tinha diversas características exclusivas, mas era menos luxuosa que a versão Especial, que era da série 7-1153 E-340. Oferecia assentos para 5 pessoas (duas no banco da frente e 3 no banco de trás), mais 2 pessoas em banquinhos escamoteáveis, nas laterais. Havia um anteparo entre o motorista e os passageiros (com vidros de acionamento elétrico), com um rádio de 4 ondas com leitor de cassetes de cartucho Clarion Car Stereo. Também oferecia apoio móvel para os pés, apliques de jacarandá da Bahia, vidros Ray-ban e uma pequena placa de prata na qual era gravado “Fabricado especialmente para ...”. Havia ainda no console um acendedor de cigarros, que podia ser retirado para ligar um barbeador elétrico e, internamente, um gravador estereofônico e os comandos de ar condicionado. Além disso o modelo oferecia luzes internas dirigíveis, para leitura.

A versão ESPECIAL oferecia todos esses itens, mas no compartimento dos passageiros havia apenas dois bancos, separados entre si por um console central, onde se localizavam os comandos das luzes internas, um gravador da marca Sony, um barbeador da marca Remington-Roll-a-Matic e o já citado rádio. Não havia nada comparável na época...

O conhecido motor de 6 cilindros (3.014cm3) com carburador de corpo duplo rendia 132 cavalos, mas por conta do maior peso da carroceria (de 1.440 para 1.611 Kg), a velocidade máxima caiu para 142 km/h. Isso não era um problema em si pois uma limousine não costumava rodar em altas velocidades. 

As carrocerias não eram blindadas, ao contrário do que se difundiu à época. Se fossem, o motor provavelmente não daria conta de deslocar o peso adicional da blindagem...

Logo após o Salão de 1967 foi anunciada a venda da Willys à Ford, que passava a produzir no país um veículo realmente novo, de luxo e muito mais avançado: o Galaxie

Em função de custos, a Ford decidiu encerrar a produção da Limousine, pois custava 27.003 cruzeiros, contra 21.909 cruzeiros do Galaxie e apenas 13.947 cruzeiros do Itamaraty...]

Alguns exemplares do Executivo

NOTAS:

1) Alguns exemplares tinham detalhes que lhes conferiam exclusividade, como o grande teto solar do “Especial” número 5 que pertenceu ao Governo do Estado de São Paulo.

2) A ordem de fabricação não respeitou a ordem numérica dos chassis e um dos últimos a saírem da fábrica (Ford-Willys) foi o “Standard” número 16 que foi vendido para a prefeitura da cidade gaúcha de Pelotas em julho de 1969. Era um modelo realmente simples pois não tinha o nome Itamaraty nem o detalhe prateado no capô. Tinha a grade dianteira do Itamaraty 68 e o console do habitáculo dos passageiros inteiriço, pois não possuía rádio. Este automóvel agora se parece com os outros porque o atual proprietário fez modificações a fim de igualá-lo aos demais. Percebe-se, que a fábrica aceitava modificações, pois o automóvel seguinte, de número 18, saiu da fábrica em agosto de 1969 sem as modificações por que passou o número 16. Ao que consta, o Executivo Standard de número 14 foi o último modelo produzido antes da venda da Willys e que ficou “escondido” na fábrica por alguns anos até ser finalmente vendido a um particular.

3) Poucos desses automóveis foram vendidos para particulares já que 2 foram para a Presidência da República (S-4 e E-5), 6 para governos estaduais (S-10 Bahia, S-15 Mato Grosso, E-2 Minas Gerais, E-3 Guanabara, E-4 São Paulo e E-6 Rio Grande do Sul), 3 para o Ministério das Relações Exteriores (S-6, S-8, S-13), 1 para o Ministério da Aeronautica (S-11), 1 para o Tribunal de Justiça do Paraná (S-1) e 1 para a Prefeitura de Pelotas (S-16). Dos demais que se tem notícia, 3 foram vendidos para empresas e 5 para pessoas físicas. Dos vendidos para o governo, apenas 2 permanecem com ele que são o do Ministério da Aeronáutica (S-11) que está exposto ao lado do avião Viscount da Presidência da República no Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos (RJ) e o do governo do Mato Grosso (S-15) que, tombou o automóvel – agora parte integrante do patrimônio histórico do Palácio Paiaguás, sede do governo do Mato Grosso.

4) Nenhum outro automóvel serviu a tantos presidentes e autoridades estrangeiras quanto os “Executivos”. Para se ter uma ideia, só o Presidencial (E-5) serviu a 7 presidentes da República e teve sua última grande aparição pública quando da posse do presidente Collor quando foi usado para levar sua esposa à cerimônia.

5) Entre os passageiros mais ilustres passageiros que se serviram da limousine temos a rainha Elisabeth II da Inglaterra, o Príncipe Akihito e a Princesa Michiko do Japão, a Primeira Ministra Indira Ghandi, da Índia, entre outros.

6) Foram produzidas 27 limousines no total, sendo 2 protótipos, 19 do modelo Standard e 6 do Especial.

7) Quando da restauração de um dos Itamaratys executivos surgiu a dúvida se ele seria o que serviu o Governo do Estado de São Paulo, que foi esclarecida quando tiraram o console que separava a cabine do motorista da dos passageiros. Ela estava com algumas balas cravadas, e era esse o veículo que serviu o governador Roberto de Abreu Sodré. Este sofreu um atentado em 1968, e o carro foi metralhado, mas ele não sofreu nenhum ferimento porque era comum os passageiros do Itamaraty Executivo usarem os banquinhos laterais do carro para esticar as pernas quando não havia ninguém para utilizá-los. Caso não houvesse esse banquinho, o então governador teria as pernas alvejadas pelos tiros.

Recomendo a leitura da matéria abaixo, publicado nas revistas especializadas da época:



CLIQUE NAS IMAGENS ACIMA PARA AMPLIÁ-LAS

CADASTRO NACIONAL DA LIMOUSINE EXECUTIVO

Placas Cinza, Pretas ou Mercosul:  AIP2873 - ALU1967 – BJO5145 – CNC1967 – CVC0744 – DIL1967 – EAM1967 – GXZ1967 - HGU1967 - JEI0001

Total: 10 exemplares

Última atualização em 18 de julho de 2024