Em 1981 as lanternas
traseiras do Corcel II receberam filetes pretos, e um friso prata, pintado,
passou a envolver os faróis e a grade do motor. Nesse ano ele ganhou um novo e
forte rival, o VW Voyage, derivado do Gol, que usava o mesmo motor 1.5 do Passat.
A Ford lançou nesse
mesmo ano um outro automóvel de passeio com o pomposo nome “Del Rey” (foto ao lado).
Ele tinha a difícil missão de suceder o imenso Landau (que veio a sair de linha
no começo de 1983). O Del Rey aproveitava do Corcel II a cabine e a metade
dianteira, esta com nova grade cromada com frisos verticais e novos piscas
dianteiros. A metade traseira era inédita, embora inspirada no europeu Granada.
Tinha porta-malas com tampa quase plana e bem destacada, e uma coluna “C”
estreita e bem vertical. O teto reto e esticado proporcionava mais espaço para
as cabeças dos ocupantes do banco traseiro. A cabine tinha um novo painel com
instrumentação completa (rara até nos dias de hoje) e muito luxo nas forrações
e nos detalhes. O Del Rey parecia um novo carro, mas seria mais “coerente” se,
em vez de adotar o pouco potente motor CHT 1.6, recebesse o moderno (e mais
potente) motor 2.3, 4 cilindros, do Maverick (devidamente atualizado). Também
merecia um entreeixos alongado, para acomodar melhor os exigentes e
sofisticados passageiros. Do jeito que veio ao mundo, o Del Rey com motor CHT
1.6 poderia perfeitamente ter sido o Corcel III, com a vantagem adicional de
oferecer 2 e 4 portas. Mas as montadoras sempre pesam o custo/benefício antes
de tomarem suas decisões...
Em 1982 finalmente o
motor 1.4 deixou de ser oferecido para a linha Corcel-Belina II, assim como as
versões Standard, Hobby e GT, permanecendo apenas os mais vendidos L e LDO. O
painel foi ligeiramente redesenhado, e ganhou relógio digital, ar condicionado
e teto solar opcionais. Foram adotadas as suspensões do Del Rey e encostos
vazados de espuma de poliuretano (único ano em que isso ocorreu). Surgiu um
novo e perigoso rival, o Chevrolet Monza (inicialmente na versão hatch 1.6 e
logo com opção 1.8 e carroceria sedan de 2 e 4 portas). A Belina II ganhou uma
rival de peso, a VW Parati – que fez um sucesso estrondoso e foi até carro da
moda.
Abaixo, o Corcel Van
(clique nas fotos para ampliá-las)
O Corcel Van (acima e ao lado)
foi lançado pouco antes da picape Pampa e era produzido a partir de uma Belina
básica.
Os vidros laterais traseiros eram retirados e o espaço fechado com
chapa.
O banco traseiro também era suprimido e o assoalho nivelado, com ripas
de madeira, para movimentação de até 440 Kg de carga.
O mercado nãi recebeu a novidade com entusiasmo, o que explica o fato de que pouco mais de 1000
unidades foram produzidas entre 1982 e 1984.
Abaixo, outro sucesso e
líder de vendas: a picape Pampa
A picape Pampa (acima) fez muito sucesso, e teve até
versão 4x4!
Em 1983 o motor 1.6 foi
tão aperfeiçoado que até recebeu uma nova nomenclatura (CHT – sigla de
"Compund High Turbulence" ou câmara de alta turbulência), e era o
mesmo motor usado no estreante (e bem caro) Escort. Esse motor deu origem a uma
econômica versão 1.3 (62 cv líquidos), usada na linha básica L. Com esse motor
1.3 a velocidade máxima foi reduzida para apenas 143 Km/h, e as aceleração de 0
a 100 Km/h exigiam 20 segundos, mas as marcas de consumo impressionavam a ponto
de o Escort 1.3 ser o carro mais econômico do Brasil, à época. A versão 1.6 a
álcool rendia 73 cv (líquidos) o que permitia uma velocidade máxima de 150 km/h
e aceleração de 0 a 100 Km/h em apenas 16s. Era o melhor motor a álcool, na
época, e o mais econômico. Em 1983 o recém-lançado Escort – que tinha porte
semelhante – era mais bonito e moderno que o Corcel em tudo. Usava os mesmos
motores CHT 1.3 e 1.6, mas instalados na transversal. Graças à melhor
aerodinâmica, era mais veloz e econômico. A Chevrolet deu ao Chevette linhas
mais modernas e semelhantes às do Monza, além de um motor 1.6 mais potente. A
Volkswagen lançou o Santana e a versão perua Quantum, que de certa forma
contribuíram para abalar ainda mais as vendas já descendentes do Corcel II. A
Fiat contra-atacava com o sedan Prêmio e a perua Elba, ambos derivados do Uno.
Os novos e diversos rivais do Corcel e da Belina eram inegavelmente mais
modernos. Foi lançada a Série Especial “Os Campeões”, na cor preta, com
diversos opcionais do LDO, adesivos laterais em dourado, rodas douradas,
relógio digital, conta-giros no painel, painel das portas do LDO, faróis de
neblina e volante 4 raios.
A Belina II deu origem
a uma versão com melhor acabamento e mais itens de conforto, a Scala.
Tinha a
mesma carroceria da Belina e as mesmas 2 portas, mas grade com frisos verticais
(do Del Rey) e lanternas traseiras esticadas na horizontal, com parte delas
fixada na tampa do porta-malas.
Nesse mesmo ano foi lançada a Série Especial “5
ESTRELAS” para o Corcel e a Belina, em uma cor verde metálica exclusiva, faixas
laterais nas cores vermelho e preta, para-choques na cor do carro detalhes como
molduras e fechaduras e maçanetas na cor preta (bagageiro na Belina).
Em 1985, a Belina e
também o Corcel ganharam nova frente inclinada e mais arredondada, nova
grade (com mais lâminas no Corcel e apenas três no Del Rey – estas, pintadas na
cor da carroceria) e faróis em forma de trapézio. E também perderam o sobrenome
"II".
O desenho e instrumentos do painel e o volante ficaram iguais
ao do Del Rey básico de 1984, enquanto o novo Del Rey recebia alterações no
painel.
O banco traseiro do Corcel foi redesenhado de forma a proporcionar mais
espaço e o acabamento geral melhorou muito. Mudanças no carburador e no comando
de válvulas deixaram os carros ainda mais econômicos.
A Belina chegou a
ganhar uma inédita e interessante versão 4x4 (foto ao lado), semelhante à da picape
Pampa.
A opção 4x4 tornava-a única no segmento com tração integral, mas esse
sistema apresentou problemas - como o óleo que caía sobre as rodas (segundo teste
feito pela Revista 4 Rodas da época). Isso afetou a confiança nessa versão, que
deixou de ser oferecida em 1987.
O que Belina nunca ofereceu eram as portas laterais traseiras - item importantíssimo, em se tratando de um veículo voltado para a familia...
Ainda em 1986 foi
lançada a série especial "ASTRO" para o Corcel e a Belina.
O FIM DO CORCEL
O Corcel foi eleito,
pela revista Autoesporte, o “Carro do Ano” de 1969, 1973 e 1979, mas após 28
anos o mercado já não o queria mais, razão pela qual em 21 de julho de 1986
saiu de linha.
Ao todo, foram produzidas 1,4 milhão de unidades deste que foi
um dos maiores sucessos nacionais. Sua herança ficaria para os outros modelos.
Na linha 1987 o Del Rey
deu origem a uma versão despojada (L) – "aquele" que poderia ter sido
o "Corcel III 1981".
A Belina Del Rey (ao
lado) ficou no lugar da Scala.
A picape Pampa também foi produzida por mais
alguns anos (em 1987 chegou a ter uma sofisticada versão ghia). Em 1989 o Del
Rey finalmente ganhou um motor mais adequado, o potente VW AP 1.8 (compartilhado
na curta era Autolatina – união provisória da Ford e Volkswagen no Brasil e
Argentina) e foi produzido até 1991, sendo sucedido pelo sedan Versailles – um
clone do Santana.
A Belina Del Rey também recebeu o motor 1.8 em 1989 e foi
produzida até 1991, sendo substituída pela perua Royale (derivada do
Versailles). Ao todo foram produzidas e vendidas 419.757 Belinas.
A picape Pampa ganhou
uma versão esportiva “1.8 S” em 1991 e só se despediu do mercado em 1996, com
mais de 350 mil unidades comercializadas. Terminava aí a dinastia Corcel,
iniciada em 1968.
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