quinta-feira, 6 de agosto de 2020

A HISTÓRIA DO DODGE 1800/POLARA - 1973 A 1983 (Parte 1)

No rastro de duas outras grandes montadoras norte-americanas (Ford e General Motors), a Chrysler chegou ao Brasil mediante o controle acionário da Simca do Brasil, em 1967. Antes de lançar seus próprios produtos – e de certa forma ganhando tempo até conhecer melhor as peculiaridades de nosso mercado “nacional” (à época, com tenros 11 anos) – a Chrysler manteve em linha apenas os recém-lançados Regente e Esplanada, ambos derivados do Chambord. Entretanto, só colocou sua logomarca neles depois de exaustivos testes efetuados na matriz e com a adoção de inúmeros melhoramentos de ordem mecânica e, também, estética.

Somente no fim de 1969 foi lançado um “legítimo Chrysler”: o Dodge Dart Sedan com motor 318 V8 de 198 cavalos de potência (fabricado aqui, era o mesmo já usado nos caminhões da marca). O câmbio mecânico tinha 3 marchas, e a alavanca ficava na coluna, razão pela qual podia transportar 6 pessoas com folga. O carrão era moderno e menos “pesadão” que o Galaxie, da rival Ford.

Consolidado o sucesso do Dart, a marca preparou o lançamento de um carro pequeno-médio, para disputar mercado com o Ford Corcel, o VW TL e de olho nos novos lançamentos como o Chevrolet Chevette e o VW Brasília.

Como um projeto exclusivamente brasileiro custaria caro demais – e não havia tempo a perder – a escolha recaiu sobre o inglês Hillman Avenger, do grupo Rootes na Inglaterra. O carrinho era moderno, com dimensões entre o Corcel e o Opala. A mecânica tinha a clássica disposição “motor dianteiro e tração traseira”, o que facilitava sua reprodução por aqui. Não custa lembrar que desde 1971 esse mesmo carro era produzido na vizinha Argentina, com o nome Dodge 1500 e 4 portas, sendo praticamente um clone do modelo inglês. A Chrysler do Brasil usou alguns modelos argentinos para testes de consumo e de desempenho, e nele efetuou diversas adaptações para suportar melhor as difíceis condições brasileiras. Como a nossa péssima gasolina tinha baixa octanagem, para melhor rendimento a cilindrada aumentou de 1500 para 1800cc.

Assim, em tempo recorde, o Dodginho nacional (Dodge 1800) deu as caras no VIII Salão do Automóvel em dezembro de 1972 - foto abaixo. O modelo foi lançado oficialmente em 2 de abril de 1973.

A exemplo do que a Fiat iria apregoar ao seu pequeno 147 (em 1976), a Chrysler dizia que “o 1800 era maior por fora do que por dentro”. Inicialmente foi oferecido nas versões L e GL e com motor 4 cilindros de 1800cc, com bloco e cabeçote de ferro fundido, relativamente moderno (“superquadrado” com 5 mancais, válvulas na cabeça com comando por corrente). O câmbio mecânico tinha 4 marchas e a alavanca era no assoalho. A dianteira se destacava pelos 4 faróis redondos e a grade horizontal quadriculada que os envolvia. Na traseira lanternas simples que chegavam até as extremidades e com friso horizontal no meio. A elegante carroceria fastback tinha apenas 2 portas, 4,09m de comprimento e porta-malas espaçoso (298 litros). A cabine era bem mais acolhedora que a do Chevette, mas o acabamento não era dos melhores. Seu ponto forte estava na segurança: tinha carroceria com área de deformação frontal, coluna de direção retrátil, retrovisor interno colado no pára-brisa, painel construído com materiais macios e sem elementos protuberantes e trincos de porta e maçanetas embutidos. A ventilação interna era deficiente porque as grelhas localizadas nas janelas traseiras eram meramente decorativas, não se comunicando com o interior do carro (economia de projeto). O carburador Solex 32, de corpo simples, vertical e de fluxo descendente extraía do motor apenas 78 hp de potência. A velocidade máxima era de modestos 140 km/h, indo de 0 a 100 km/h em eternos 20 segundos. O único opcional da versão “GL” era o teto de vinil. Ao contrário da versão básica, a GL oferecia bancos forrados em Jérsey, bolsa nas portas e porta-luvas embutido. Eram constantes as queixas de proprietários com relação a panes elétricas e ao câmbio.


A Revista 4 Rodas, em seu teste de 30.000 km (acima) constatou que o Dodge 1800 tinha um dos piores desempenhos dentre os carros já avaliados por ela. Foram mais de 70 defeitos em dez meses de uso, sendo 14 antes dos 1.500 km e alguns graves, como a quebra da alavanca do câmbio (4 vezes) e a abertura do capô em alta velocidade (também 4 vezes).  

Além de problemas de vibração, vedação e sistema elétrico, a suspensão e a direção foram criticadas. O péssimo serviço prestado pela incompetente rede de oficinas autorizadas e a costumeira falta de peças foi acompanhado, posteriormente, de outro grave problema: a ferrugem. Ainda assim, foram vendidas 15.399 unidades, pois o carrinho oferecia bom espaço interno, amplo porta-malas, boa estabilidade e visual agradável, e era uma irresistível novidade trazida por uma grande montadora norteamericana.

A EVOLUÇÃO DAS LINHAS ATÉ 1981

Abaixo, as diversas grades, faróis e para-choques

Abaixo, as diversas lanternas traseiras, frisos e para-choques

Abaixo, detalhes que faziam a diferença

Abaixo, os diversos volantes, painéis e instrumentos

Abaixo, os diversos bancos e coloridos interiores

Continua...

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