quarta-feira, 29 de abril de 2020

LINHA FORD CORCEL (E HERDEIROS) - Parte 3

Os novos Corcel-Belina, lançados no fim de 1977 como modelo 1978 eram totalmente diferentes e pareciam ter aproveitado apenas os nomes, acrescidos do “II”. 
Por incrível que pareça, tinham o mesmo comprimento da primeira geração, mas ofereciam mais espaço interno e no porta-malas graças às linhas mais “volumosas”. 
Os amplos faróis, agora retangulares e envolventes com piscas acoplados, estavam em sintonia com o design da época. 
A grade possuía um inédito desenho aerodinâmico das lâminas, em que a entrada de ar era mais intensa em baixas velocidades que em altas. 
Apenas em 1978 a lente dos piscas dianteiros teve a cor laranja. 
A traseira do Corcel II tinha caimento suave e amplas lanternas retangulares, que agora eram envolventes e mais elegantes (lisas somente em 1978). A lista de itens de segurança incluía pneus radiais, para-brisa laminado e coluna de direção retrátil. 

A perua Belina II ganhou traseira mais larga e quadrada, com pequenas lanternas nas extremidades. 
Sua grande área envidraçada permitia ótima visibilidade e o amplo porta-malas chegava a 768 litros (até o teto), apenas 6 litros menos que o da rival Chevrolet Caravan. A Belina II superava, neste quesito, a Fiat Panorama, o Chevrolet Marajó e o VW Variant II, recém lançado e que mais se assemelhava a uma "Brasília esticada". Interessante é que todas essas peruas eram oferecidas apenas com 2 portas! 
Toda a cabine foi remodelada, ficando mais moderna e aconchegante, oferecendo mais espaço para todos. 
Para favorecer o acesso ao banco traseiro, a única porta de acesso lateral ficou enorme e pesada, dificultando a entrada e saída das pessoas em vagas apertadas. A porta era tão comprida que o cinzeiro para os passageiros do banco de trás ficava embutido nela! 
A alavanca do freio de estacionamento finalmente ficou entre os bancos dianteiros, saindo da parte de baixo do painel. 
A ventilação dinâmica, de grande vazão, dispensava a ventilação forçada.
Mas a Ford “comeu mosca” ao não oferecer uma versão 4 portas do Corcel II e, principalmente, da Belina II (vide protótipo e projeção abaixo):

O Corcel II GT (abaixo) ficou meio espalhafatoso com a carroceria em dois tons, separados por um filete vermelho. A parte de cima, preta, contrastava com a parte de baixo. Mas a ideia não agradou, e logo a parte preta ficou restrita à parte inferior da carroceria.

A Chevrolet Caravan inovava ao oferecer uma versão SS, meio sem sentido em se tratando de um carro familiar, mas que roubava mais alguns possíveis clientes da Belina II.   
O motor 1.4 teve a potência reduzida para 72 cv. Inadequado para os novos modelos, mais pesados, prejudicou o desempenho (agora, de 0 a 100 km/h eram gastos eternos 21 segundos) e a velocidade máxima caiu para 135 km/h, dificultando as ultrapassagens. Ao menos, era econômico e isso fazia a diferença naqueles anos de crise do petróleo e gasolina cara e escassa.
Os novos rivais do Corcel e Belina II eram os VW Passat e Variant II, os Chevrolet Opala, Caravan e Chevette, o Dodge Polara e até mesmo a linha Fiat 147. Mesmo assim o Corcel e Belina II fizeram um tremendo sucesso e marcaram época!  A tal ponto que ainda em 1977, quando o Corcel II (modelo 1978) foi lançado, a concessionária Caltabiano Veículos S/A (SP) super-produziu um Corcel II e lhe deu o nome “Assinado” (abaixo):
Esse "Corcel II Assinado" (ao lado)  trazia diversos itens de série, alguns raríssimos como o teto solar.
Akém deste havia um curioso limpador do vidro traseiro(!).
Não poderiam faltar itens como ar condicionado de painel (será que o motor dava conta?), vidros elétricos, relógio, vidros ray-ban com para-brisa degradê, volante esportivo, bancos forrados com couro e com encosto de cabeça.
As rodas eram especiais e calçadas com pneus radiais.
Além desses itens, o Corcel II Assinado vinha equipado com Rádio AM-FM com toca-fitas, quatro alto-falantes, faróis de milha e lanterna traseiras de neblina. 
A pintura também era especial. 
Devia custar uma fortuna! 
Se alguma unidade sobreviveu até os dias de hoje, é uma verdadeira "mosca branca".




A linha 1979 passou a oferecer um valioso opcional: o motor 1.6 (1555 cm³), ainda com câmbio de 4 marchas, mas com relação do diferencial mais longa e 90 cv. Os carros passaram a andar um pouco mais rápido, gastando 17s para ir de 0 a 100 Km/h. A velocidade máxima aumentou para 148 km/h, com menor consumo em algumas situações. Se em 1978 as lanternas traseiras do corcel II eram lisa, agora ficaram “caneladas”.

A versão esportiva GT recebeu retoques na decoração externa:

Foi lançada uma versão de apelo jovem, a Hobby (abaixo), com frisos pintados de preto e estofamento com padrões mais joviais. Era uma proposta esportiva "descolada" e mais barata:
 
Para toda a linha os piscas dianteiros ficaram transparentes (apenas as lâmpadas na cor laranja), e foi adotado um defletor sob a saia dianteira para melhorar a aerodinâmica. 
O sucesso do Corcel II contribuiu para despejar a última pá de cal no irmão maior, o Maverick, que saiu de linha nesse ano.

Em 1980, os para-choques ganharam polainas plásticas (essa “moda” estava presente nos VW Brasília, Variant II, Passat, no Dodge Polara e outros). A linha Opala foi reestilizada e modernizada, assim como o VW Passat e o Dodge Polara receberam aperfeiçoamentos de ordem mecânica e estética.
O sucesso da linha Corcel obrigou os concorrentes a se mexerem e ficarem mais bem preparados...

Continua...

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