Nota do redator: Matéria originalmente publicada em 2020 e atualizada.
DEL REY
O sucesso do Corcel II,
lançado 3 anos antes, apressou o fim do Maverick - sedan médio que estreou em
1973 apenas com gastadores motores de 6 e 8 cilindros. O de 6 cilindros nada mais era o velho motor usado no antigo Itamaraty (Willys), com algumas atualizações.
As sucessivas crises mundiais
do petróleo e a "surra" do rival Chevrolet Opala abalaram as vendas do
Maverick, e nem a versão 4 cilindros - lançada tardiamente em 1975 - conseguiu reverter a curva descendente de vendas.
A comercialização de carros grandes e gastadores estagnou em quase todo o mundo (um pouco menos nos países membros da OPEP), e por aqui a linha Ford Landau e a Chrysler/VW com motores V8 se encerrou nos primeiros anos da década de 1980.
Assim, a partir do Corcel II a Ford gerou não um "Corcel III", mas um sedan com a mesma medida de entre-eixos, porta-malas destacado e opção de 2 ou 4 portas.
Em prol da economia, o novo
sedan aproveitava o robusto motor 1.6 do Corcel, que rendia 69 cv e atingia a modesta velocidade máxima
de 137 Km/h. Números nada empolgantes, mas o antigo propulsor oferecia bom
torque na cidade e - o principal - era bem econômico.
Da mesma forma, deveria ter sido equipado com o ainda moderno motor 2.3, 4 cilindros (exportado durante anos), que estreou em 1975, no Maverick, e que também equipou as últimas fornadas da Rural, da picape F75 e do Jeep.
Apesar do espaço
interno acanhado e do motor "com potência apenas suficiente", o Del
Rey cobria o dono de mimos e oferecia um rodar muito suave.
O acabamento esmerado era o
típico da Ford daqueles anos, e havia itens de conforto e conveniência nunca
antes oferecido pela montadora, como rodas de liga-leve, faróis de neblina, cintos
de segurança retráteis, vidros com acionamento elétrico e travas elétricas, por
exemplo.
Uma das marcas registradas do
Del Rey e muito apreciada pelo consumidor era o console no teto, com luzes de
leitura e um charmosos relógio digital com função de cronômetro, envolvidos por
um irresistível mostrador na cor azul. O painel de instrumentos, por sua vez, era completo e
novamente uma referência no segmento.
Naqueles difíceis anos 80 ainda era proibido importar carros de passeio. O crédito era escasso, a inflação alta e ascendente e a indústria automobilística pouco investia no país. Contra tudo e contra todos o Del Rey foi um carro muito bem sucedido.
A opção de 2 portas parecia destoar do segmento, em se tratando em um carro de luxo e normalmente o dono senta no banco de trás... mas o brasileiro tinha o estranho hábito de preferir carros com essa configuração. Tanto que foi a mais vendida.
Já a versão 4 portas facilitava o acesso ao banco de trás, mas
parecia mais "careta" e talvez deixasse ainda mais evidente que o espaço na traseira da cabine era menos generoso que o desejado.
O câmbio automático foi um interessante opcional disponibilizado a partir de 1983. Nesse ano foi lançada a perua Scala Del Rey - uma Belina com o mesmo acabamento e conforto do sedan Del Rey, mas apenas com 2 portas. Mas ela não convenceu o mercado que apresentava novidades e ficava cada vez mais exigente.
Em 1984 a Ford estreou o motor CHT 1.6, evolução do anterior e estendido ao recém-lançado Escort.
A linha Del Rey para 1986 teve
um providencial "face lift" (novos faróis/piscas, grade do motor
passou a ser horizontal e na cor da carroceria, lanternas traseiras caneladas e
outros aperfeiçoamentos). A direção hidráulica passou a ser item de
série.
No fim dos anos 80, a fusão da
Ford e da Volkswagen na malsucedida AUTOLATINA, permitiu ao Del Rey receber um
motor à altura, o conhecido AP 1.8 (95 cv) da Volkswagen, que deu a desejada agilidade ao sedan, sem consumir muito mais.
O lançamento do Verona e do
Apollo (versões sedan do Escort) decretaram o fim da linha Del Rey já em 1991,
após 350.000 unidades produzidas.
VERSÕES ARTESANAIS
Na década em que o Del Rey
esteve presente no mercado, não faltaram opções artesanais que davam ainda mais
exclusividade ao veículo.
A versão conversível era mesmo
"de virar a cabeça". Deixava o carro muito esportivo e, ao mesmo
tempo, elegante... desde que não se levantasse a capota de nylon.
A Santo Amaro, a Engerauto e a Souza Ramos produziram essa versão, sob encomenda, até hoje
atraente.
LIMOUSINE DEL REY