sábado, 1 de fevereiro de 2020

SIMCA DO BRASIL - PARTE 2

ESPLANADA/REGENTE
Mas duas outras novidades da Simca no Salão do Automóvel de 1966 agradaram em cheio ao público: o ESPLANADA e o REGENTE – ambos derivados do CHAMBORD, e que o sucederam.
O sedan ESPLANADA era a versão mais luxuosa: tinha cromados e acabamento mais apurado, meio teto de vinil (opcional), câmbio 6-M, vidros verdes, madeira no painel de instrumentos, volante revestido de couro etc. 
O modelo REGENTE era, portanto, a versão básica (despojada).
A nova dupla ESPLANADA/REGENTE aproveitava do CHAMBORD as seguintes partes: cabine, portas, calotas, painel/volante e o conjunto mecânico, mas a dianteira e a traseira foram totalmente redesenhadas. 
Os grandes faróis, de formato circular, eram envolvidos por uma grossa moldura cromada em forma de hexágono, com lente de vidro e o pisca horizontal na parte superior. A grade do motor, toda cromada, era composta por frisos finos que avançavam até a extremidade, por baixo dos faróis. As lanterna traseiras eram verticais e bem delgadas, também envolvidas por uma moldura (cromada no ESPLANADA e pintada, no REGENTE).
A cirurgia foi tão profunda que à primeira vista pareciam dois carros totalmente novos, mas as linhas não eram harmoniosas. A frente e a traseira foram encurtadas em relação ao velho Chambord, o que provocou um desequilíbrio de proporções. 
Os pára-lamas dianteiros, por exemplo, quando vistos de lado, davam a impressão de terem sido abalroados e de terem “engordado” um pouco...
Interessante era o meio-teto de vinil “Las Vegas“, mas que não emplacou (mais tarde esse recurso estilístico foi empregado, com sucesso, no Ford Maverick, no Chevrolet Opala e, também, no Dodge Magnum).

Com o fim da produção da perua Jangada, cogitou-se construir uma ESPLANADA WAGON (simulação abaixo) que aproveitaria o novo teto da Jangada e o terceiro banco traseiro escamoteável, mas o projeto nunca foi concretizado. 
 
Confira, abaixo, como teria sido interessante a perua Esplanada:

Em novembro de 1966 a Chrysler Corporation assumiu o controle acionário da Simca do Brasil, mas num primeiro momento hesitou em usar sua logomarca em produtos tão defasados. 
Só que a dupla ESPLANADA/REGENTE tinha virtudes: boa estabilidade, suspensão eficiente (que proporcionava um rodar suave e estável) e bons freios, além de um estilo ainda atual.
Por estes motivos, a Chrysler decidiu enviar uma unidade de cada modelo para a matriz, nos Estados Unidos, que determinou 53 modificações. 
Infelizmente a Chrysler não conseguiu resolver todos os problemas (a embreagem teimava em patinar e o diferencial continuava roncando), mas o carro ganhou a credibilidade que a marca Simca carecia.
1967 – Em fevereiro desse ano a Chrysler paralisou a produção dos veteranos CHAMBORD e JANGADA.
Em março os primeiros funcionários da matriz chegaram ao Brasil e a Simca do Brasil passou a se chamar Chrysler do Brasil S/A Indústria e Comércio.
Em agosto o ESPLANADA e o REGENTE receberam a plaqueta “Fabricado pela Chrysler”. 
Em setembro o norte-americano Victor G. Pike assumiu a presidência da montadora, no Brasil, e sua primeira medida teria sido mandar LAVAR o chão da fábrica, o que paralisou 3 dias de produção.
Dos 1.700 funcionários remanescentes, 500 foram despedidos. O único setor que ganhou mais funcionários foi o da... faxina! Mesmo com o corte de pessoal, três meses depois a produção aumentou de 18 para 20 unidades/dia.
A Chrysler investiu muito nos dois modelos, chegando até a fazer merchandising no filme “Roberto Carlos em ritmo de aventura” - Fotos abaixo:
 
 
 
 
Para surpresa do mercado, no VI Salão do Automóvel de 1967 a dupla Esplanada e Regente modelo 1968 foi reestilizada, ganhando 4 faróis redondos e posicionados na vertical (a exemplo do Ford Gálaxie – novo concorrente). A grade do motor também foi modificada e ficou mais encorpada. 
O volante (até então o mesmo do Simca 1959) foi trocado por outro menor e mais moderno, enquanto o painel recebeu cobertura estofada e novos instrumentos, redondos, herdados da descontinuada linha DKW.
A sobre-marcha 6-M deixou de ser oferecida e os motores foram padronizados e unificados no Emi-Sul básico, de 2.400 cc e 130 cavalos.
A garantia original - de 1 ano ou 20.000 Km - passou para 2 anos ou 36.000 Km. 
 
Abaixo, as diversas dianteiras, traseiras e interiores do Esplanada, Regente e GTX:

ESPORTIVO GTX
Também foi exibido no Salão uma nova versão esportiva, denominada GTX, com câmbio de 4 marchas e alavanca no assoalho, console com relógio e cinzeiro, bancos dianteiros individuais, volante Walrod, rádio e conta-giros.
Externamente, o destaque eram as belas rodas cromadas calçadas com pneus radiais.
A grade do motor era parcialmente pintada de preto.
Havia faixas laterais na cor preta e outros truques que rebaixavam o carro, visualmente.
Opcionalmente eram oferecidos faróis auxiliares, teto de vinil, duas falsas entradas de ar no capô, espelhos retrovisores externos montados nos pára-lamas e cintos de segurança no banco traseiro. Era um esportivo bastante interessante; pena que chegou tão tarde...
 
1968 – No Salão do Automóvel de 1968 a Chevrolet apresentou ao mercado o OPALA, o que provocou um “terremoto” no segmento de sedan médios, deixando evidente a defasagem tecnológica dos demais concorrentes (FNM 2150, AERO WILLYS 2600/ITAMARATY e ESPLANADA/REGENTE), que por sua vez foram projetados na década de 50... 
O ESPLANADA modelo 1969 ganhou pintura metálica e bancos dianteiros individuais e câmbio de 4 marchas no assoalho (opcionais), ficando as cores sólidas para o REGENTE.
1969 – O encerramento da produção do Esplanada, Regente e GTX não ocorreu de maneira abrupta; na verdade, seguiu um bem estruturado cronograma de encerramento da produção de um produto “velho” e do início de produção de um novo veículo, com novos maquinários em novo layout da fábrica. 
O Dodge Dart foi lançado em novembro, encerrando a história dos modelos da Simca no Brasil. 
Baseado no modelo americano do ano anterior, o Dodge Dart brasileiro foi lançado em outubro de 1969, em substituição aos Esplanada, Regente e GTX, inicialmente na versão quatro portas, com motor V8 de 5.212cm3 e 198 CV, criando uma nova faixa de mercado localizada entre o Gálaxie, o Itamaraty e o Opala 3800.

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