segunda-feira, 26 de outubro de 2020

FIAT PANORAMA - 1980 A 1986


O modelo Panorama nada mais era que a versão "perua" do Fiat 147. Sua vendas tiveram início em março de 1980, na versão única C, e se estendeu até 1986, sendo muito bem sucedida pela Elba, derivada do Uno.

Quando a Panorama surgiu, a linha 147 estava recebendo um providencial “face lift” e a denominação “Europa”. O capô dianteiro ficaria mais inclinado, melhorando a aerodinâmica e assemelhando-se a outros modelos produzidos na Europa.

Além do hatch havia uma picape (primeira derivada de automóvel do Brasil), mais o Furgão Fiorino.

A perua herdava do 147 toda a porção dianteira, até a coluna “B”, mas tudo era novo até a parte traseira, concebido pela filial brasileira (apenas o nome seria emprestado de um modelo produzido na Itália, derivado do 128). As lanternas traseiras eram retangulares e posicionadas na vertical, mas sem avançar na tampa traseira. Os para-lamas traseiros tinham um indisfarçável sulco vertical logo após a roda traseira (assim como o sedan Oggi), denunciando o aproveitamento de parte do para-lama do 147. O teto tinha um “degrau” que denunciava o aproveitamento do teto do hatch, mas para que o espaço dos passageiros e das malas não ficasse comprimido pelas linhas descendentes, a Fiat providenciou o enxerto. Se na época fosse oferecido rack, o remendo passaria despercebido.

A porta traseira abria rente ao assoalho, facilitando bastante a movimentação das bagagens. O amplo porta-malas era totalmente aproveitável porque o pneu-reserva viajava no cofre dianteiro. Por isso acomodava 669 litros até o limite do encosto do banco traseiro ou 730 litros até o teto (rebatendo-se o encosto do banco traseiro, a capacidade atingia inacreditáveis 1.440 litros (até o teto).


O vidro lateral traseiro era divido em duas partes (inteiriço na rival VW Saveiro) e basculava, para mais conforto dos ocupantes do banco de trás.

Pesando 835 Kg (apenas 45 Kg a mais que o 147), o comprimento da Panorama era de meros 3,91m. Tinha 1,54m de largura e 1,42m de altura, com entre-eixos de apenas 2,22m. Apesar disso, oferecia um espaço interno inigualável, graças a pelo menos três fatores: carroceria com formato de “caixa de sapato”, tração dianteira e estepe localizado no cofre dianteiro.

A primeira versão, de 1980, era equipada somente com motor Fiasa 1.3, a gasolina, com 61 cavalos de potência. Segundo teste da Revista Quatro Rodas, (edição de abril/1980), o carro acelerava da imobilidade até os 100 km/h em apenas 17,6 s, alcançando a velocidade máxima de cerca de 140 Km/h. O consumo médio era de 8,2 km/l na cidade e 15,02 km/l na estrada. Como o tanque de combustível tinha a ótima capacidade de 52 litros, a autonomia podia superar os 600 km.

Com suspensão independente nas quatro rodas, a estabilidade era muito boa, graças ao ajuste firme, mas sem prejudicar o conforto. Mas nem tudo eram flores: o câmbio de quatro marchas era o mesmo do 147 (duro e impreciso, exigia força e muita paciência em manhãs muito frias). A troca da correia dentada exigia uma habilidade que nossos mecânicos ainda não dispunham.

A principal rival da Panorama era o Chevrolet Marajó, perua derivada do Chevette e lançada no fim de 1980 (a VW Variant II não era mais produzida e as outras opções do mercado eram o Ford Belina II e o Chevrolet Caravan, de segmento superior). A Marajó tinha 4,20m de comprimento, 1,57 m de largura e 2,39 m de entre-eixos, é nos porta-malas cabiam apenas 469 litros com o encosto do banco traseiro em posição normal, ou 1.282 com ele rebatido. Por conta das linhas descendentes do teto, o porta-malas era mais “raso” (e menor). Em troca, as linhas do Chevrolet eram mais harmônicas que as do Fiat, e seu teto era liso, sem o estranho “degrau” presente no rival. Comparado à Marajó, o modelo da Fiat mostrava mais vantagens, principalmente no amplo porta-malas (graças ao teto mais elevado e ao fato de não transportar o pneu-reserva). A Marajó tinha motor longitudinal e gastava mais combustível. A tração traseira oferecia melhor desempenho em estradas de terra e em subidas íngremes, mas tornava a cabine apertada para os ocupantes do banco traseiro. 

Em 1981 surgiria a segunda e última versão, denominada CL, bem mais luxuosa. 


Mas o grande rival da Panorama seria lançado em 1982: a perua Volkswagen Saveiro, derivada do Gol. Ela faria tanto sucesso que até seria “carro da moda”!

A segunda e última reestilização da Panorama ocorreria em 1983, quando repetiria as linhas dianteiras do Spazio, última geração do 147. As laterais ganhariam protetores plásticos de poliuretano, para-choques envolventes (de plástico), novo volante e painel, câmbio de 5 marchas e melhor isolamento acústico. Apesar da notável evolução, o estilo ficaria carregado demais, sem a harmonia de 1980. Até que seria bem resolvida se fosse uma versão aventureira, mas não era o caso. 


Apesar de ser uma perua com vocação familiar, infelizmente a Panorama só foi produzida com 2 portas. Na época o brasileiro rejeitava os carros de 4 portas (carros de praça) e ainda se difundia, erroneamente, que “carros 2 portas eram mais seguros para quem transportava crianças no banco de trás”. Na verdade, carros com 4 portas tendem a custar mais que versões com duas portas, e as montadoras queriam faturar o máximo oferecendo o mínimo. Não mudou muito nesses anos todos...

A versão “C” foi produzida de 1980 até 1985, e podia receber os motores 1.050cm³ (gasolina), de 55 CV; 1.300cm³ (gasolina), de 61 CV e o 1.300 cm³ (etanol), de 62 CV.

Já a versão “CL” foi produzida de 1980 até 1986, sempre com motor 1.300 cm³, que podia ser a gasolina ou a etanol.

A versão exportada para Europa e países latinos, abaixo, era equipada com um inédito motor 1.300 cm³ a diesel (45 CV), derivado do motor 1.3 a gasolina. 


Ao todo, foram produzidas 115.986 unidades. Destas, quase a metade (58.413 unidades) foi comercializada no Brasil, e o restante exportado para alguns países da América Latina (Argentina, Chile e Venezuela) e Europa.

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